28/11/2016

Relicário da Educação Pública

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

A educação ou falta dela é a chave para qualquer mudança social, seja para melhor ou pior e isso nos remete a educação pública nas décadas passadas, exceto na época da amarga ditadura em que o país começou a preparar sua lápide na educação pública dizendo “aqui jaz uma educação pública de qualidade”.

Isso se deu porque houve realmente uma expansão, mas esta não acompanhou a qualidade. Observe como a história se repete. Hoje temos o PEC 241/2016 que virou PEC 55 que simplesmente corta alguns gastos, principalmente na educação e isso aconteceu na Constituição de 1967 aprovado pelo regime Militar em que desobrigou a União a investir o mínimo na educação, lembrando que antes da ditatura, era reservado para a educação um total de 12% do PIB em educação[1], além dos estados e municípios e disponibilizarem 20% do orçamento na área.

Ao analisarmos essa situação, poderemos perceber que foi a partir deste momento, que a educação pública começou a chegar ao nível de sofrível a péssima e até hoje colhemos seus frutos amargos como mais de 65% dos alunos brasileiros no 5º ano da escola pública não saberem reconhecer um quadrado, um triângulo ou um círculo.[2] A situação piora, porque no 9º ano, cerca de 90% dos alunos não sabem converter uma medida dada em metros para centímetros e 88% não conseguem apontar a ideia principal de uma crônica ou poema.

Isso nos prova que números não significam nada e quando se trata de números, o sistema é bom em fabricar, porque na verdade, a educação brasileira tem fabricado números para ludibriar a sociedade.

Hoje temos a certeza que nossa educação pública não passa de um curral político formado por uma massa de analfabetos políticos, analfabetos funcionais e de uma nefasta domesticação subalterna perante o sistema.

Os resultados colhidos hoje, nos remetem a educação no tempo de nossos pais e avós que era com mais qualidade, e nos permite fazer uma analogia a música relicário composta por Nando Reis em que diz “O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou [...] O que você está fazendo? Milhões de vasos sem nenhuma flor”.

E assim caminhamos com nossa educação pública sendo novamente sucateada e desvalorizada. Temos milhões de vasos sem a semente da perspectiva, sem sonhos e sem amanhã, devido ao rebaixamento cultural e a esterilização do conhecimento.

Neste relicário foram colocados verdadeiros tesouros como respeito ao professor, valorização do profissional e disciplina, além dos conteúdos coerentes com as perspectivas de crescimento do povo e da Nação.

Precisamos abrir este relicário e fazer uso dessas verdadeiras relíquias para que a educação pública de qualidade não se transforme em lembranças e lendas a serem contadas por nossos netos e bisnetos.

 

 

 

 


[1]Para mais informações vide https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/entrevistas/reforma-educacional-da-ditadura-eliminou-exigencia-de-gasto-minimo-com-educacao

 

[2] Para mais informações vide http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/01/bo-ensino-publico-no-brasilb-ruim-desigual-e-estagnado.html

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