09/04/2020

Sociedade Hobbesiano

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            Esta pandameia causada pelo Covid-19 (coronavírus) nos ajudou a melhor entender os conceitos defendidos por Joseph Luft e Harry Ingham, e que se baseia em quatro eus, sendo eles o eu aberto, o cego, o secreto e o eu desconhecido.

            No meu livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para Cidadania Critica, publicado pela WAK em 2009, é ressaltado que o eu aberto é conhecido por nós e pelos demais, o eu cego é conhecido pelos outros e desconhecido por nós mesmos; o eu secreto é a parte que eu escondo dos outros, pois sei que não será agradável saberem e por último o eu desconhecido e ele é desconhecido pelo próprio sujeito e também pelos outros.

            Interessante perceber que com esta pandemia, o eu secreto, deixou de ser secreto, pois ela descortinou e véu da hipocrisia e explicitou o mau caratismo, reforçando assim as ideias do filósofo Thomas Hobbes (1588-1679) quando afirmava que o homem era o lobo do homem, embora esta frase tenha sido traduzida do latim e proferido por um dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.) e que dizia "homo homini lupus".

            A ideia deste texto não é dar ou tirar crédito de ambos pensadores que já percebiam a pequenez do ser humano.

            Importante perceber que o ser humano na visão de Thomas Hobbes é um ególatra e se acha no direito de aproveitar dos mais fracos, e tem uma essência de explorador que o impulsiona a usurpar o que é do outro, colocando-se acima dos demais, tendo como prioridade máxima o seu bem estar independente o coletivo, aliás, não existe coletivo para ele.

            Passado mais de três séculos, a sociedade ainda continua ser hobessiano, pois não tem demonstrado comprometimento moral, o que é ressaltado por Harari em seu livro 21 Lições para o Século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018.

            Para o autor acima, a moralidade tem profundas raízes antigas e precedem o surgimento do gênero humano em milhões de anos. Dito isso, o autor cita como exemplo alguns mamíferos que vivem em comunidade como lobos, golfinhos e macacos pois eles têm códigos éticos adaptados pela evolução para promover a cooperação no grupo.

            Observe o quanto nossos políticos poderiam aprender com os chipanzés, já que membros dominantes respeitam os direitos de propriedade de membros mais fracos, todavia, o maior representante do povo, simplesmente usurpa seus direitos para beneficiar os membros dominantes da sociedade.

            Arruda que é psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião, esclarece em um texto publicado no jornal O Povo online[1] que . em 195-185 a. C. o dramaturgo e poeta romano conhecido como Publio Terêncio Afro disse " Homo sum: nihil humani a me alienum puto", ou seja, "Sou homem: nada do que é humano me é estranho", ou seja, somos passiveis de erros, mas o nosso maior erro está na falta de empatia, pois esta falta nos faz o mais vil dos seres humanos.

            A situação é tão extrema que o fanatismo está se exacerbando com discurso de ódio e preconceito proferidos por ministros, parlamentares e até por nosso presidente, deixando claro que o povo não representa nada para a máquina capitalista.

            Hodiernamente quem percebe o contexto acima, passa a ser visto como partidário de ideologias comunistas, ou seja, você que é um pouco politizado não pode ter uma percepção correta das coisas, pois é visto como se estivesse levantando uma bandeira esquerdista.

            Por isso a educação deve ser a trabalhada por Paulo Freire, visto como um ícone da educação. Para ele a mesma deve ser libertadora e protagonista, fugindo a alienação, a subalternidade e a servilidade.

            Justamente por ele ter se dedicado a este tipo de educação é que estes políticos que são a escória da humanidade, tentam desconstruir a sua imagem perante a sociedade.

            Uma educação libertadora, como Freire enfatiza em suas obras, implica na mudança e na transformação do próprio educando, dito isso, o  isolamento social, apesar de ser uma decisão contrária ao governo Federal, é um momento que poderemos aproveitar para o nosso autoconhecimento bem como desenvolvermos um pouco o nosso altruísmo, fazendo com que exista apenas o eu aberto dos quatro eus citado acima, pois o que eu sou tem que ser o que eu demonstro ser, sem hi

 

[1] Para mais informações vide http://blogs.opovo.com.br/sincronicidade/2011/06/15/nada-do-que-e-humano-me-e-estranho/

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