18/09/2007

Rede municipal de Florianópolis mostra experiências de inclusão

Por Maria Pereira Filha, do MEC

Florianópolis - Marcílio Camargo Delfes, de sete anos, cursa a 1ª série do ensino fundamental na Escola Básica Municipal Intendente Aricomedes da Silva, localizada no bairro Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis (SC). Ele tem surdez total e recebe atendimento educacional especializado oferecido pela escola. Outros 31 alunos com deficiência, de 11 instituições da região, também utilizam as salas de recursos da Escola Aricomedes.

Na sala de recursos multifuncionais, onde é realizado o atendimento educacional especializado, Marcílio é alfabetizado na Língua Brasileira de Sinais (Libras), trabalha o português escrito e pode utilizar equipamentos como computador, livros, revistas e jogos. Ele estuda pela manhã, mas em quatro dias da semana também freqüenta a escola no período da tarde para utilizar a sala de recursos.

Duas professoras e a instrutora de Libras, que também é surda, trabalham na sala de recursos, onde desenvolvem atividades lúdicas com diversos materiais, alguns deles confeccionados por elas. As professoras não querem parar de estudar e consideram satisfatória a oferta de cursos de capacitação profissional. Atualmente, elas fazem o curso de formação para atendimento educacional especializado oferecido pela Secretaria de Educação Especial (Seesp/MEC).

Elas contam que recentemente descobriram uma forma de fazer com que uma aluna da escola, Beatriz Lopes, de sete anos, que tem paralisia cerebral, consiga olhar para o que faz com o lápis. "Sempre que ia usar o lápis, a Beatriz fazia um movimento para trás com a cabeça que a impedia de ver o que estava fazendo. Então, colocamos o lápis na boca da criança para ver como ela reagia e funcionou", conta animada a professora Raquel Brito. Além de Marcílio e Beatriz, 11 alunos com diferentes tipos de deficiências estão matriculados e estudam na Escola Aricomedes da Silva.

A rede municipal de ensino de Florianópolis tem 12 salas de recursos multifuncionais implementadas com recursos do Ministério da Educação.


Seminário mostra experiências de inclusão

Guilherme Ribeiro, de cinco anos, nasceu com um tipo de paralisia cerebral que limita, principalmente, sua capacidade motora. Mas isso não o impede de freqüentar uma escola regular, onde convive com crianças que não têm deficiência. Guilherme é protagonista de um dos seis episódios da série da TV Escola que aborda a inclusão na educação infantil.

O episódio que narra o êxito da experiência de inclusão escolar vivida por Guilherme, os pais dele e educadores da Creche Idalina Ochôa, onde ele estuda, em Florianópolis (SC), foi exibido na quarta-feira, 12, durante o 4º Seminário Nacional de Formação de Gestores e Educadores do Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, que ocorre em Florianópolis, até o dia 14.

Conviver com crianças não deficientes, brincando e aprendendo juntas, traz muitas possibilidades de desenvolvimento lingüístico, cognitivo e social, não só para a criança com deficiência, mas principalmente para as crianças não-deficientes, afirma a pesquisadora e professora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Marilda Bruno.

O pai de Guilherme, Tiago Ribeiro, conta que procurou instituições da rede particular de ensino para matricular o filho e foi vítima de preconceito. Quando conheceu o trabalho de inclusão escolar desenvolvido na creche municipal onde o filho estuda descobriu que a rede pública conta com melhores práticas de inclusão educacional. Além de Guilherme, outras três crianças com deficiência estão matriculadas na Creche Idalina Ochôa, que desde 1993 trabalha com inclusão educacional.

No filme, Guilherme aparece brincando no escorregador do parque da escola, amparado por sua professora, Cristiane Ferreira, e auxiliares da escola. O mobiliário, jogos e material didático foram adaptados para atender às necessidades dele, que se comunica apenas com o olhar e o sorriso, quando gosta de uma atividade ou brincadeira. Para Cristiane, o planejamento e a troca de experiências com outros professores da creche sobre a convivência com as crianças com deficiência são fundamentais para a realização de um trabalho de inclusão.

Segundo a diretora da creche, Márcia da Silva, além da formação teórica, os professores adquirem formação também na prática. "A Cristiane pode estudar tudo sobre paralisia cerebral, mas para atender às necessidades de Guilherme ela precisa conhecê-lo, observar cada reação dele", diz a diretora. Já a coordenadora de educação especial de Florianópolis, Rosângela Machado, destaca o papel da diretora, que cobra os recursos solicitados, cuja distribuição é da competência do poder público.

Os outros cinco episódios da série da TV Escola, Toda Criança é Única: a inclusão da diferença na educação infantil, contam as dificuldades e sucessos da inclusão de cinco crianças com deficiência que estudam em escolas de Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Vitória (ES), Brasília (DF) e São Luís (MA). Lançada no dia 8 de agosto, no MEC, a série será exibida pela TV Escola nos dias 1º e 2 de outubro.
(Envolverde/MEC)


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