27/06/2018

Professor: Profissão em Extinção

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            A educação nunca é neutra, ela é uma ação voluntária. Ela é uma prática assentada em outra prática e que tem como condutor o profissional professor, mas porque então está profissão está em queda livre em relação a demanda e procura?

            De acordo com o relatório de Políticas Eficientes para Professores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professor, e isso é fruto de acordo com a pesquisa, ao pouco reconhecimento social e aos salários.

            Interessante é o perfil traçado pela pesquisa, visto que quanto menor a escolaridade dos pais, maior é a proporção dos interessados na carreira.

            De acordo com o relatório, quando os pais concluíram apenas o ensino fundamental, o percentual de alunos que optam pela profissão de docência é de 3,4%, em contrapartida, para os pais que têm ensino superior, o percentual cai para 1,8%.

            Vamos entender como anda o nosso cenário, já que a docência deveria ser valorizada e ter em si um reconhecimento social, já que todos os profissionais se tornaram o que são, graças a um professor.

            A profissão docente poderia hoje ser chamada de profissão perigo, pois ela se tornou uma área de alta periculosidade, que de acordo com artigo 193 da CLT, a periculosidade é entendida como atividade ou operação perigosa que implica risco acentuado que pode causar dano à vida e à integridade física do trabalhador, entretanto, nós não recebemos periculosidade, ou porque escolas não reconhecem tal situação na profissão ou porque a maioria não trabalha sob as normas da CLT.

            Será que a docência é uma profissão periculosa? De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva, a pedido do sindicato dos docentes paulistas (Apeoesp) mais da metade dos docentes diz ter sofrido algum tipo de agressão, Entre as agressões que 84% dos professores afirmam já ter presenciado, 74% falam em agressão verbal, 60% em bullying, 53% em vandalismo e 52% em agressão física[1]

            Atitudes como estas põe o Brasil no primeiro lugar do ranking de violência contra o professor de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

            De acordo com a OCDE, na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero, e o nosso maior problema segunda as pesquisas, encontra-se impunidade dos agressores, o que proporciona uma certa permissividade.

            Além do problema citado acima, outros agravam a escassez deste profissional essencial para a formação de um país decente, como por exemplo a falta de reconhecimento por falta dos políticos.

            Peguemos algumas estultices ditas por representantes do povo quanto a profissão professor.

Certa vez um político (que já foi vereador, prefeito, governador e candidato a presidente) médico e professor universitário disse uma das falas mais imbecis que alguém poderia dizer, não por ser político (pois políticos costumam falar muitas imbecilidades), mas por ser professor. Este corrupto representante disse: “Quem quer dar aula, faz isso por gosto e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”.

Outra idiotice dita por um ex-presidente foi “se a pessoa não consegue produzir, coitada vai ser professor. Então fica a angústia: se ele vai ter um nome na praça ou se ele vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem".

Interessante é perceber que a docência é uma atividade pública, e de acordo com um político que foi governador do Ceará certa vez disse “Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro"

Observe que quem era para defender com força hercúlea uma educação de qualidade assegurando a valorização e o respeito proveniente de seu reconhecimento, simplesmente deixa claro que em momento algum, se preocupou com a educação e tampouco com o povo que o elegeu.

A situação do professor está ruim para todo o lado, principalmente em MG em que o governador simplesmente não paga os vencimentos, já está completando 30 meses de parcelamentos de salários dos professores e com atrasos, e uma de suas justificativas é que existem servidores especiais como segurança pública, explicação dita por um professor é que o governador está se resguardando para uma futura greve e esta segurança pública agir com truculência para intimidação.

Ora, uma educação de qualidade começa com a valorização do educador além de seu reconhecimento.

Como visto anteriormente, chegaremos no dia em que ou professor será supervalorizado devido a sua escassez ou simplesmente a intenção é justamente abrir espaço para os notórios saberes.

 

[1] Para mais informações vide https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-e-1-no-ranking-da-violencia-contra-professores-entenda-os-dados-e-o-que-se-sabe-sobre-o-tema.ghtml

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