Sociedade Perversa

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

Todos falam da importância da inclusão, mas em muitas situações esta palavra se esvai com o tempo e um caso bem peculiar foi o do jovem que invadiu a jaula de uma leoa.

O sonho dele era ser domador de leões, mas sabia-se ser um sonho ingênuo, pois faltava-lhe o discernimento para entender as dimensões do perigo desta profissão.

Este jovem que morreu, representa centenas e até mesmo milhares de jovens que têm suas vidas ceifadas pela exclusão, pelo abandono e pela dor não apenas da sociedade, mas principalmente dos familiares que deveriam ser os primeiros a ampararem jovens assim.

Apesar de muitas religiões afirmarem que somos imagem e semelhança de Deus, o ponto falho nesta fala é que somos na verdade, vermes rastejantes a procura de algo que nos motive a viver em uma vida medíocre.

O jovem morreu, mas o sentimento de exclusão que a sociedade carrega consigo não se foi, simplesmente será transferido para outra pessoa que não se insira nos padrões de normalidades.

Como afirmava Renato Russo, a humanidade é desumana, e isso nos remete a Antiga Roma ao qual o imperador jogava os cristãos na arena para serem devorados pelos leões a multidão aplaudindo, torcendo sempre pelos leões. Não foi diferente com este jovem.

Este jovem tinha um nome que era Gerson, apesar de não ter uma família que o amparasse, tinha amigos que testemunharam seu sofrimento e participaram da busca por um atendimento psicológico/psiquiátrico mas que o Estado negou por diversas vezes.

Hipocritamente, bravejamos que falta empatia na sociedade; na verdade, falta tudo, inclusive humanidade. Somos seres bestiais que a nos alegrar com a desgraça alheia e torcendo sempre pelos leões.

Na verdade nós somos os leões a devorarem os que não entram na medida de nossa régua.

Somos os leões a cumprir o papel de Procusto, ceifando os diferentes.

Somos os verdadeiros algozes de uma sociedade que grita por socorro, sucumbida na lama da corrupção, da indiferença para com o seu povo.

Faltou tudo para este Gerson, conhecido como Vaqueirinho e que tinha distúrbios mentais, só não faltou a torcida para a Leoa Leona que instintivamente defendeu o seu território.

Quando vejo como anda a sociedade, me agarro ainda mais na educação como antídoto para este câncer que se autodenomina ser humano.