29/07/2016

Preparando currículos de saúde para o futuro

Gestores e docentes da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais participam do processo de mudança dos currículos da Instituição

Carolina Fraga

Uma mesa de café, um projetor, algumas cadeiras organizadas em grupos e alguém passando entre elas, ouvindo as dúvidas, sugerindo aqui e ali novas ideias. Poderia ser um dia comum na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, uma das mais bem avaliadas do país na área de saúde, se não fosse o perfil de quem participava das discussões. Sentados, debatendo conceitos sobre educação e administração de universidades, estavam os gestores da Instituição e os representantes dos Núcleos Docentes Estruturantes, em um entusiasmo típico dos seus próprios alunos. Em oficinas realizadas pela Carta Consulta, empresa de pesquisa e assessoria para universidades, e encabeçadas por dois especialistas na área, os professores Rosa Malena Delbone e Wille Muriel, o grupo tem se preparado para mudanças. Mas, o que leva uma Instituição prestigiada como a Ciências Médicas de Minas Gerais a se capacitar para reestruturar seus currículos? As exigências da legislação poderiam ser a resposta mais fácil, mas, além dela, muitas outras questões têm levado as IES a um ciclo de educar-se para transformar a educação. Nesta entrevista, a Coordenadora do Núcleo de Ensino da Ciências Médicas, Jaqueline Marques Lara Barata, conta como a Faculdade tem vivido as mudanças características da educação médica nos nossos tempos e fala sobre a importância de envolver os professores nestes processos:  “um projeto pedagógico de curso que ultrapasse a fronteira do que está posto na escrita só se faz se houver comprometimento de todos os sujeitos envolvidos e este envolvimento deve iniciar na construção do projeto e não apenas na implementação”.

GU: Como a Faculdade Ciências Médicas de  Minas Gerais encara os desafios para o ensino na área de saúde no século XXI?

Acreditamos que são muitas as transformações e que a rapidez com que elas ocorrem já são o primeiro desafio. Neste sentido, entendemos que precisamos ter um currículo dinâmico, que não perca de vista as incorporações tecnológicas e de processos, mas que mantenha foco contínuo numa formação integral, que prepare o indivíduo não apenas para o agir técnico, mas para ser capaz de se transformar e de transformar o seu entorno. Esta formação integral deve incorporar o desenvolvimento de competências cognitivas, atitudinais e procedimentais capazes de atender as demandas de saúde da população, constituindo-se como uma formação de relevância social. Assim, a compreensão ampliada do conceito de saúde deve nortear a formação, bem como o uso de metodologias ativas de ensino aprendizagem, que desperte nos estudantes a capacidade crítico reflexiva. Esta formação exige uma capacitação docente contínua que instrumentalize os professores para um agir contextualizado ao novo cenário.

GU: A Faculdade está preparando a sua equipe para uma mudança nos currículos de seus cursos de graduação. Por que esta mudança será feita?

Não apenas para atender as exigências referentes a legislação educacional, mas para incorporar as transformações, entre elas a construção de um Centro de Simulação realística na instituição, que se apresentará como um novo cenário de aprendizagem, integrado aos mais avançados processos de simulação das práticas de saúde, em ambiente seguro de aprendizagem e orientado por uma metodologia que estimule o raciocínio crítico para a tomada de decisão, incorporando também as competências atitudinais necessárias ao mundo do trabalho: trabalho em equipe, comunicação efetiva, entre outras.

GU: Quais são os propósitos dos novos currículos?

Formação integral de qualidade, através do desenvolvimento de competências específicas a cada um dos cursos da instituição, mas numa perspectiva de integralidade e de inserção interdisciplinar, presente tanto em núcleos comuns de disciplinas, quanto nas várias experiências curriculares de pesquisa e extensão.

A integração curricular intercursos se coloca como uma perspectiva formadora inovadora, à medida que entendemos que o trabalho em saúde guarda a característica de ser coletivo, complexo e vivo em ato e, portanto, a formação deve proporcionar esta aprendizagem.

GU: Qual será a participação da equipe na construção dos novos currículos?

Um PPC que ultrapasse a fronteira do que está posto na escrita só se faz se houver comprometimento de todos os sujeitos envolvidos e este envolvimento deve iniciar na construção do projeto e não apenas na implementação. Assim, envolvemos não apenas os coordenadores, NDEs e colegiados, mas o corpo docente, discente e de colaboradores administrativos da instituição. Além de um canal aberto com profissionais das instituições parceiras que também trazem a visão do mundo do trabalho de forma a contribuir para um perfil de egresso sintonizado com as demandas sociais. A construção coletiva legitima os PPCs e torna todos corresponsáveis pela efetivação e sucesso.

GU: Na última semana, a Carta Consulta ministrou oficinas de capacitação para os Gestores e para os Núcleos Docentes Estruturantes da Faculdade. Como está sendo a receptividade dos docentes às mudanças?

 A capacitação realizada, com temas relevantes, como desenvolvimento de equipes de alta performance, características do ensino em saúde, além do alinhamento conceitual sobre aspectos legislativos e de atribuições das diversas esferas reguladoras ajudou a integrar a equipe e direcioná-la a um objetivo comum, fazendo com que todos se sintam valorizados e preparados para contribuir. Todos devem conhecer como cada setor envolvido pode potencializar a ação formadora.

 

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