Principais Tipos de Lesões Nos Corredores Amadores de Rua
CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO
CARLOS BEZERRA DA SILVA
DANIEL LACERDA BISSOLI
FERNANDO DA SILVA PEREIRA
JOSÉ CARLOS DOS SANTOS
JUVENAL RODRIGUES BARRETO
LUCAS BALDONI RESENDE
PRINCIPAIS TIPOS DE LESÕES NOS CORREDORES
AMADORES DE RUA
São Paulo
2018
PRINCIPAIS TIPOS DE LESÕES NOS CORREDORES
AMADORES DE RUA
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharelado em Educação Física sob a orientação da Prof. Esp. Ana Carolina Siqueira Zuntini.
São Paulo
2018
INTRODUÇÃO
Sempre quando estudamos sobre algum assunto devemos saber seus conceitos e definições. Partindo disto começaremos com uma definição funcional de lesão que é o dano causado por trauma físico, sofrido pelos tecidos do corpo. Lesão pode ser definida como todo acidente que impede o treinamento ou a prática da atividade esportiva por pelo menos um dia e requer atenção médica especializada (LEADBETTER, 2001).
A corrida de rua é uma das modalidades mais praticadas, atualmente. Fala-se em 4 (quatro) milhões de pessoas. Por tratar-se de uma atividade que pode ser feita em qualquer lugar, muitos praticantes correm sem orientação profissional o que pode resultar em lesões. A prática de exercícios regulares não indicada somente para adultos, programas atléticos juvenis, além de desenvolverem uma boa forma física e habilidades motoras gerais, oferecem oportunidades para melhorar a autoestima, adquirir habilidades de liderança e autodisciplina, sendo a socialização outro fator importante de benefício, mas esta participação não está livre do risco de lesão (DI FIORI, 1999).
Dependendo da atividade física praticada e a intensidade aplicada, um grande número de lesões que acometem o sistema musculoesquelético poderá surgir. É provável que crianças e jovens que praticam treinamento intensivo e que disputam competições com frequência, possam sofrer consequências, por lesão aguda ou lesão por repetição precocemente (BARBANTI, 1994).
O conhecimento das possíveis lesões pertinentes aos atletas que praticam este esporte pode ser útil, na medida em que auxiliará na prevenção de lesões com base na prescrição do treinamento. Chiappa (2001) reforça esta ideia, dizendo que para diminuir o número de lesões é importante conhecer tanto o tipo como a incidência das mesmas.
Hreljac (2000), todas as lesões por overuse são erros de treinamento, pois o atleta deve ter excedido seu limite de distância percorrida e/ou intensidade. E que as forças que são repetidamente aplicadas ao corpo abaixo do limite de resistência e em tempo de recuperação adequado podem levar ao remodelamento positivo de uma estrutura. Por outro lado, se houver insuficiência no tempo de descanso entre as forças aplicadas podem resultar uma lesão de esforço.
O exercício físico é usualmente associado ao bem-estar dos seus praticantes, dentre as suas diversas manifestações, a corrida apresenta-se com uma das modalidades com grande número de adeptos, tanto pela facilidade em sua prática, como pelos benefícios para a saúde e o baixo custo. Por essas e outras razões, a corrida de rua tem se tornado popular, no entanto, os indivíduos que a praticam, seja no âmbito competitivo ou recreativo, estão expostos aos eventuais riscos associados (DI FIORI, 1999).
Conforme Bennell (1996), a realização de exercícios de maneira exaustiva, sem orientação ou de forma inadequada, pode contribuir para o aumento do número de lesões esportivas (LE) e estas estão associadas a fatores intrínsecos e extrínsecos. Dentre os fatores intrínsecos destacam-se a idade, o gênero, a experiência, aptidão, além de outros aspectos. Os fatores extrínsecos são o treinamento, o tipo de atividade e as condições climáticas, calçados, solo, entre outras.
Para Peterson (2001) podemos classificar as lesões em duas categorias básicas: lesões traumáticas agudas e síndromes por uso excessivo. De acordo com a sua gravidade, podem ser classificadas como do tipo I ou leve, do tipo II ou moderada e do tipo III ou grave. A do tipo I mantém o atleta afastado por até sete dias da prática esportiva; lesão do tipo II ou moderada afasta o atleta de sete a trinta dias e a lesão do tipo III ou grave mantém o atleta fora de treinos e jogos por no mínimo trinta dias (LYSENS et al. 1995).
Peterson (2001) reforça que lesões traumáticas agudas são responsáveis, principalmente, pela maior parte das pesquisas na área de medicina esportiva, por serem fáceis de identificar e por terem causa e gravidade óbvias. Podem ser provocadas por acontecimentos súbitos, de causa e efeitos imediatos, como dor com desenvolvimento de inchaço, podendo também ocorrer edema, escoriações ou até mesmo uma ferida.
Para Grisogono (1989), as lesões agudas podem ser de causa extrínseca, ou seja, devido a uma causa externa como um golpe direto, uma torção brusca (quando se muda de direção) ou uma queda; ou de causa intrínseca, sem uma causa óbvia, como estiramento súbito de uma musculatura ou ruptura de um tendão. A lesão ocorre como resultado de uma soma de diversos fatores numa determinada ocasião.
É difícil estabelecer a linha divisória entre causa e efeito devido à multiplicidade de fatores interagindo em cada atleta. Esses fatores incluem o tipo de esporte em que o atleta participa o nível competitivo, o equipamento utilizado, a experiência, as técnicas do treinador e as condições de competição. Estas variáveis interagem com as características físicas do atleta e traços de personalidade que, por sua vez, também determinam o desempenho do indivíduo (JACKSON, 1978).
Com base nisso, podemos dividir os fatores de risco para lesão em duas categorias (LYSENS, 1995): Fatores de risco extrínsecos: relacionados com o tipo de atividade esportiva, o modo de praticar o esporte, as condições ambientais, o equipamento utilizado; tem relação, portanto, com a exposição, tipo de esporte, nível de competição, treinamento, ambiente (tipo e condição do tempo, hora do dia, época da temporada) e equipamentos (equipamentos protetores e calçados).
Fatores de risco intrínsecos: mais relacionados às características físicas individuais e aos traços psicológicos, portanto, com as características físicas (idade, gênero, somatotipo, lesão anterior, aptidão física, mobilidade articular, rigidez muscular, frouxidão ligamentosa, mau alinhamento das extremidades inferiores) e características psicológicas e psico-sociais.
Segundo Fredericson (2007), os corredores de longa distância têm um dos maiores fatores de risco associados à lesão, assim como qualquer aumento súbito de quilometragem, ou na alteração no volume de treino ou intensidade. Sendo o treinamento um fator de risco modificável, corredores não devem ultrapassar 64km. (sessenta e quatro quilômetros por semana).
OBJETIVO GERAL
Partindo desse pressuposto, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento das principais lesões musculoesqueléticas em corredores de rua através de pesquisas de campo.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Visa-se, por meio desse estudo, investigar as lesões mais frequentes em praticantes de corrida de rua no que tange à discussão presente na literatura, além de discutir a respeito das causas dessa ocorrência de lesões relacionadas à prática dessa modalidade, assim por meio de uma pesquisa de caráter quantitativa através de formulários.
METODOLOGIA
Para a construção desse trabalho foi realizada uma pesquisa de campo baseada em formulários constando de 67 atletas e não atletas sendo 35 do gênero masculino e 32 do gênero feminino, com a faixa etária de 18 a 61 anos, com media de idade de 24,13 anos, cadastrados e não cadastrados na Associação de Corredores de Rua e residente no município de São Paulo SP. Assim por meio de um formulário de perguntas e respostas nossa pesquisa quantitativa constatou a presença das principais lesões no mundo das corridas de rua, com relevância maior de lesões no joelho.
Os dados apresentados no presente estudo apontam que a incidência e prevalência de lesões em atletas amadores foram de 16% dos participantes, que revelaram terem se lesionado. A região do corpo mais atingida foi o joelho com 6% das lesões. Esse fato pode ser justificado devido aos participantes não serem corredores profissionais e também por terem até dois anos na prática de corrida de rua que se considera inexperientes (DI FIORI, 1999).
RESULTADOS
Foram analisados 67 corredores preencheram um formulário contendo questões sobre dados pessoais, histórico da prática de corrida, características do treinamento, tipo de tênis, tipo de pisada e histórico de lesões nos últimos 12 meses. A pesquisa se deu de 35 homens e 32 mulheres cadastradas e não cadastrados na associação de corredores de ruas, com idade média de 24,13 anos, índice de massa corporal de 24,2; dos 46 corredores 6% relataram apresentar alguma lesão musculoesquelética nos últimos 12 meses.
Gráfico 1 - Dados referentes às características da amostra.
Gráfico 2- Dados referentes ao tipo de lesões mais comuns, pesquisa de campo.
RESULTADOS
De acordo com a pesquisa de campo realizada no mês de Maio de 2018 através de formulários foi constatado que as lesões que acometem frequentemente os corredores cinco foram Fraturas por estresse: É uma pequena alteração na estrutura óssea causado pelo esforço. Geralmente não exige gesso ou ataduras, desaparecendo com algum repouso. O diagnóstico é difícil, até mesmo para o médico que não sabe o que procurar, porque as fraturas de estresse nem sempre aparecem nas radiografias. Ocorrem mais frequentemente nos ossos mais longos dos dedos do pé (os metatarsos) e nos dois ossos da parte inferior da perna (a tíbia e a fíbula).
Quatro foram Lesões do tendão patelar: fazem parte de um grupo maior de doenças que causa o que os ortopedistas chamam de “dor anterior do joelho”. Dessa forma, o atendimento médico visa ao diagnóstico clínico da doença específica responsável pela dor do esportista. Basicamente, as lesões do tendão patelar são as tendinopatias (tendinites), com fases diferentes de gravidade, as rupturas parciais e as rupturas totais.
Três foram Fascite plantar: foi descrita como uma condição inflamatória da fáscia plantar do médio pé ou em sua inserção na tuberosidade medial do calcâneo que envolve microlacerações ou ruptura parcial das fibras fasciais. A designação inespecífica mais apropriada é síndrome de dor no calcanhar. Manifestam-se em resposta as cargas repetidas, nas quais as forças compressivas achatam o arco longitudinal do pé.
Três foram Condromalácia patelar: É uma lesão relacionada com o atrito excessivo entre a patela e a extremidade do fêmur, o osso da parte superior da perna. Quando os ossos se ajustam de maneira adequada, a patela se move suavemente dentro de uma depressão na extremidade inferior do fêmur. Ocasionalmente, no entanto, o ajustamento é incorreto, e ao invés de ficar totalmente dentro da cavidade a que pertence à patela, fica roçando em um de seus lados. Se esse atrito é prolongado, desgasta uma parte da cartilagem da patela.
Duas foram Periostite de esforço: Ocorre na parte anterior da perna, entre a tíbia e o músculo sóleo. É uma inflamação do periósteo, que é uma membrana que recobre o osso por ação do músculo sóleo que, ao contrair-se, força o periósteo da tíbia. Entorse de tornozelo: Podem ser uma sobrecarga grave, estiramento ou laceração de tecidos moles como a cápsula articular, ligamentos, tendões ou músculos. Porém, esse termo é frequentemente usado em referência específica à lesão de um ligamento, após o movimento de torção.
Zero vírgula uma foi Síndrome de estresse tibial: é uma reação inflamatória das inserções tibiais fasciais profundas em resposta à aplicação de cargas crônicas. A dor se localiza na crista anterior ou postero-medial da tíbia, ou em ambas, e resulta das forças tensivas excessivas aplicadas por uma ação excêntrica das unidades músculotendinosas, o mais das vezes o solear, o tibial posterior e o flexor longo dos dedos. Tendão calcaneano tendinite: e ruptura: as cargas freqüentes e repetidas impostas ao tendão calcaneano o predispõem para as patologias por uso excessivo (overuse), mais comumente por tendinite (inflamação no peritendão), distúrbios de inserção miotendinosas ou tendinopatias (FIXX, 1977).
DISCUSSÃO
As lesões que atingem os corredores são vistas como resultado de sobrecarga proveniente de micro traumas acumulativos, durante determinado período de tempo, o que determina lesão por sobrecarga. Os fatores de risco em praticantes de corrida são atribuídos a três fatores: os relacionados ao treinamento, os anatômicos e os biomecânicos, também é relevante destaca que a prática da corrida envolve gestos variados e complexos que são realizados para a aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas, sendo repetidas até a exaustão expondo assim o atleta a sobrecarga de treinamento.
Assim a prática de corrida pode causar lesões principalmente em joelhos, tornozelos e pés em até 83% dos atletas amadores e prejudicar sua qualidade de vida, seja de forma temporária ou definitiva. Além disso, o desequilíbrio muscular dos membros inferiores pode predispor os atletas a lesões e diminuição do desempenho na corrida, pois a maioria dos corredores não tem um acompanhamento de um profissional de educação física para poder desenvolver um treinamento de fortalecimento neuromuscular.
Existe forte indício de que, a maioria das lesões em corredores amadores de rua está associada à intensidade e ao volume de treinamento. Embora o corpo do atleta tenha a capacidade de se adaptar ao estresse colocado sobre ele nos treinos, se o estresse continua se repetindo acima dos limites suportados, ao longo dos treinos, pode acarretar um aumento do risco de lesão de esforço no corredor. Isto foi identificado no estudo de Canedo & Gardenghi (2014) o qual concluiu que aproximadamente 69% das lesões crônicas nos corredores estão relacionadas à alta quilometragem do treinamento, ao aumento rápido da distância, da intensidade, a treinamento de superfícies irregulares, à instabilidade de terreno de treino.
CONCLUSÃO
A corrida de rua vem se tornando um dos esportes mais praticados em todo mundo. Pela busca de resultados expressivos em competições ou apenas pelo prazer de praticar o esporte. Como toda atividade física, deve ser praticada com cautela e orientação de um profissional especializado, pois pode causar danos sérios ao corpo. Para se prevenir de lesões musculoesqueléticas se faz necessário um treinamento que seja seguro, respeitando, principalmente, os princípios do treinamento desportivo: volume e intensidade.
Os resultados do presente trabalho sugerem que a maior prevalência de lesões ocorre com aqueles que têm o maior volume de treino com uma alta intensidade de membros inferiores, independente de receberem orientação ou não.
Referências bibliográficas.
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