Reflexões sobre o processo de alfabetização através da mediação lúdica: expressividade, criação, liberdade e aprendizagem social
REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DA MEDIAÇÃO LÚDICA: EXPRESSIVIDADE, CRIAÇÃO, LIBERDADE E APRENDIZAGEM SOCIAL
Jaqueline Heloisa Silva da Rosa – Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, Canoas, RS.
E-mail: jaqueline.rosa21@ig.com.br
Elaine Conte - Doutora em Educação pela UFRGS. Professora e Pesquisadora do PPG Educação do UNILASALLE, Canoas, RS.
E-mail: elaine.conte@unilasalle.edu.br
Maristela Vigolo Fontana – Mestranda do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, Canoas, RS.
E-mail: maristela_vigolo@yahoo.com.br
Rosa Maria Filippozzi Martini - Doutora em Educação pela UFRGS. Professora e Pesquisadora do PPG Educação do UNILASALLE, Canoas, RS.
E-mail: filippozzi.rosa@gmail.com
RESUMO
Este ensaio apresenta um estudo etnográfico sobre a importância do lúdico enquanto expressão artística, espaço de liberdade e criação no processo de alfabetização e desenvolvimento de aprendizagens sociais. Trata-se de retratar e mapear as metodologias que os educadores utilizam para estimular e ampliar o envolvimento das crianças, desenvolvendo suas capacidades de ler, interpretar, criar e atualizar compreensões, despertando a sensibilização e valorização pela leitura, por meio de atividades lúdicas como músicas, jogos, histórias, poemas, brincadeiras e oficinas.
Palavras-chave: Alfabetização. Lúdico. Expressão artística.
ABSTRACT
This paper presents an ethnographic study on the importance of the play as an artistic expression, space of freedom and creation in literacy and development of social learning process. This is portraying and mapping methodologies that educators use to stimulate and expand the involvement of children, developing their ability to read, interpret, create and update understanding, raising awareness and appreciation of reading through play activities such as music , games, stories, poems, plays and workshops.
Keywords: Literacy, Playfulness, artistic expression.
1. Introdução
Este trabalho aborda a importância do lúdico enquanto expressão artística, liberdade e criação no processo de alfabetização[1] e no desenvolvimento de aprendizagens sociais. É interessante notar que a brincadeira ocupa um lugar importante na infância[2], entendida como condição social da vida da criança, dentro e fora da instituição escolar. Desta forma, o brincar relaciona interdisciplinarmente questões sociais, educacionais e políticas, desafiando as crianças a descobrirem maneiras de resolver conflitos, formar opiniões, criar regras, socializar-se com o outro, representar e se divertir, tornando o processo de alfabetização mais encantador para a aprendizagem do educando. “Os primeiros anos da infância são decisivos para a formação intelectual, afetiva e social do ser humano. Por esse motivo, cercar as crianças do melhor atendimento possível é imperativo para todas as sociedades” (CARVALHO, 2011, p. 81). Tudo indica que uma perspectiva reflexiva do saber, que leva em conta a compreensão pedagógica do desenvolvimento holístico como atividade lúdica e envolve o criar e o interagir com o outro na construção de conhecimentos acerca da alfabetização, pode ampliar os sentidos e significados do texto e guiar uma responsabilidade profissional que não fica limitada a improvisação, mas propicia o intercâmbio na criação.
Se brincar e falar constituem os elementos vitais da infância, os jogos linguísticos de aprendizagem precisam estar integrados dentro da sala de aula, na rotina do professor. Porém, é importante que o educador em sua formação trabalhe com metodologias não convencionais, que tragam um outro conceito de criança, a saber, de sujeito capaz, produtor de cultura e portador de histórias, narrativas, e não mais tomado como “tábula rasa” ou “folha em branco”. Assim, como pedagogas, buscamos inspiração no esforço de criar novas relações e percepções sociais da atividade lúdica, o que representa não apenas um objetivo de pesquisa, mas a troca de visões de mundo e uma aventura de sensibilidades em relação à criança, ao outro, ao diferente, ao divertido. Nesta trajetória percebemos a formação de professores como um dos pilares, a questão-chave à inovação e à melhoria da qualidade de ensino. O professor é o grande agente do processo educacional, especialmente quando é formado para a prática pedagógica crítica, lúdica, expressiva, do jogo como fator de desenvolvimento integral do sujeito, que também dá abertura à voz infantil e desenvolve métodos na própria experiência, visando promover a sensibilidade espontânea da infância.
Poderíamos pensar então que o professor sendo formado para enxergar a infância como pluralidade de existências, de experiências, de novidades e continuidades, de enigmas, teria condições de transformar a educação e o ensino. Mas a primeira providência, segundo Pedro Demo (2000), está na revisão absolutamente radical do que é hoje Pedagogia, na direção do aprender a aprender, tendo a pesquisa como princípio científico, formativo e educativo para a renovação constante das didáticas. Embora a educação, o conhecimento e a inovação são os fatores centrais do desenvolvimento humano e da expressividade com motivações lúdicas, estas dimensões precisam ser melhor exploradas na formação e no compartilhamento de experiências pedagógicas. Faz-se necessário que essas ações pedagógicas que se constituem como práticas sociais e culturais sejam prazerosas e criativas, que despertem a curiosidade do educando para a compreensão e interpretação dos textos e da realidade. Na tentativa de buscar a veia criativa da alfabetização no que diz respeito à simplicidade presente no brincar como recriação da leitura e da escrita pela criança, utilizamos autores como Piaget, Vygostsky, Macedo, Alencar, Bacaro, Freire, Fortuna, entre outros. Assim, inicialmente, discutimos a importância do lúdico enquanto expressão artística no processo de alfabetização e o que os educadores fazem para desenvolver suas metodologias de forma atrativa nas séries iniciais de alfabetização.
3. Referencial Teórico
Historicamente, a tradição cultural e educacional através da palavra tem a importante tarefa de manter a história viva, assim como podemos identificar momentos prazerosos e divertidos dessa oralidade na escola com “a hora do conto”, que é uma experiência mediadora da aprendizagem, especialmente na fase da alfabetização. O conto é a arte de recriar a mesma história infinitas vezes, adquirindo diferentes perspectivas, emotividades, olhares, uma vez que o conto pode ser usado para estimular o gosto pela leitura e o hábito de ouvir histórias e compartilhá-las. A criança precisa se familiarizar com a leitura antes de aprender a ler e a escrever, sobre isso Walter Benjamin (1983, p. 45) diz:
E se não morreram, vivem felizes até hoje, diz o conto de fadas. O conto de fadas que ainda hoje é o primeiro conselheiro das crianças, porque foi outrora o primeiro da humanidade, permanece vivo, em segredo, na narrativa. O primeiro narrador verdadeiro é e continua sendo o conto de fadas.
A preocupação desse estudo está em incluir o educando no processo da alfabetização e, ao mesmo tempo, facilitar o desenvolvimento e compreensão da aprendizagem de leitura, interpretação e escrita. Estudos mais recentes mostram que o lúdico no processo de alfabetização nas séries iniciais contribui nos momentos de convivência, expressão e entendimento, desenvolvendo pela brincadeira habilidades necessárias que contribuem no processo de alfabetização e letramento. De acordo com Gomes (2004, p.47), a ludicidade é uma dimensão da linguagem humana, que possibilita a “expressão do sujeito criador que se torna capaz de dar significado à sua existência, ressignificar e transformar o mundo”. E mais adiante sintetiza, “dessa forma, a ludicidade é uma possibilidade e uma capacidade de se brincar com a realidade, ressignificando o mundo” (GOMES, 2004, p. 145).
As brincadeiras podem acontecer em diferentes espaços das escolas, salas, praças, pátios, brinquedotecas, em comunidades, refeitórios, jardins, bibliotecas, secretarias, etc. Como defende Kishimoto (1997, p. 57), “brincando a criança reflete, ordena, desorganiza, reconstrói o mundo a sua maneira, aprende a decidir, ter opinião própria, descobre seu papel e seus limites”. A brincadeira acontece onde quer que a criança se encontre, independente do local ou material disponibilizado. Para brincar ela utiliza-se do próprio corpo como brinquedo, basta um pequeno estímulo para que sua imaginação a leve para um mundo repleto de histórias, criatividade e movimento, expressando a sua subjetividade.
Estamos vivendo em uma sociedade em que as tecnologias estão tomando o lugar da brincadeira ao ar livre, pois as crianças desde cedo já estão presas a computadores, videogames, televisões e navegando na internet do quarto de casa. Ao ingressarem na escola não se sentem motivadas às aulas tradicionais, aos métodos com apenas quadro negro e giz, na perpétua rotina de repetir a escrita da data, por exemplo. Assim, os estudantes não se sentem atraídos e despertados ao processo da leitura e escrita, talvez pela própria ausência de incentivo. Daí cabe aos educadores buscarem subsídios inovadores de acolhimento ao outro e às necessidades, interesses e novidades, desenvolvendo a participação da criança, facilitando o processo de socialização, de comunicação, de expressão, além de dar um aporte na aprendizagem. De acordo com Martins e Queiroz (2002, p. 5),
Ser educador em tempos de mudanças educacionais é uma tarefa árdua, pois estamos marcados pela ansiedade, medo, resistência e ao mesmo tempo esperança. Navega-se sem bússola em caminhos desconhecidos e só tem uma saída: a formação continuada, para que possam se atualizar constantemente de forma a se manter na vanguarda dos processos inovadores da área educacional. Atualmente a educação exige que os educadores sejam multifuncionais, não apenas educadores, mas psicólogos, pedagogos, filósofos, sociólogos, psicopedagogos, recepcionistas e muito mais para que possa desenvolver as habilidades e a confiança necessária nos educandos, para que tenham sucesso no processo de aprendizagem e na vida.
Depende muito do professor a capacidade de criar situações que despertem nas crianças a curiosidade e o hábito da leitura prazerosa, com histórias e versões diferentes, assim como encontrar métodos que estimulem e mobilizem espaços lúdicos onde todos experimentam momentos de interação e imaginação no processo de letramento. Com base na legislação pertinente sobre o assunto, pode-se ler:
Partindo do princípio de que o brincar é da natureza de ser criança, não poderíamos deixar de assegurar um espaço privilegiado para o diálogo sobre tal temática [procurando entender] o brincar como um modo de ser e estar no mundo; o brincar como uma das prioridades de estudo nos espaços de debates pedagógicos, nos programas de formação continuada, nos tempos de planejamento; o brincar como uma expressão legítima e única da infância; o lúdico como um dos princípios para a prática pedagógica; a brincadeira nos tempos e espaços da escola e das salas de aula; a brincadeira como possibilidade para conhecer mais as crianças e as infâncias que constituem os anos/séries iniciais do ensino fundamental de nove anos. (BRASIL, 2006, p. 11-12).
O brincar pode ser conceituado como a forma que encontramos para expressar nossos desejos e vontades, de nos comunicar aprendendo a lidar com o outro, desenvolvendo valores orientadores de nosso comportamento frente ao mundo. A brincadeira é uma forma de interagir com o outro, com a natureza e com a realidade. É através do brincar que a criança recria, interpreta e estabelece relações como redes de aprendizagem. Considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a leitura, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças. O processo inicial da escolarização dá prioridade e importância à leitura e à escrita, uma vez que a criança vive em um mundo letrado e interconectado com a escrita, fala e leitura. Nesta perspectiva, a ludicidade muda a interpretação do mundo e de si mesma em uma dinâmica reconstrutiva, como bem ilustram as palavras de Paulo Freire (1989, p.13):
[...] Refiro-me que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. [...] De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.
A criança já conhece a leitura do mundo, mas necessita ser inserida no mundo representado da escrita e literatura para conhecer os códigos da língua. A ideia de que dialogando com a ludicidade nesse processo de letramento é possível fazer com que a criança transforme o mundo letrado, que envolve os conteúdos abstratos e formais, em uma conquista desafiadora e desconhecida, que acontece de forma relacional, reconstrutiva, prazerosa e motivadora. Autores como Piaget, Vygotsky, Freire, Macedo, Alencar, Bacaro, dentre outros, defendem um processo de recriação pela leitura como algo de natureza lúdica nas séries iniciais, sabendo que a criança aprende muito mais por meio do brincar enquanto forma de reconhecimento na socialização escolar e vida social. Por meio da ludicidade a criança desenvolve a autonomia e a afetividade fundamentais para seu processo de alfabetização e aprendizagem no decorrer dos primeiros nove anos de vida.
É importante que os educadores desenvolvam jogos e brincadeiras, a partir da realidade e interesse das crianças, para que elas explorem o mundo em que vivem, tomando decisões, construindo argumentos e desenvolvendo uma visão dialógica do mundo e de si no processo de aprendizagem. Com isso, a criança se situa no mundo para conquistar o seu próprio desenvolvimento e aprendizagem, e se torna alfabetizada com a bagagem cultural lúdica e com as fontes de conhecimento e caminhos diversos apresentados pelo professor. A ludicidade pode ser utilizada de maneira a englobar todas as dimensões humanas de vinculação com uma educação participativa, tornando os processos de aprendizagem mais atrativos e prazerosos na alfabetização.
A ludicidade muda o comportamento infantil, por meio dela a criança desenvolve a autonomia e a afetividade fundamentais para o processo do aprender. Brincando as crianças aprendem a cooperar com os companheiros, a obedecer às regras dos jogos, a respeitar os direitos dos outros, a acatar a autoridade, a assumir responsabilidades, a aceitar as penalidades que lhes são impostas, a dar oportunidades aos demais, enfim, a viver em sociedade. (MACEDO; ALENCAR; BACARO, 2010, p. 5).
Nas séries iniciais da alfabetização é imprescindível a utilização de livros de literatura, que explorem as letras e a criação humana de forma lúdica, artística e imaginativa, conforme podemos identificar no livro “Diário das Invenções”[3], de Leonardo da Vinci. A arte de educar é o resultado de uma evolução que abriga em si o seu passado como condição necessária de sua possibilidade. Com isso, visualizamos a capacidade humana de ultrapassar limites fixados, de deixar contextos estereotipados, a capacidade de criar novos contextos, assim como as tecnologias da informação e comunicação (TIC), que podem ser excelentes ferramentas para explorar e recriar o processo de alfabetização e a releitura do mundo. No contexto do ensino, os recursos tecnológicos ampliam o campo de possibilidades de concretização do ato criativo, pois mostram através de imagens, cores, sons e movimentos as histórias que são contadas e precisam ser recriadas. Daí que o uso das tecnologias pode possibilitar aos educandos desenvolver a capacidade de pensar e fazer arte na contemporaneidade, representando um importante movimento de transformação na vida dos envolvidos (educadores e educandos), na medida em que abre um leque de possibilidades para o conhecimento e a expressão humana. Afinal, também são “reflexões em torno da importância do ato de ler, que implica sempre percepção crítica, interpretação e ‘re-escrita’ do lido”. (FREIRE, 1989, p.14).
Desde o início do séc. XIX era o desenho o elemento principal do ensino artístico, levando a precisão da linha e do modelado. O desenho também aparece como parte das faculdades criadoras, como aprendizagem intuitiva através dos sentidos, destacando a importância pedagógica da criação pelo desenho como um meio do professor descobrir as lacunas da criança e uma forma de auxílio da linguagem oral e escrita, além de ser usada para ensinar a beleza da natureza (BARBOSA, 2006). A arte expressa ideias e sentimentos que muitas vezes as palavras usuais não conseguem explicar. O potencial peculiar da arte, na perspectiva de Vygostky (1988), representa um meio para abstração da realidade e um espaço de construção da (inter) subjetividade humana. Nesse processo, o afeto e as emoções são a base elementar, presente na própria história da arte enquanto história da capacidade humana de ver algo como algo novo, pois é um meio através do qual conseguimos pensar nós mesmos e a nossa realidade em uma perspectiva diferente (VYGOTSKY, 1988). Esta capacidade de sentido antropológico da criança está presente em cada ser humano, através das emoções e afetos de origem individual que, por meio da arte, tornam-se sociais e universais. Em outras palavras, a arte apresenta-se como um pensamento emocional, que construímos quando nos expressamos em relação com os outros de modo afetivo e emocional. A arte é dialética, pois tem uma linguagem que apresenta símbolos da cultura de todos os povos, valores do grupo e a forma da vida social das comunidades, pois é uma tentativa de concretizar o mundo dinâmico dos sentidos humanos comunicantes. A profundidade da experiência humana depende do fato de sermos capazes de variar nossos modos de ver e de podermos alterar nossas visões da realidade e, nesse sentido, as artes são formas para interpretar o mundo, transformando informações, sentimentos, sensações em experiências compartilhadas.
Na verdade, nas séries iniciais tudo é questão de estímulo, pois um leitor ou aprendiz não nasce sabendo, mas se constitui nas ações coletivas e percepções, que integram sentimentos e sensações. Até bem pouco tempo o aspecto cognitivo da leitura, por exemplo, como um hábito poderoso que nos faz conhecer mundos diferentes, de grande potencial à criatividade, imaginação, inteligência verbal e de concentração das crianças, era pouco explorado pelos professores alfabetizadores. Fazer com que a criança queira ler, busque saber, e adentre-se no mundo da arte, do desenho e da imagem, comprovadamente aumenta a habilidade de escutar, desenvolve o sentido crítico, aumenta a variedade de experiências e cria alternativas de aprender prazerosamente. Além disso, hoje oferecer acesso ao computador interconectado com o mundo, pode trazer benefícios para que os sujeitos aprendam a escrever e tenham a oportunidade de publicar as próprias criações artísticas.
[...] A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. (PIAGET, 1998, p. 37).
A criança matriculada no primeiro ano do ensino fundamental muitas vezes não completou 6 anos de idade, isso significa que elas são muito precoces em relação às fases do desenvolvimento cognitivo e comprovadamente estão sendo inseridas prematuramente na escola. Em consequência, estão deixando de explorar instâncias vitais do desenvolvimento da infância, já passando a ter responsabilidades e tarefas, anulando o processo formativo que ajuda a criança no aprimoramento da motricidade presente na ludicidade da vida, uma vez que nesse estágio de desenvolvimento concreto, já necessitam se apropriar de conceitos escolares abstratos. Sendo assim, é necessário o educador ministrar suas aulas com metodologias dinâmicas e lúdicas, porém, aqui surge uma nova lacuna visto que o professor não tem essa formação complexa no decorrer de sua experiência formativa no curso de Pedagogia. De acordo Fortuna (2011, p.59), “o princípio de que os professores se formam professores ao longo de suas vidas renova as formas de pensar na formação docente, solicitando uma reavaliação crítica entre os conhecimentos universitários e os saberes docentes”. Nesse sentido, a autora lança o desafio de revisão e observação cuidadosa no preparo dos próprios formadores de docentes. Em seguida, a autora reforça que “nunca é demais insistir no valor da interação no processo do desenvolvimento de aprendizagem, ainda mais quando o processo envolve formação continuada dos adultos [...]” (FORTUNA, 2011, p.135).
4. Metodologia
Esta pesquisa de enfoque etnográfico trabalha com a descrição das culturas locais e visa uma maior familiaridade com o problema em estudo. A proposta é contextualizada ao cotidiano escolar, no contato com as diferenças e diversidades culturais dos envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem, e adota como técnica de pesquisa a observação participante para analisar a questão provocadora da alfabetização. De acordo com Santos; Souza e Almeida (2012, p. 26), “a etnografia nas práticas alfabetizadoras conduz a se pensar sobre qual é o sentido de alfabetizar e letrar dentro do espaço escolar, que não pode ter práticas pedagógicas homogeneizantes, nem tão pouco modeladoras”. Em outras palavras, podemos dizer que a etnografia é uma abordagem que envolve um processo contínuo de observar, descrever e analisar a vida ou os padrões de uma cultura, no caso específico, o ambiente da sala de aula, para apreender e compreender os hábitos e rotinas dos sujeitos em questão. Desta forma, trata de uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo, no contexto da vida concreta, quando a fronteira entre a alfabetização e o contexto não é evidente e onde múltiplas fontes e técnicas de pesquisa são utilizadas. Após a parte empírica concluída foi elaborada a análise e compreensão dos dados coletados no decorrer do trabalho, tendo em vista o papel do lúdico como potencializador do processo de alfabetização. E nesse percurso, ressignificamos que:
A pesquisa qualitativa, na formação do licenciando, colabora com o entendimento, descrição e compreensão das experiências vividas, principalmente dos educandos, na relação com o conhecimento e com os educadores, em várias dimensões: social, econômica, histórica, afetiva, biográfica, política e das práticas diárias. Ela também estuda as interações e comunicações cotidianas, observando-as e registrando-as. Preocupa-se em compreender como pessoas e grupos dão sentidos e produzem significados sobre o mundo que os cerca. No caso específico, como crianças e educadores dão sentido ao que aprendem e ensinam no contexto escolar. (SANTOS; SOUZA; ALMEIDA, 2012, p.10).
Ao analisar os referenciais teóricos que tratam desse tema na educação, aliando à experiência concreta dos professores, traçamos os desafios e perspectivas da área, as compreensões e os diálogos com o cotidiano escolar das práticas comuns aos professores e estudantes. A rotina da sala de aula, as dificuldades encontradas no cotidiano da instituição escolar devem ser observadas e descritas profundamente para que se consiga entender alguns dos problemas educacionais. Segundo André (1997, p. 103), “ao considerar a multiplicidade de significados presentes numa dada situação, fez com que a investigação da prática pedagógica deixasse de lado o enfoque nas variáveis isoladas para considerá-las em seu conjunto e em sua relação dinâmica”. Cabe destacar que os dados foram coletados na escola Luterana do ensino fundamental do município de Canoas/ RS, através de observações, entrevistas realizadas com 4 alfabetizadoras (duas do 1º ano e duas do 2º ano), buscando indícios e perspectivas aos problemas da alfabetização enfrentados diariamente, dados obtidos juntamente com anotações de campo das observações realizadas nas respectivas turmas. Com este estudo compreendemos mais de perto os métodos lúdicos empregados na escola e o que de fato contribui para a alfabetização das crianças em sala de aula.
5. Resultados e Discussões
Nesse estudo etnográfico foram realizadas observações com turmas do bloco de alfabetização e entrevistas com os educadores sobre a contribuição que traz o lúdico ao processo de alfabetização. Para desenvolver essa investigação foram feitos levantamentos de dados através de questionamentos aos professores alfabetizadores de 1° e 2° ano de ensino fundamental, a partir de uma entrevista semiestruturada, identificando os diferentes métodos utilizados na prática escolar para garantir o avanço na aprendizagem educativa. Com as análises concluímos que o uso de livros interativos e diversificados no processo de alfabetização apresenta potencialidades lúdicas enquanto uma dimensão encantadora, entusiasmante, que traz as marcas de nossa emoção, criação artística e sensibilidade. No entanto, há uma tendência à simplificação e abstração da leitura em termos de ensinar a compreensão, que precisa ser constantemente renovada em termos metodológicos em sala de aula para enfrentarmos conjuntamente os problemas de alfabetização e quebrar as incompreensões. Embora notamos que ainda permanece nos professores investigados o compromisso pedagógico e político de tornar o hábito da leitura um hábito de dizer a palavra mundo, ressignificando assim a leitura crítica da realidade (FREIRE, 1989).
Na fase de alfabetização infantil é importante que os educadores abordem na sua prática diária a ludicidade como impulsionadora de uma aprendizagem global de expressão e desenvolvimento da criança, pois só assim os primeiros anos da alfabetização se tornarão mais significativos e prazerosos para a formação integral dos estudantes. Cabe ressaltar que:
Os primeiros sinais de dificuldade de aprendizagem aparecem, normalmente, na época da alfabetização, pois é o momento onde é exigida da criança uma atenção voltada para as atividades sistematizadas. Nesse sentido, por meio da ludicidade é possível desenvolver na criança a memória, estimular a atenção, se apropriar de conceitos e respeitar regras, condições importantes para que a criança supere suas dificuldades. (MACEDO; ALENCAR; BACARO, 2010, p. 9).
Tudo indica que a alfabetização é a marca mais significativa e importante da vida escolar. Por isso, a necessidade deste estudo para que o tema da alfabetização seja repensado como um momento de recriação da palavra em sua ludicidade e ao mesmo tempo seja um espaço para que a criança possa dizer a sua palavra (FREIRE, 1989). A alfabetização é a base para a vida toda, ultrapassando o espaço escolar intramuros. A função primordial da educação é propiciar aos sujeitos caminhos para que eles aprendam de forma autônoma e consistente os conhecimentos culturais. Daí a importância de reconhecer os atos criativos de ler e escrever como dimensões integradas da vida humana, para oferecer tanto a possibilidade à criança reconhecer o sistema de representação alfabética quanto à possibilidade de sua recriação como participante ativa. O diálogo em torno da alfabetização participativa e criativa implica em reconhecer a dimensão do outro na conquista da escrita convencional como condição básica para participar com sucesso das práticas sociais de leitura e comunicação linguística, de modo a não ignorar o que está por trás das letras e da linguagem escrita. Por tudo isso, é indispensável uma formação continuada para os educadores alfabetizadores, pois é preciso que tenham uma visão mais globalizante do processo de alfabetização e letramento, inovando e desenvolvendo práticas de leitura lúdica, a partir da realidade e dos saberes que construímos na vida cotidiana. Sendo assim, destacamos a ampliação das possibilidades lúdicas de convivência e de estabelecimento de relações diversas em que as múltiplas dimensões humanas possam ser reconhecidas, pois revelarão também as culturas infantis. Afinal,
[...] quais seriam as metodologias alternativas que minimizam as dificuldades encontradas no domínio da leitura? A resposta a essa questão está em que primeiro de tudo: é preciso compreender a realidade educacional como um processo constante, infindável, marcando por ações interesses contraditórios que devem, portanto, comprometer-se com a transformação da escola, transmitindo os conteúdos e habilidades básicas às crianças, com consciência, responsabilidade e amor, só assim pode-se superar a visão deformada da Educação. De um modo geral, as alternativas metodológicas deveriam ser as que proporcionam a construção do conhecimento, como as oficinas de leitura, dramatizações, cantinho da leitura e outros. (VARGAS; VARGAS, 2013, p.1).
O educador que trabalha com a alfabetização tem que ter sensibilidade e flexibilidade para trabalhar os conhecimentos de forma lúdica, para que todos compreendam e assimilem os conceitos (decifrar o que está escrito), porque cada sujeito tem seu tempo e sua maneira de aprender. Ele precisa ainda estar aberto para as transformações sociais e tecnológicas, afinal o professor tem o papel de ser um agente de mudança e colaborar com propostas e ações que viabilizem ensinar a alfabetização, o letramento, sempre buscando novas formas de aprender de maneira crítica e criativa e em contato dialógico com a realidade.
Acerca das questões e observações realizadas sobre as metodologias utilizadas pelas professoras à alfabetização, constatamos que as educadoras utilizam métodos variados e partem da vivência do estudante, pois trabalham com idas à biblioteca, releituras de obras infantis e teatros, porém nem sempre conseguem obter resultados satisfatórios enquanto expressão artística (lúdica), devido ao número elevado de crianças em sala de aula, o que dificulta o trabalho em grupo. Desta forma, evidencia-se que os professores não conseguem desenvolver plenamente e com qualidade o processo de alfabetização, mas esforçam-se para relacionar os saberes com as vivências das crianças para que elas explorem o mundo em que vivem e possam construir suas próprias aprendizagens. Em relação aos benefícios que o lúdico traz nos processos de aprendizagem, identificamos que embora as professoras saibam de sua relevância para a alfabetização e o desenvolvimento infantil diferenciado, percebemos que não é uma prática diária, devido ao despreparo dos educadores, que atrapalha no desenvolvimento do hábito de leituras mais lúdicas. Evidencia-se novamente a necessidade de uma formação continuada para os professores alfabetizadores, no sentido de desenvolverem práticas de leituras lúdicas a partir da realidade e dos saberes construídos na vida cotidiana.
Mas diante dos saberes que cada linguagem comporta ela pode produzir o contato da criança com inúmeros valores e instituições da sociedade de forma simbólica. Por exemplo, ao brincar com alguma cantiga de roda, como A canoa virou, os participantes se deparam com os aspectos musicais, coreográficos e literários da brincadeira, mas, ao mesmo tempo, defronta-se com questões como a escolha de um colega, a espera pela vez, a cooperação para que a roda não se desmanche. Além disso, eles tomam decisões e encontram maneiras de resolver os conflitos que inevitavelmente emanam de qualquer relação entre os membros de um grupo e entre o grupo e a instituição à qual ele se vincula. (SPRÉA; GARANHANI, 2014, p.730).
Fica evidenciado pelos professores entrevistados que o lúdico é uma prática de aproximar experiências de construção de conhecimentos, mas é justificada seguidamente como inviável pela falta de recursos. Tal dificuldade reside também na falta de bons livros nas bibliotecas escolares, livros com belas ilustrações[4], de poemas, histórias intrigantes, de mistério, aventuras vividas preferencialmente por crianças, havendo assim possibilidades de reconhecimento. A história da professora aposentada Dona Sofia ressalta que o poema tem uma dimensão pessoal (do nosso eu), trazendo as marcas de nossa emoção e sensibilidade, por isso, “sempre que pudermos retomar a leitura, ele renascerá belo e com as imagens enriquecidas graças, também, ao nosso enriquecimento interior. Dar um poema de presente seria um elogio, o mesmo que dizer que o nosso presenteado é uma pessoa de bom gosto” (NEVES, 2011, p. 5).
Tudo indica que o lúdico enquanto mediação linguística e literária é uma ferramenta pedagógica que abre novas perspectivas aos processos de alfabetização e letramento, gerando metodologias diferenciadas de aprender, de forma mais prazerosa, concreta e, consequentemente, mais significativa para o desenvolvimento da comunicação e imaginação partilhada. As professoras referem ainda em suas entrevistas que a ludicidade ajuda a criança a sentir vontade de ir para a escola e aprender com os demais colegas. A professora C, alfabetizadora há 27 anos, diz que “a literatura é algo transformador e lúdico, livros devem estar à disposição dos alunos na sala de aula e em todo lugar. Eles são o estímulo para que o aluno escreva e vivencie um mundo novo, com pessoas, formas e diferentes maneiras de enxergar uma situação e explicar o próprio mundo”, corroborando com a afirmação da professora C, “que a leitura deve ser uma prática social fundamental para entender melhor o mundo”.
6. Considerações Finais
Ao analisar as estratégias metodológicas utilizadas pelas professoras para o ensino dos saberes linguísticos que relacionam o lúdico e a alfabetização, constatamos que elas utilizam o lúdico enquanto expressão artística por meio da leitura de textos e livros infantis, construção de poemas, lendas, visualização de filmes, pinturas, teatro, brincadeiras, músicas, jogos, competições, brinquedos diversos, utilização de exemplos de situações cotidianas, para o exercício da cidadania. No entanto, as potencialidades do livro como uma dimensão encantadora, entusiasmante, de contar histórias e explorar narrativas orais, é sempre um ato repleto de descobertas, de impulsos, de contradições, de intencionalidades para formar leitores, construir significados e fazer a leitura do mundo, que traz as marcas da emoção, criação artística e sensibilidade. Por isso, precisa ser uma prática constantemente renovada na sala de aula, especialmente na experiência formativa, pois se verifica uma grande limitação e deficiência do educador, para enfrentar os problemas de alfabetização e atender a diversidade de sujeitos e formas de comunicação. Um país com baixos níveis de leitura como o Brasil precisa utilizar livros diversificados e interativos para favorecer processos de comunicação da língua oral e escrita, provocando mais entusiasmo, mais amizade e empatia pelo mundo da alfabetização, como fonte de integração de aprendizagens sociais.
Referências
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Avanços no conhecimento etnográfico da escola. In: FAZENDA, Ivani (Org.). A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. 2. ed. Campinas: Papirus, 1997.
BARBOSA, A. M. Arte-Educação no Brasil. São Paulo: Cortez, 2006.
BENJAMIN, Walter. Benjamin, Habermas, Horkheimer, Adorno. 2. Ed. São Paulo: Abril cultural, 1983.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Básica. Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade. Brasília, MEC, 2006.
CARVALHO, Silvia Pereira. Os primeiros anos são para sempre. Mestre em psicologia da educação pela PUC-SP, coordenadora executiva do Instituto Avisa Lá – Formação Continuada de Educadores. Disponível em: <www.avisala.org.br>. Acesso em 20 set. 2014.
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2000.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.
FARIA, Ana L. G. de; DEMARTINI, Zeila de B. F.; PRADO, Patrícia D. (orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. 3. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.
FORTUNA, Tânia Ramos. A formação lúdica docente a universidade. 2011. 425p. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre, 2011.
GOMES, C. L. (org.). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
MACEDO, Fernanda Age; ALENCAR, Gizeli Aparecida R. de; BACARO, Paula Edicléia F.. A importância do lúdico no processo de alfabetização no primeiro ano do ensino de nove anos. Universidade Estadual de Maringá –PR, 2010.
PIAGET, J. A Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
QUEIROZ, Tânia Dias & MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica: Jogos e brincadeiras de A a Z. São Paulo: Rideel, 2002.
SPRÉA, Nélio Eduardo, GARANHANI, Marynelma Camargo. A criança, as culturas infantis e o amplo sentido do termo brincadeira. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 14, n. 43, p. 717-735, set./dez. 2014.
SANTOS, Ana Kátia Alves; SOUZA, Maria Anete Marçal; ALMEIDA, Myrla Duarte. Alfabetização para a infância: práticas etnográficas. Coleção PIBID Pedagogia - UFBA Salvador: EDUFBA, 2012.
VARGAS, Giseli M. C.; VARGAS, Alessandra C. Alfabetização: espaços e desafios. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd182/alfabetizacao-espacos-e-desafios.htm> Acessado em: 17 out. 2014.
VYGOTSKY, L. S., LURIA, A.R., LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Icone/Edusp, 1988.
[1] O termo alfabetização significa levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar a ler e a escrever. Assim, a especificidade da alfabetização é a aquisição do código alfabético e ortográfico, através do desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita convencional. Já a palavra letramento significa o processo de relação das pessoas com a cultura escrita. Contudo, não é correto dizer que uma pessoa é iletrada, pois todas as pessoas estão em contato com o mundo escrito (SOARES, 2007).
[2] A infância traz em si a ideia do novo, do princípio ativo da vida, do devir, onde a constituição infantil caracteriza o próprio processo de tradução e criação de conhecimentos. Na verdade, infantil é sinônimo de lúdico na concepção walloniana. Nesse sentido, podemos identificar também a infância lúdica e poética de Walter Benjamin, a infância de novidade de Larrosa, a infância devir de Deleuze. A infância ultrapassa os mecanismos inibidores da obediência e submissão muitas vezes barreiras nos processos educativos e se espalha em memórias, projeções, invenções e nos jogos de imaginação que potencializam os processos de alfabetização (FARIA; DEMARTINI; PRADO, 2009).
[3] Cf. BARK, Jaspre. Diário das Invenções – Leonardo da Vinci. 2. ed. Tradução de Alexandre Coquette. São Paulo: Ciranda Cultural, 2011.
[4] Como exemplo temos o livro “A Caligrafia de Dona Sofia”, que traz em si possibilidades pedagógicas com poemas provocativos de partilha, recriação e reescrita poética (seja desenhando ou escrevendo), como um grande legado da cultura humana, que vai além do capital mercadológico e da indústria editorial. Cf. NEVES, André. A caligrafia da Dona Sofia. 13. ed. São Paulo: Paulinas, 2011.