Reforma Política
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Em texto publicado pela Agência Brasil intitulado "Deputados retomam a discussão em torno da reforma política" é discutido não a reforma tão esperada pelo povo brasileiro, mas algo conveniente para os políticos, fazendo valer o dito popular "a lei existe para beneficiar quem a fez". A lei não é para o bem da nação, não é uma lei embasada na ética, palavra está abolida do vocabulário de nossos políticos.
Nesta reforma está previsto o sistema de voto distrital misto, que segundo a reportagem o eleitor votará duas vezes, um no partido de interesse e outro no candidato de seu distrito, sendo que os votos direcionados ao partido serão contabilizados de forma proporcional indicando o número de cadeiras.
De acordo com a reportagem, o candidato que receber o maior número de votos não transfere votos elegendo outros que obtiveram poucos votos.
O Financiamento de Campanha é para prever que as mesmas aconteçam com recursos "oriundos de um fundo público ou de doações de pessoas físicas, o que a meu ver tem o irônico nome Fundo Especial de Financiamento de Democracia e que terá as mesmas regras de hoje, ou seja, não mudará muita coisa. Trocaremos o famoso seis por meia dúzia.
Obviamente a reforma política tem outros temas nada impactantes à sociedade, apenas para benefício deles mesmos, e a verdadeira reforma fica apenas na ilusão de um povo cada vez mais massacrado.
Tal ação é fruto de uma má educação que compromete toda juventude, pois de acordo com dados do IBGE, o Brasil tem 51,3 milhões de jovens, e jovens em nosso país de acordo com PEC da Juventude aprovada pelo Congresso em Setembro de 2010 são cidadãos entre 15 e 29 anos.
A juventude, normalmente tem características marcantes em uma sociedade, visto que ela é composta por energia, vitalidade e é vista pelo Papa Francisco como a janela pela qual o futuro entra no mundo, ou seja, é o nosso futuro, todavia em nosso país, é um futuro já totalmente comprometido com a inércia e a alienação que essa educação pública oferece.
Hobbes, um grande pensador afirmava em uma de suas principais obras que as sociedades são formadas por meio de um contrato social e isso traria a paz interna, porém, esse contrato deveria se render a uma autoridade, seja ela monárquica e/ou até mesmo democrática que seria o leviatã, uma autoridade inquestionável e podemos acrescentar, de reputação ilibada.
Existe político de reputação ilibada? Existe autoridade inquestionável em nosso país? Existe mesmo a tão falada democracia em nossa política em que um governo usurpador compra votos de políticos mercenários para não ser julgado e afastado do poder, e que hoje tem apenas 7% de aceitação?
Essa reforma política é simplesmente uma estratégia para mais uma vez calar o povo e assim ganhar um pouco mais de tempo no poder para através de sua caneta, afundar ainda mais o país na lama da corrupção.
Os representantes de nosso Estado seguem a risca as idéias de Maquiavel quando deixou claro em seu clássico livro “O Príncipe” que a política é a arte de conquistar, manter, exercer o poder, o governo, e neste caso, seja qual for o custo, este poder tem que ser mantido.
Temos uma juventude analfabeta política que não tem o discernimento em perceber que política derivou-se de politikós que significa cidadãos pertencentes aos cidadãos, ou seja, os políticos estão no poder para representar a vontade de seu povo e não a própria vontade, a custa da miséria da maioria.
A política é um poder do homem sobre o outro homem, e a política está relacionada a tudo, por isso nossos jovens tem que ser instruídos.
Em 428 – 347 a.C. Platão já esclarecia que “o preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior” e temos vários exemplos em nossa sociedade. A meritocracia é uma palavra que não se usa quando se exerce o poder político.
É sabido que em um sistema político ruim, o que é o caso do Brasil, a participação da população também fica ruim, ou seja, o povo passa a ser um fator secundário, e assim, a corrupção se alastra como um câncer a consumir e a infectar as células boas.
Vamos ver o que seria uma boa reforma política, reforma esta proposta por alguns políticos e partidos que ainda não se deixaram contaminar por esta corja de cleptocratas.
Dentre estas propostas que poderiam ser analisadas nesta reforma, temos: fidelidade partidária; candidato avulso (o candidato não precisa estar vinculado a algum partido); redução dos Deputados Federais (513 para 411), redução da Bancada Estadual em 25%, redução de Ministérios, revisão da imunidade parlamentar, limite de 20 salários mínimos para parlamentares federais e estaduais, Fim das verbas de gabinete, das emendas, das frotas de carros Oficiais; e aumento do número de vereadores e conselheiros a receberem apenas ajuda de custo e não salários.
Vale ressaltar que política não é profissão, logo, não faz sentido um salário astronômico como tem os parlamentares em nosso país, dando ao congresso brasileiro o segundo mais caro do mundo, em um universo de 110 países.
Não me assustaria hoje, ocuparmos a vergonhosa primeira posição, com ajuda claro, do nosso governo usurpador que já gastou milhões com suas emendas e compras de políticos mercenários.
Este governo que tem aprovação de apenas 7% da população, a menor marca já registrada em 28 anos, o que reforça a educação dos sonhos destes políticos como sendo a educação pública brasileira e ratificando as falas de Darci Ribeiro quando esclareceu que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”