Roda Viva
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Não é a toa que Chico Buarque sofreu duras perseguições na ditadura militar, mas ele era um dos artistas que estava além do seu tempo, e com uma simples música, ele retrata a amarga realidade até hoje. Realmente a gente se sente como quem partiu ou morreu e a gente estancou de repente. Estamos inertes diante de tantos desmandos e picaretagens.
Procurando informações para me atualizar, e passando-as pelo crivo da "verdade" menos manipulada por mídias como Veja, Isto é, Globo e Cia, deparo-me com uma manchete que enoja qualquer educador. A mesma é intitulada "Ministro da Educação diz que é preciso acabar com “regalias” de professores para equilibrar contas", e mais uma vez é constatado a arrogância e despreparo em lidar com educação pública de nosso então ministro da educação.
Uma pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ressalta que o Brasil é o país com o maior número de violência contra professores. A mesma pesquisa revela que 12,5% dos professores entrevistados no Brasil são vítimas de agressões verbais ou intimidações de alunos pelo menos uma vez por semana, sendo que na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero
Essa pesquisa justifica as regalias que os professores têm? E quanto aos alunos que portam vários tipos de armas, sejam brancas ou de fogo? Nosso ministro é bom em falar estultices sem conhecimento de causa.
Podemos perceber que uma das formas de se resolver o rombo da economia seria rever as regalias que estes políticos têm como ótimo salário, motorista particular pago com o dinheiro do contribuinte, tanque cheio, conta de telefone celular paga, direito a passagens aéreas para viagem até mesmo a passeio, duas férias por ano, plano de saúde sem desconto e com reembolso total de qualquer tipo de despesa médica, jornada de trabalho de apenas três dias, casa para morar, verba para comprar terno e gravata, jetons, etc...
Outra forma é fazer como alguns países fazem com patrimônio dos traficantes, é leiloar os bens dos corruptos e obrigá-los a devolverem os dinheiros desviados ou recebidos por trocas de favores.
Fazer com que o fisco seja mais justo e reveja os políticos que enriqueceram com o dinheiro público, lavagem de dinheiro, contas em paraísos fiscais, dente outras imundices que são jogadas para debaixo do tapete e muitas vezes ignorada pelo povo.
Nós professores não gozamos de privilégios, apenas direito, pois somos um dos poucos profissionais a buscar uma formação continuada visando sempre o processo de melhoria das práticas pedagógicas de forma a provocar inovação na construção de novos conhecimentos, dominando assim a arte de encantar e reencantar o aluno, fugindo a padronização, ao instrucionismo, ao adestramento e ensino bancário, coisas que nosso governo insiste que façamos para que a educação gere em seus alunos uma domesticação subalterna e não um ser crítico, protagonista e agente cognoscente.
Somos profissionais a enfrentar problemas como baixos salários, sindrome de burnout, bulling dentre outros reveses como já citados acima.
Não somos profissionais com notório saber, pois temos conhecimento de causa e licenciatura para atuarmos como educadores e muitas vezes abrangemos áreas multi/inter/transdisciplinar como antropologia, filosofia, psicologia, psicopedagogia, pedagogia, sociologia, assistência social e política. Resumindo, somos profissionais a oferecer uma educação como transformação da sociedade, pois, ensinamos nossos alunos a dizer não ao controle de pensamento, fazendo-o ser pensante, crítico e proativo.
Ser professor é ser profissional a carregar consigo uma marca que é a estranha mania de ter fé na vida.