29/09/2025

Responsabilização dos Pais na Indisciplina e Aprendizagem dos Filhos: Desafios e Corresponsabilidades

Rotina-escolar

Adalgisa Pereira Corrêa Alves

Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e Inglês. Especialista em Docência para Educação Profissional. Primavera do Leste, MT.

Sandra Ribeiro da Silva

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docência para educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Heloiza Tainá de Souza

Graduanda em Psicologia. Primavera do Leste, MT.

Silvana Regina Brancalhão Mazzo

Licenciatura em Pedagogia. Graduação em Administração. Primavera do Leste, MT.

Joelma Veiga da Silva

Licenciatura em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.

 


      A responsabilização dos pais pela indisciplina e pela aprendizagem dos filhos tem sido tema recorrente no debate educacional contemporâneo, sobretudo diante dos desafios enfrentados pelas escolas no ensino fundamental. A família, como primeira instituição socializadora, exerce papel fundamental na formação de valores, atitudes e hábitos que influenciam diretamente o desempenho escolar e o comportamento das crianças. Embora a escola tenha a função de transmitir conhecimentos sistematizados e promover a socialização, não se pode atribuir a ela, de forma exclusiva, a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso educativo. A participação ativa da família, especialmente dos pais, é condição indispensável para que o processo de ensino-aprendizagem se concretize de maneira efetiva.

      No que se refere à indisciplina, é importante compreender que as atitudes das crianças na escola refletem, em grande medida, os padrões de comportamento aprendidos no ambiente familiar. A ausência de limites claros, a falta de diálogo e o distanciamento dos pais na vida escolar dos filhos tendem a favorecer comportamentos inadequados em sala de aula. Conforme aponta Aquino (1996), a indisciplina não surge isoladamente, mas resulta de uma combinação de fatores sociais, afetivos e institucionais. Nesse contexto, a família tem responsabilidade direta em oferecer condições de convivência pautadas pelo respeito, pela escuta e pelo estabelecimento de regras que ajudem a criança a compreender os limites de sua atuação em sociedade.

      A aprendizagem também está intimamente ligada à participação da família. Diversos estudos mostram que o acompanhamento dos pais nas tarefas escolares, o incentivo à leitura e a valorização do estudo influenciam positivamente no desempenho acadêmico das crianças. A escola, por si só, não consegue garantir a aprendizagem se não houver continuidade e apoio no ambiente doméstico. Freire (1996) já destacava que a educação é um processo compartilhado e que exige corresponsabilidade, sendo a escola e a família parceiras indissociáveis na formação das novas gerações. Quando os pais se omitem de sua função educativa, transferindo integralmente à escola a tarefa de educar, comprometem não apenas o aprendizado, mas também a formação cidadã de seus filhos.

      Por outro lado, responsabilizar os pais pela indisciplina e pela aprendizagem não significa culpabilizá-los de maneira simplista, ignorando os contextos sociais e econômicos em que estão inseridos. Muitas famílias enfrentam dificuldades como longas jornadas de trabalho, precariedade econômica e baixa escolaridade, fatores que impactam sua capacidade de acompanhar os filhos. Nesse sentido, a responsabilização deve ser compreendida como corresponsabilidade, ou seja, uma parceria em que escola e família compartilham deveres e buscam estratégias conjuntas para favorecer o desenvolvimento da criança. Cabe à escola criar espaços de diálogo, orientação e acolhimento às famílias, evitando uma postura de cobrança unilateral.

      A legislação brasileira também reconhece essa corresponsabilidade. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 22, estabelece que é dever dos pais “sustentar, guardar e educar os filhos menores”. Isso significa que o processo educativo não se limita à escola, mas deve ser vivenciado cotidianamente na família, que tem a missão de acompanhar e estimular a aprendizagem, além de orientar sobre valores éticos e sociais. A indisciplina, nesse contexto, deve ser tratada não apenas como problema escolar, mas como questão formativa que exige o envolvimento da família na construção de soluções.

      Assim, a responsabilização dos pais pela indisciplina e pela aprendizagem dos filhos implica reconhecer que a formação integral da criança depende da articulação entre família e escola. Quando ambas as instituições trabalham de forma colaborativa, os resultados são mais significativos, tanto no desempenho acadêmico quanto na socialização. Mais do que apontar culpados, trata-se de fortalecer vínculos e construir parcerias que garantam à criança o direito a uma educação de qualidade.

      Em síntese, os pais têm papel central e insubstituível no processo educativo, cabendo-lhes oferecer apoio, acompanhamento e orientação contínuos aos filhos. A escola, por sua vez, deve atuar como parceira, promovendo canais de comunicação, acolhimento e orientação às famílias. Ao compreender a educação como responsabilidade compartilhada, é possível enfrentar os desafios da indisciplina e da aprendizagem de forma mais eficaz, garantindo que crianças e adolescentes se desenvolvam como sujeitos críticos, éticos e conscientes de seu papel na sociedade.

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