Relações de Trabalho Na Docência Frente as Mudanças Nos Paradigmas da educação
Introdução
O impacto das mudanças tecnológicas são perceptíveis percebidos facilmente tanto na comunidade quanto nos alunos. Cada vez mais é possível perceber pessoas conectadas, o que a cerca de 10 anos isso não aconteceria. Isto inclui a sala de aula. É comum falar de algum tema em sala de aula e perceber que os alunos conhecem bastante sobre esse tema ou acessam o celular em busca de novas informações, tornando a aula extremamente interativa. Esta conectividade estudantil gera melhorias educacionais e consequentes inovações ligadas aos meios tecnológicos e suas possibilidades de ampliação do conhecimento, tanto na forma de ensinar como na forma de aprender.
Contudo, esta mudança do processo de ensino aprendizagem gera uma mudança nas formas e nas relações de trabalho. Os docentes que antes não tinham engajamento na dinâmica do mundo tecnológico, tal como o computador e seu meio interativo, são cobrados sobre a utilização de tecnologias em sala de aula tem a necessidade de se adaptar a essas inovações para poderem continuar dentro do mercado de trabalho de forma competente e melhorarem suas aulas.
O docente, o mundo tecnológico e o trabalho
É preciso uma constante evolução das formas de conhecimento e de como este conhecimento é passado, de forma a potencializar todo o processo. Os estudantes normalmente já estão imersos em meio a esse furacão revolucionário tecnológico atual e com isso a adaptação por parte deles a essa nova esfera de conhecimento acontece quase de forma espontânea, estando engajados no mundo virtual e tecnológico A esfera tecnológica é inovadora tanto para o educando, como também para o educador e, é claramente necessária, a interação desses no meio das ciências tecnológicas para a otimização da realização da prática pedagógica.
O professor deve ter consciência que sua obrigação, além de lecionar o conteúdo da matéria para os alunos, é formar cidadãos com senso crítico. O problema é que muitas vezes isso é feito de forma incompleta, errônea e cobrada através de avaliações.
Esse processo de ensino-aprendizagem não é algo estático e imutável. Primeiramente partindo dos papeis de cada um nesse processo: educador e educando. Paulo Freire em seus vários livros de pedagogia cita a inversão que muitas vezes ocorre desses papeis: o educador-educando e o educando-educador.
Além disso, devemos também levar em consideração que ensinar e aprender é algo inerente da condição humana e existente desde o início dos tempos pré-históricos. Os estudos sobre pedagogia e formas de ensinar e aprender também passaram por diversas transformações e tiveram diversos estudiosos (Piaget, Vygotsky, Wallon, Emília Ferreiro, Rousseau, Paulo Freire, Içami Tiba, entre outros).
A compreensão dos processos de mudança didática dos professores de ciências tem sido alvo de muitos estudos, e é elemento essencial para planejar programas de formação inicial e continuada de professores (MELLADO, 2003). A mudança didática, entretanto, é um processo complexo, no qual intervêm diversos fatores (DAVIS, 2003).
VAITEKA, et al em diversas pesquisas com professores chegou a conclusão que “ensinar significa transmitir conhecimentos (59%), promover autonomia (4%), e uma soma entre transmitir conhecimento e despertar o interesse do aluno (22%). Aprender é assimilar conhecimentos (48%), conseguir explicar usando as próprias palavras (15%), desenvolver capacidades de argumentação (15%) e aplicar conhecimentos (11%). Para 64% dos licenciandos um bom professor deve possuir características afetivas (ser paciente, atencioso, preocupado, respeitoso); para 36% deve despertar o interesse dos alunos; e para 32% o principal é dominar o conteúdo.”
Desta forma, considerando o aspecto de transmissão de conhecimento, que o professor está inserido e a mudança do paradigma da educação tradicional, ocorre uma cobrança para que o profissional docente esteja cada vez mais inserido no contexto tecnológico e disponível para resolução de problemas através de ferramentas de comunicação instantânea, entendendo aqui como principal exemplo, o WhatsApp.
O docente sempre teve duas jornadas de trabalho: dentro e fora da sala de aula, sendo que a mudança no paradigma educacional e nas relações de trabalho ocorrem em ambos.
Dentro da sala de aula é o processo de lecionar propriamente dito, no qual atualmente ele deve ir além do tradicional giz e lousa, tendo que utilizar em suas aulas diferentes tipos de mídias. Desta forma tendo que cada vez mais se capacitar, e muitas vezes não tendo subsídios da instituição educacional para isto.
Fora da sala de aula o professor precisa, além de planejar aulas, corrigir atividades e outras funções tradicionais (mais uma vez citando que isto é cobrado sobre um arcabouço tecnológico) precisa também estar disponível online, para responder questões de estudantes, coordenadores, diretores e outros stakeholders educacionais. Portanto muitas vezes têm-se um aumento da jornada de trabalho e um incremento do tipo de atividade e da cobrança desta atividade.
Conclusão
A cobrança da sociedade tecnológica abarca o processo de ensino aprendizagem. A conectividade dos alunos gera uma cobrança em relação ao docente, tanto na melhoria das suas aulas com utilização de tecnologias, quanto na ampliação da sua jornada de trabalho estando disponível virtualmente. Cabe salientar, que este trabalho não visa criticar o aspecto do mercado de trabalho de cobrar do docente uma melhoria do processo de ensino, pois afinal vive-se em um mundo laboral que cobra a melhoria contínua. Entretanto exprime certa angustia na cobrança sem subsídios destes profissionais e do excesso de trabalhos além da jornada de trabalho, tendo que estar disponível de forma online para demandas trabalhistas.
Bibliografia
Davis, K.S., Science. Education. 2003, 87(1), 3.
Mellado, V.J., Enseñanza de las Ciencias, 2003, 21(3), 343.
Silva, M. Pedagogia do parangolé - novo paradigma em educação presencial e online. Disponível em: <www.ensino.eb.br/artigos/parangole.pdf>. Acesso em: 06 de maio de 2018.
Vaiteka, S. et al. A reflexão sobre as concepções de ensino-aprendizagem em uma disciplina de formação inicial de professores de Química. Disponível em: < https://sec.sbq.org.br/cd29ra/resumos/T1701-1.pdf>. Acesso em 06: de maio de 2018.