23/05/2018

Precisamos de Líderes e não Chefes na Educação Pública

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Dê poder ao homem e realmente descobrirá quem realmente ele é, foi uma das máximas de Maquiavél, esta fala retrata bem a realidade da sociedade.

            Muitas pessoas mudam a forma de pensar e de agir depois que sente este poder em suas mãos, o que no caso das escolas, este poder está nas canetas e nas falas de muitos gestores e secretários.

A situação da educação pública fica cada vez mais distante de se equacionar, como se já não bastasse a falta de infraestrutura em algumas escolas, a falta de valorização do profissional em educação e seu o descaso, muitos municípios e capitais enfrentam verdadeiros ditadores como secretários.

A educação é uma área que necessita diálogo e não certas imposições fazendo-se prevalecer o ego de quem está ocupando posição nem sempre meritocrática.

Existe uma máxima na administração e muito usada por Mário Sérgio Cortella que é "elogie em público e corrija em particular. Um sábio orienta sem ofender, e ensina sem humilhar", e infelizmente, alguns gestores e/ou educadores faltaram a escola da vida quando precisarem aprender a importância em ser líder e não chefe.

Por isso que defendo as falas acima em um de meus livros publicado pela WAK, intitulado Gestão Pedagógica, gerindo escolas para cidadania crítica.

Outra situação inconcebível na educação são os aproveitadores de plantão que por simples incompetência, se incubem em bajular, ou popularmente falando “puxar o saco”, que segundo alguns dicionários é o mesmo que indivíduo untuoso, geralmente com interesses escusos, que no caso, é muito escuso, passando por cima de tudo e todos para alcançar o seu objetivo que não é fazer nada pela educação, e sustentar um título oferecido, entretanto que não depende de sua capacidade, pois isso é o que mais falta nos bajuladores.

            Situações assim criam rebeldes prontos para uma desobediência civil, e como Ricardo Flores Magón disse, não são os rebeldes que criam os problemas, são os problemas que criam os rebeldes, pois estes não aceitam submissão de gente incompetente que quer fazer valer a sua vontade sem qualquer respaldo para o coletivo ou educação em si. Para muitos é apenas uma questão de vaidade e narcisismo.

            Goleman em seu livro Inteligência Emocional, publicado pela Objetiva Ltda em 1995 esclarece que a arte de se relacionar é, em grade parte, uma aptidão em lidar com as emoções dos outros, e isso é forçado com a popularidade, liderança e eficiência interpessoal, coisas que não se encontram em chefes que gostam de fazer valer a ferro e fogo a sua vontade.

            O autor ainda reforça que liderar não é dominar, mas convencer as pessoas a trabalharem em vista de um bem comum, que em nosso caso é a educação de qualidade.

            Harvey no seu livro Condições Pós-Moderna : Uma Pesquisa sobre as Origens da Mudança Cultural, publicado pela Loyola em 2000 esclarece que verdadeiros líderes devem abrir mão do comando autoritário para a liderança participativa, e isso tudo deve ser fruto de uma mudança cultural.

            Interessante é observar de acordo com Hunter no livro O Monge e o Executivo publicado pela sextante em 2004, que você não gerencia pessoas, você gerencia coisas ou até a si mesmo. Pessoas você lidera. Para o autor, quando você impõe algo de acordo com seu status, você só está fazendo uso de um poder que lhe foi concedido, pois poder, é "a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer" e para isso não precisa de autoridade, pois autoridade é " levar as pessoas a fazerem de boa vontade que você deseja porque você pediu que fizessem", e muitos secretários e gestores tem poder e não autoridade.

            Para o autor,

diferenciar poder de autoridade é lembrar que o poder pode ser vendido e comprado, dado e tomado. As pessoas podem ser colocadas em cargos de poder porque são parentes ou amigas de alguém, porque herdaram dinheiro ou poder. Isto nunca acontece com autoridade. A autoridade não pode ser comprada nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito a quem você é como pessoa, a seu caráter e à influência que estabelece sobre as pessoas (HUNTER: 2004, p. 27).

            Assim sendo, o líder constrói relacionamentos e paralelamente vai executando tarefas.

            Que não façamos da educação pública uma seara difícil de lidar, como se já não bastasse as dificuldades impostas pelo próprio sistema, não precisamos lidar com sujeitos untuosos e tampouco com chefes arrogantes. Estamos todos buscando o melhor para nossos alunos, desta forma, deixemos de lado as vaidades e sejamos mais profissionais.

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