15/04/2019

Projeto de estudantes do ensino médio do IFRS testa a qualidade das areias de praias gaúchas

Quem já andou pela praia em dia quente de sol e se deparou com um mar impróprio para banho sabe o quanto isso pode ser frustrante. Mas além das condições da água, não seria o caso de pensar na qualidade da areia? Esse foi o foco de um projeto de duas alunas do Campus Osório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). As jovens falam sobre as análises e os resultados nesta edição do Trilhas da Educação, programa que vai ao ar nesta sexta-feira, 12, com transmissão da Rádio MEC.

Vanessa da Rosa e Júlia Oscar cursam o ensino médio no Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Como moradoras de Osório, no litoral gaúcho, frequentam as praias da região. No ano passado, depois de acompanhar um dos alertas feitos por órgãos governamentais sobre a qualidade da água do mar, a dupla passou a questionar também a qualidade das areias das praias gaúchas. Mesmo porque os banhistas também podem se contaminar apenas permanecendo à beira d’água.

Para Vanessa da Rosa, as praias de todo o país merecem uma análise mais ampla. “Quando atestamos qualidade ambiental de uma praia a partir das análises da água, que são realizadas em todo o Brasil, e as análises da areia, temos uma noção concreta se aquele ambiente é impróprio ou não para contato humano, ou seja, se há risco para a saúde”, ressalta a estudante. “Quando solucionamos esse problema ambiental, solucionamos paralelamente vários outros problemas de saúde.”

Para determinar se uma areia é própria ou imprópria para contato humano são coletadas amostras e analisada a quantidade de coliformes termotolerantes e totais contidos nela. A análise pode ser realizada por laboratórios ou criada uma instituição pública, como as que analisam a água. Júlia conta que duas praias foram escolhidas para a parte prática do projeto que elas desenvolveram, com o objetivo de analisar a qualidade da areia.

“Nós fizemos as nossas análises em duas áreas de amostragem, uma em Cidreira e uma em Atlântida Sul. Nós escolhemos três pontos de coleta distintos e alinhados: o ponto um é próximo às dunas, o ponto dois, intermediário, e o três, bem próximo à água”, conta Júlia.

O trabalho de campo também analisou o descarte incorreto do lixo, por exemplo, que apareceu como um dos pontos mais sensíveis. “O lixo, além de trazer um aspecto visual negativo para a praia, acaba por atrair inúmeros animais, como os pombos, que acabam por contaminar as areias”, destaca Vanessa.

Mudança – Vanessa e Júlia resolveram levar o projeto orientado pelos professores até algumas prefeituras da região. Com apoio do gestor de Cidreira, município que inicialmente acatou a proposta, medidas emergenciais foram tomadas já no veraneio de 2019. Era a chance de envolver a comunidade num cenário positivo de mudança, não só na alta temporada, mas no ano todo.

“Tivemos a elaboração de um decreto, a elaboração de um plano de ação. Eles proibiram uso de canudo no município, reduzindo a emissão de lixo na beira-mar”, lembra Vanessa. “O segundo passo foi uma modificação na lei que proíbe cães na beira da praia. Antes, era proibido apenas na alta temporada, agora o ano inteiro. Isso é importante porque o cão é um agente contaminante da praia.”

Os resultados ainda estão sendo apurados, com o andamento da pesquisa. Júlia conta que apenas o Rio de Janeiro tem um projeto semelhante. As demais experiências seriam todas internacionais. “Estamos estudando mais medidas para continuar a melhorar a qualidade das nossas praias e pensamos também em fazer palestras para conscientização, que seria de extrema relevância, já que muitas pessoas não acreditam que as areias possam ter um risco a saúde. Elas se preocupam mais com a água do que com a areia.”

A ideia das duas estudantes pode render ainda mais frutos e refletir na vida de outras pessoas pelo mundo. Isso porque o projeto Qualidade Ambiental das Areias de Praia do Litoral Norte Gaúcho foi apresentado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e premiado pela Marinha do Brasil, além de credenciado para participar de feiras internacionais de ciências nos Estados Unidos e Peru. “É muito importante que nós, como alunos, tenhamos esse retorno. A gente pensa que está fazendo uma coisa pequena, apenas para a nossa comunidade e que, às vezes, ninguém vai se inteirar sobre o assunto”, aponta Júlia. “No entanto, é muito legal saber que tem gente que se importa e quer incentivar isso. Pesquisa no ensino médio é sensacional. Se eu não tivesse conhecido a pesquisa, não seria quem eu sou hoje.”

Assessoria de Comunicação Social  - MEC (12.04.2019)

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