30/09/2025

Rendimento Escolar em Matemática: Os Desafios do SAEB

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Denize Fabiani Longhi

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Rosely Ribeiro da Costa Pivetta

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Bernadete Polinarski

Ensino Medio. Primavera do Leste, MT.

Lingli Giani Nunes

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Rejane Rodrigues de Oliveira

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

 


      A educação básica no Brasil enfrenta um de seus maiores desafios no campo da Matemática. Historicamente, os resultados dessa disciplina têm se mostrado inferiores em comparação a outras áreas, refletindo não apenas dificuldades de aprendizagem, mas também questões estruturais, pedagógicas e sociais. Nesse contexto, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) desempenha um papel central, pois se tornou a principal ferramenta para aferir a qualidade da educação pública no país, permitindo identificar avanços, retrocessos e desigualdades. Entretanto, os resultados do SAEB também revelam os limites da política educacional brasileira e os obstáculos enfrentados para elevar o rendimento escolar em Matemática.

      Um dos principais desafios do SAEB está na persistente baixa proficiência dos estudantes. As avaliações, aplicadas periodicamente a alunos de diferentes etapas da educação básica, mostram que grande parte dos estudantes não atinge níveis adequados de desempenho em Matemática. Isso significa que muitos concluem o ensino fundamental e até mesmo o médio sem dominar conteúdos básicos, como operações, interpretação de problemas e raciocínio lógico. Essa realidade compromete não apenas a trajetória escolar, mas também as possibilidades de inserção social e profissional dos jovens.

      A dificuldade em Matemática não se explica apenas pelo esforço individual do estudante, mas por um conjunto de fatores estruturais. As escolas brasileiras, em especial as públicas, enfrentam problemas como falta de recursos didáticos adequados, ausência de formação continuada consistente para os professores e desigualdade de acesso à educação de qualidade. O ensino da Matemática, muitas vezes, é marcado por métodos tradicionais, centrados na repetição de fórmulas e procedimentos, sem conexão com situações concretas do cotidiano. Isso gera desinteresse e dificulta a compreensão de conceitos abstratos, tornando a disciplina uma das mais rejeitadas pelos alunos.

      Outro ponto importante revelado pelo SAEB é a desigualdade regional e social nos resultados. Estudantes de escolas situadas em regiões mais pobres, especialmente no Norte e no Nordeste, tendem a apresentar índices de rendimento significativamente mais baixos em comparação aos de regiões mais ricas, como Sul e Sudeste. Essa disparidade reforça que a questão do aprendizado em Matemática não pode ser tratada de forma isolada, mas vinculada às desigualdades históricas e estruturais do país. Além disso, as diferenças entre redes públicas e privadas também indicam que o problema é atravessado por questões de acesso e condições de ensino.

      Apesar dessas dificuldades, o SAEB também aponta caminhos possíveis para a melhoria do rendimento escolar em Matemática. O diagnóstico detalhado das lacunas de aprendizagem pode orientar políticas públicas mais eficazes, como programas de reforço escolar, formação continuada de professores e currículos que valorizem metodologias ativas e contextualizadas. Experiências que relacionam a Matemática com problemas reais, uso de tecnologias educacionais e incentivo ao pensamento crítico têm mostrado potencial para tornar a disciplina mais atrativa e significativa para os alunos.

      A superação dos desafios identificados pelo SAEB exige, no entanto, um esforço conjunto entre gestores, professores, famílias e sociedade. Não basta apenas aplicar avaliações e registrar resultados: é necessário traduzir os dados em ações concretas, acompanhadas de investimento adequado em infraestrutura, valorização docente e políticas de equidade. O rendimento escolar em Matemática só melhorará quando houver compromisso com a redução das desigualdades e com a criação de um ambiente educacional capaz de estimular a aprendizagem de todos os estudantes.

      Em síntese, o SAEB cumpre a importante função de revelar as fragilidades do ensino de Matemática no Brasil, mas também escancara os desafios que precisam ser enfrentados para transformar esses diagnósticos em avanços reais. Melhorar o rendimento escolar nessa disciplina é condição indispensável para que o país forme cidadãos críticos, capazes de enfrentar os problemas do cotidiano e participar ativamente do desenvolvimento científico, tecnológico e social. O futuro da educação brasileira passa necessariamente pela superação dos obstáculos identificados nas avaliações, tornando a Matemática não um fardo, mas uma ferramenta de emancipação.

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