23/04/2018

Projeto social de jovem advogado leva a Constituição para dentro das escolas públicas

Jovens de escolas públicas de Brasília terão a oportunidade, ainda este ano, de conhecer mais sobre seus direitos e deveres garantidos na Constituição Federal. A iniciativa é de um jovem jurista de São Paulo, que criou e tomou como missão o projeto Constituição nas Escolas. A história é contada no programa Trilhas da Educação, transmitido pela Rádio MEC, nesta sexta-feira, 20.

Tudo começou com uma situação comum na vida profissional de Felipe Neves: as aulas de direito para jovens do ensino médio. Há quatro anos, numa escola pública de São Paulo, Felipe tentou levar informação e conhecimento a jovens e adolescentes, para que assim defendessem seus direitos. Mas não deu certo. 

Num primeiro momento, Felipe tentou ensinar em sala como funcionam as leis do país. “Eu dizia: ‘As leis funcionam assim, o governo funciona assim’; falava sobre os poderes executivo, legislativo e judiciário. E vi que eles não sabiam nada e nem estavam interessados em saber. Então eu pensei: vamos montar um projeto social”, recorda Neves. Com os prêmios que ganhou em 2014 e 2015, o projeto cresceu.

Inicialmente, o plano de Felipe foi colocado em prática em escolas de São Paulo e Salvador, mas estará presente em instituições de Brasília e do Rio de Janeiro ainda neste ano. Atualmente, são mais de 120 escolas contempladas e 70 professores voluntários envolvidos, com idades entre 23 e 30 anos. De acordo com Felipe, esse perfil de docentes ajuda para que jovens falem com jovens, num linguajar mais despojado, traduzindo o juridiquês para facilitar a compreensão dos estudantes.

“O principal desafio é transformar o direito em algo simples”, explica o advogado. Com essa proposta, temas como direito a manifestação, direito de ir e vir e liberdade de expressão, entre tantos outros, acabam sendo discutidos a partir de situações reais e cotidianas dos jovens. Assuntos atuais que têm ganhado debates na esfera jurídica também são alvo do projeto.

Prêmio – Com o envolvimento dos alunos e dos voluntários, o advogado destacou que o projeto ganhou força e conquistou reconhecimento até mesmo fora do país. Há dois anos, Felipe ganhou o prêmio Young Leaders of the Americas Iniciative, do governo dos Estados Unidos, uma iniciativa do então presidente Barack Obama.

“Fui selecionado e fiquei quatro semanas trabalhando na casa do quarto presidente da história dos EUA, que hoje é um museu e um centro de ensino de direito constitucional” conta Neves. “Esse presidente, James Madison, foi quem escreveu a Constituição, então eles têm um centro super legal, e ganhei um prêmio em Washington. Depois, voltei para o Brasil.”

Olimpíada – No retorno, Felipe Neves criou a primeira olimpíada constitucional para alunos que já participavam de suas aulas. A iniciativa provocou o interesse de outros jovens, inclusive de outras escolas, que passaram a compor o projeto. Além disso, a competição também foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que gerou novos desafios para o advogado.

“Assim conseguimos ampliar o alcance do projeto. Até então, tínhamos umas 12 escolas, depois chegamos a 100. E em 2017, eu fui convidado para ser o delegado brasileiro da Assembleia Geral Jovem da ONU, em Nova Iorque. Quando voltei, a Fundação Obama me escolheu como um dos 11 jovens líderes brasileiros para uma reunião com ele, foi super legal. E por fim, no final do ano passado, eu ganhei a menção honrosa do Prêmio Innovare, em Brasília”, conta.

Para o advogado, ainda é uma surpresa que um projeto nascido de uma iniciativa pessoal já tenha trilhado tantos caminhos. Ele admite que nunca imaginou que o projeto e as boas consequências acontecessem em sua vida. “Você começa uma ação social aqui que vai te levar para a casa do cara que escreveu a constituição dos EUA há 300 anos. E eu fiquei quatro semanas lá observando tudo que eu podia observar. E a olimpíada constitucional eles fazem lá e foi de lá que eu tirei a ideia. Pensei: ‘isso vai dar certo no Brasil’ e deu. E agora, no dia 29 de maio, vai ter a segunda edição aqui em São Paulo”, revela.

Depois de toda a repercussão do projeto Constituição nas Escolas, Felipe Neves fala aos jovens estudantes não só sobre os direitos constitucionais, mas também sobre como é possível mudar e fazer acontecer quando acreditamos em uma causa. “Se eu consegui, sem a ajuda de ninguém, chegar onde eu cheguei com o projeto, acho que todo mundo que realmente quisesse mudar o Brasil ou melhorar alguma coisa, pode ser saúde, educação, lazer, se se esforçasse conseguiria também, né? Acho que é essa a principal lição que eu tenho que passar.”  

Saiba mais sobre o projeto Constituição nas Escolas

Assessoria de Comunicação Social - MEC (20.04.2018)

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