17/12/2014

PROFESSOR?????!!!!!!!!! SEMPRE. TIO????!!!!!! NUNCA.

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[1]

A Escola pensa em preto e branco

Já o Mundo...

Pensa em cores

E, é essa a diferença brutal entre o Mundo e a Escola.

(O autor)  

 

            Antes de tudo, antes de mais nada ou antes de qualquer coisa, ou antes de alguma coisa, esse texto não tem compromisso com a Ciência, nem muito menos com as amarras da ABNT, contudo, o compromisso desse texto é com milhões de leitores e leitoras brasileiros de carne e osso que ralam para fazer desse país: um país melhor.

            Dessa forma, é mais um desabafo de quem atua na Educação há mais de vinte anos, desde 1992.

            Assim, caro leitor e cara leitora, na verdade, o que eu pretendo de verdade (sem acepções filosóficas que a este termo possa se referir) é dialogar com vocês sobre o rumo da Educação Brasileira de uma maneira bem descontraída, coloquial, é claro que sem perder a seriedade que o tema requer.

            Bom, o amigo leitor deve estar se perguntando, por que essa conversa será descontraída, coloquial e, ao mesmo tempo um tanto quanto séria?

            Olha, caro leitor, eu tentarei responder essa sua inquietação da seguinte forma: pode-se e deve-se conversar sobre Educação de uma forma descontraída, coloquial, entretanto, quando o assunto é Educação, a coisa é muito séria, não é verdade, caro leitor?

            Não preciso citar nenhum autor para provar o que eu disse antes, por isso, vejamos: países como a Inglaterra, a Suíça, Canadá, Estados Unidos, Japão etc. Investiram pesadamente na Educação. E o que houve, amigo leitor? Está na cara de todo mundo: esses países progrediram e muito.

            Dessa maneira, apesar de descontraído, coloquial esse bate papo sobre a Educação, esse bate papo é deverasmente sério.

            Depois dessas primeiras linhas, dessas primeiras palavras, vou mostrar ao amigo leitor o cerne desse trabalhou: a questão de ser tio e a questão de ser professor.

            Desse modo, querido leitor, não precisa de muito esforço mental e nem de consultar um dicionário, inclusive um dos mais famosos e utilizados hoje em dia: o Houaiss para sabermos o que é tio, e o que é professor, mas, tio ou tia, como se sabe é.... o irmão ou irmã da mãe ou do pai de alguém que (talvez) tenha com essa pessoa, no caso, sobrinho ou sobrinha uma relação ampla, íntima.

            Já professor, amigo leitor e leitora, não é o irmão da mãe ou do pai de alguém, pode até ser, mas, na escola, o professor ou a professora são sujeitos executando papeis, funções diferentes e diferenciadas do tio ou da tia, ainda que fora da escola possam ser tio ou tia, por isso, o título desse trabalho justifica o meu desabafo.

            Portanto, ser professor ou professora não implica diretamente em ser tio ou tia.

            Nesse sentido, caro leitor e cara leitora, há bastantes tios e tias, já professor ou professora, caríssimos leitores, não precisam verificar as estatísticas fornecidas pelo MEC ou de qualquer outro órgão estatal ou privado para se chegar à seguinte conclusão: estão faltando quase um milhão de mestres em nosso país.

            E então, amigos leitores, não acreditam? Mas é isso mesmo!!! Enquanto o professor ou a professora forem tratados com descaso, desinteresse, falta de respeito por muitos pais, mães, alunos, alunas, enfim, inclusive até por parentes, quase ninguém vai querer ser professor ou professora.

            Duvidam de mim, caros leitores? Eu sou professor, de acordo com o que eu disse antes, há mais de vinte anos.

            Dessa forma, pergunto aos meus alunos, são quarenta aproximadamente em cada turma, leciono para mais de cem alunos e, voltando à questão anterior, quando pergunto quem quer ser professor, um de cada cem alunos responde meio desanimado, desconfiado que quer ser sim.

            Assustado, amigo leitor e amiga leitora? Não é para menos, todavia, essa é a pura realidade, aliás, não faltam motivos para não querer ser professor ou professora: salários baixos e, até em alguns lugares atrasados, falta de reconhecimento do governo, seja municipal, estadual ou federal.

            Além disso, amigos leitores, como eu já disse antes, muitos pais e alunos desprezam os professores, porque, para muitas dessas pessoas, professor bom é aquele que dá nota, pois, quando um filho ou uma filha de certo pai tira uma nota baixa, ou o que é pior: reprova, a culpa é de quem? Amigo leitor e amiga leitora. É lógico que todo mundo culpa o professor.

            Como se não bastasse isso, até os próprios colegas, alguns deles desfazem uns dos outros, oh, classe desunida, não acha, amigo leitor? Mas, o pior ainda estar por vir: quando um colega pega cargo de diretor da escola, o que acontece, amigo leitor e amiga leitora?

            Simplesmente, esse colega esquece-se de que é professor ou professora e utiliza o cargo para oprimir alguns de seus próprios colegas, por isso, talvez o amigo leitor esteja se interrogando: como é possível isso?

            A resposta é simples, o poder sobe à cabeça, uma vez um amigo meu me disse: “Marinho, você quer conhecer realmente quem é o ser humano?” “Um homem ou uma mulher?” “Então oferece dinheiro e cargo (poder) a esse homem ou a essa mulher.” “Assim, os conhecerá de verdade.”

            Além disso, como se não bastasse toda a desvalorização, depreciação da carreira do magistério, de acordo com o amigo e professor Pós-Doutor Celso Ferrarezi Junior, atuando, atualmente, no departamento de Ciências da Linguagem da UFAL – Universidade Federal de Alfenas – MG, reina nas escolas A LEI DO SILÊNCIO, porque, de acordo com o Celso, para os gestores, governo, aluno, professor bom é aquele que não fala que se cala diante de tudo e de todos.

            Pois é, amigo leitor e amiga leitora, como querer ser professor desse jeito?

            Outro detalhe: eu acho até legal, aluno ter carteira de estudante, pagar meia entrada em cinema, teatro, show, disco etc, mas, amigos leitores, o que me espanta deverasmente e bastantemente é que por que não tem carteirinha para o professor?

            Além disso, idosos, idosas, pessoas com deficiência, mulher grávida têm exclusividade em filas de banco, farmácias, lojas etc, não sou contra isso, caros leitores, porém, por que os professores também não têm esses direitos? Ou ainda, já que o governo anterior a esse criou BOLSA FAMÍLIA, BOLSA ESCOLA, PROGRAMA DE COTAS (QUE TAMBÉM NÃO SOU CONTRA) OS QUAIS CONTINUAM VALENDO ATÉ HOJE. POR QUE NÃO CRIAR A BOLSA PROFESSOR/PROFESSORA?

            Assim, acredito que tanto a carteirinha professor/professora quanto a bolsa já mencionada antes, poderiam facilitar a vida de todos os mestres brasileiros (QUE DIGA-SE DE PASSAGEM, NÃO SÃO TANTOS ASSIM NÃO), MAS, TALVEZ OS LEITORES ESTÃO SE PERGUNTANDO: COMO ESSAS COISAS FACILITARIAM A VIDA DOS PROFESSORES BRASILEIROS?

            É simples, amigo leitor e amiga leitora, com esses programas: bolsa-professor/professora ou carteirinha professor/professora, os professores teriam direito a descontos, ou pagar a METADE MESMO em farmácias, hospitais, cinemas, teatros, shows e até investir em sua própria carreira com a bolsa professor/professora que poderia servir para o professor/professora se aperfeiçoar: mestrado, doutorado etc, e ainda essa bolsa serviria para auxiliar-lhes, inclusive até na compra da casa própria.

            Claro amigo leitor, essas são algumas sugestões que eu faço para melhoria da vida do professor/professora, entretanto, o que mais afasta as pessoas do magistério é o salário.

            Por isso, não adianta falar em melhoria nas condições de trabalho, segurança nas escolas, construção, ampliação e reforma de escolas, biblioteca com bastantes acervos, se não melhorar o salário do professor, será que os governantes não teriam condições de melhorar o salário dos professores? Eu acredito que basta um pouco de boa vontade dos governadores, dos políticos nesse país para melhorar o salário dos professores brasileiros.

            Não adianta ainda, amigo leitor, amiga leitora, a Rede Globo mostrar experiências que deram certo em algumas escolas, sendo que no Brasil há um mundo de diferenças regionais, territoriais, municipais, estaduais e até de uma sala de aula para outra numa mesma escola.

            Assim, o que eu quero dizer é que não existem receitas por mais fantásticas, mirabolantes que possam ser para melhorar a Educação, concorda comigo, amigo leitor?

            Desse modo, caro leitor e cara leitora, poderíamos falar por horas, dias, meses, anos, séculos sobre a Educação Brasileira e ela seria a mesma, não há receita, mas, o problema, amigo leitor, amiga leitora, felizmente para a nossa alegria, a Educação Brasileira tem solução, temos que valorizar de fato o professor ou a professora brasileiros, quando eu digo VALORIZAR, não é como a Rede Globo faz, mostra algumas experiências educacionais que deram certo em alguns lugares, achando que todos os lugares, todas as pessoas são iguais, ou ainda, a Rede Globo faz pior: mostra testemunhos de alguns professores que parecem  bastante felizes, realizados, que, inclusive  parecem que não precisam dos seus próprios salários,  a esses professores os quais aparecem na Rede Globo “felizes”, “realizados” e ainda que parecem encarar o magistério como um dom ou sacerdócio, eu digo que se estão “tão realizados, tão felizes assim”, parecendo não precisarem dos seus próprios salários, depositem o fruto dos seus trabalhos em minha conta corrente, basta entrar em contato comigo ( o meu emeio estará na nota de rodapé na primeira página), porque EU NÃO DOU AULAS, APESAR DE ME PAGAREM POUCO PRA CARAMBA PARA ISSO, ENTRETANTO, EU VENDO AULAS.

            PORQUE, EU SIM, ESTOU TENTANDO: SER PROFESSOR SIM!!!! MAS, TIO??? NUNCA!!!!!!

            E VOCÊS CAROS PROFESSORES E PROFESSORAS BRASILEIROS, O QUE ESTÃO SENDO OU TENTANDO SER????? PROFESSORES OU TIOS???????

 

[1][1] Mestre em Linguística e, Professor da Cadeira de Língua Portuguesa no IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Ariquemes. Emeio: marinho.filho@ifro.edu.br

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