02/05/2019

Procura-se um Novo Patrono

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Existe uma máxima que é “deixe os outros pensarem que é um imbecil, não precisa fazê-los ter certeza” e isso não tem sido aplicado no atual governo.

            Imbecilidades ditas e feitas têm sido uma constante na área da educação, e tudo isso é com o intuito de melhorar a educação pública, todavia, este viés nos levará para uma seara estéril em tecnologia e desenvolvimento econômico, visto que o investimento também nas áreas humanas contribuirá para o desenvolvimento de nossa economia[1].

            Uma das maiores estultices está sendo na busca de um novo patrono para educação brasileira, e o pior é gente que comprar este discurso sem nexo como um deputado federal para justificar tanta falta de conhecimento em relação área da educação a ponto de questionar e pedir para os “esquerdistas” falarem qual foi o legado de Paulo Freire.

Para responder isso, não precisa ser da esquerda, só precisa ser um pesquisador, acadêmico, educador e/ou conhecedor da história da educação brasileira.

            Para os néscios de plantão, ou seja, para os que desconhecem o seu trabalho na área da educação, Paulo Freire foi um educador reconhecido mundialmente. Ele recebeu 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da América e Europa, dentre vários prêmios como Educadores Cristãos, Educadores para a Paz, e foi também a primeira pessoa a receber o prêmio King Baudouin International Development Prize. Este prêmio tem como objetivo o reconhecimento quanto à contribuição duradoura para a justiça, a democracia e o respeito à diversidade, e demonstra que a pessoa que o recebeu teve como objetivo servir à sociedade.

            Para complementar, Paulo Freire é educador, pedagogo e filósofo. Ele nada mais é que terceiro teórico mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo. O legado dele para quem não sabe, fez jus ao título e isso não tem nenhuma ligação com esquerda, direita ou centro. É simplesmente o fruto de muita dedicação e  trabalho, embora não reconhecido por idiotas que acreditam ser ele um facista. Quanta estultice!!!

            Hoje procuram por um novo Patrono, um que tenha um legado, mas já que Paulo Freire não serve, porque não colocarmos Darci Ribeiro ou até mesmo Anísio Teixeira como patrono? Ah, estes também devem ser fascistas, esquerdistas, comunistas, etc...

            Coloquemos então alguém autodidata que prega a teoria do terraplanismo, da não existência do combustível fóssil, ou de outra estapafúrdia sem o cunho da ciência.

            Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996, é enfático ao afirmar que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” e isso vem a corroborar as falas de Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, reitor da UFF (Universidade Federal Fluminense), quando diz que “não dá para fazer pesquisa de alto nível sem luz e água”, ou seja, como fazer com que o ensino das universidades federais atinja o esperado se sequer as mesmas terão o mínimo para isso?

            Como o governo quer melhorar o ensino das Universidades Federais contingenciando 30% de seus recursos? Ele quer fazer um sucateamento das mesmas com a desculpa para futuramente privatizá-la? Porque tal atitude deveria ser vista pelo governo como um ato crasso, já que a pesquisa pode ser tanto voltada para área de tecnologia e principalmente para uma função social definida, conforme ressalta Romanelli em seu livro: História da Educação, publicado pela Vozes em 2003, já que as mesmas não poderão contar mais com tal verba e principalmente pela segregação das áreas humanas.

 

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