TEXTOS ESCRITOS E EDITADOS PELA AUTORA SUSAN PEARCE
TEXTOS ESCRITOS E EDITADOS PELA AUTORA SUSAN PEARCE VISÃO ANALÍTICA SOBRE OS TEXTOS: COLEÇÕES: CORPO E ALMA - COLECIONADORES E COLEÇÕES Rose Cristiani Franco Seco Liston Em seu texto intitulado Coleções: Corpo e Alma, a autora Susan Pearce liga a noção de narrativa para a recolha, observando que coleções são elementos significativos na nossa tentativa de construir o mundo e por isso o esforço para compreendê-los é uma forma de explorar o nosso relacionamento com o mundo. Susan ( 1992, p. 36) nos descreve que os museus , como sabemos, guardam materiais da cultura passada, sendo que estes, são guardados objetos por objetos, trazendo cada qual a sua característica. Pois sabe-se que o material cultural não chegou aos museus num constante e firme fluxo, uma peça de cada vez. Neste primeiro texto observa-se que a preocupação dos colecionadores era envolvido com objetos relacionados ao corpo e a alma, valores materiais. Partindo do princípio que as coleções são parte importante da maneira de como construir-se o mundo, pois a noção crucial semiótica é da metáfora e metomínia, a chave que nos ajuda a destravar um aspecto fundamental da natureza das coleções, ou seja, tudo que está numa coleção seja que modo tenha sido feita resulta em uma seleção, essa por sua vez, é um ato crucial de um colecionador, independentemente da intelectualidade, economia ou razões indiosicráticas que o colecionador tenha quando ele decide como a coleção funcionará, o que ele escolherá e o que rejeitará. Sabe-se o que ele escolhe suporta um intrísico, direta e orgânico relacionamento, que é o relacionamento metonímico, para o material do corpo do qual foi selecionada por que faz parte integrante dele. Diante desta visão, Susan nos relata que o processo cognitivo o qual o colecionador experimenta se liga na questão da alma, pois Ellen (1988 apud PEARCE, 1992, p. 38-39) identifica quatro razões no processo cognitivo no trabalho, na geração deste tipo de representação cultural, que são: 1. o reconhecimento de uma existência concreta ou da concretização das abstrações; 2. o estado de espírito no qual o significador e o significado recombinam em um só. 3. a atribuição de qualidades de organismos vivos para o objeto, frequentemente humanos. 4. um relacionamento ambíguo entre o controle do objeto por pessoas, e de pessoas por objetos. O que observa-se neste contexto descrito acima é que o mesmo é um modo benéfico de ordenar o pensamento a respeito da genesis de todas as formas do acumúlo de objetos e particularmente de como fazer uma coleção como qual nesse caso nos preocupamos. Os quatro princípios relatados podem ser organizados como momentos significativos num processo linear, onde o colecionador começa com sua experiência sensorial da descontinuidade do natural e cultural, que é a sua percepção que as coisas são diferentes uma das outras e que essas diferenças podem ser a base para idéias a respeito do que é selecionado e do que é rejeitado. Todo escolha do objeto, ou seja, o material físico numa coleção é escolhido baseado no seu processo, poe exemplo, estrelas do mar ou louças Romanas são vistas, sabe-se que eles tem seus próprios atributos distríbuidos e tem seus próprios nomes descritos no esquema contemporâneo das coisas. Os verdadeiros objetos são reconhecidos em respostas a seus nomes e descrições e são selecionados para fazerem parte da coleção. Susan (1992) nos relata que na prática os verdadeiros objetos e o processo cognitivo que lhes dá sentido nunca estão separados em nossas mentes, pois isto acontece porque estamos lidando com o mundo material o qual, como já relatado, os objetos são sempre realidade ou metonímico dentro do seu próprio mundo e o sujeito da nossa imaginação metafórica. Entretanto, é muito importante, conhecer a metáfora (ou significado, mensagem) que tem sido acrescentada ao material original pela percepção humana, dessa experiência humana veio a percepção que é compreensão, que é imposta ao mundo a qualquer momento , mas essa compreensão humana parece relutante em reconhecer esta distinção, sendo que a mesma tente a supor que uma vez que o objeto pertence ao mundo real a interpretação metafórica também, uma peça do próprio engano no qual o significador e o significado são combinados. O que pode-se ser analisado neste texto é que todo o processo de coleção esta relacionado a pontos predominantes como: o impulso , o desejo de colecionar; coleções como um jogo e coleção como auto extensão (poder) etc. Todo este processo relaciona-se ao modo de pensar de cada colecionador, o porque de colecionar. Quando fala-se em impulso, desejo de colecionar pode-se perceber que em um mundo de objetos, pessoas diferentes tomaram coisas diferentes em seus corações, cada um com seu valor pessoal, pois a cada definição de coleção, se abre inevitavelmente irritantes objeções baseadas em exemplos específicos, ou seja, definições são utéis quando nos levam a ponto claros e quando se fala em coleções, tem-se várias formas de analisá-la, conceituá-las. Susan (1992, p. 48) relata que Durost (1932, p. 10) um dos primeiros estudantes de coleção disse: Uma coleção é basicamente determinada pela natureza do valor fixado pa os objetos ou de idéias. Se o valor predominante do objeto ou idéia para a pessoas que a possui é intrínseca, isto é, se é avaliado primeiramente para uso,ou propósito ou qualidade estética ou outro valor inerente ao objeto ou aumentando por seja quais forem as circuntâncias da clientela, formação ou hábito, não é uma coleção. Portanto, o interesse do colecionador não é limitado pelo valor intríseco do objeto de seu desejo, não importa o que custa, ele deve tê-los. Outra forma de se obter um objeto é através do jogo, possuí-lo como coleções de jogo e perto do jogo, ou seja, Susan nos relata que nos tempos modernos colecionar está intrinsicamente enredado com a sociedade capitalista e uma das principais características dessa sociedade é aguçada distinção entre ocupação e prazer, trabalha o jogo no qual o mesmo venha para assumir dimensão filosófica de si mesmo. Entretanto, para os colecionadores, colecionar é caracteristicamente uma atividade prazeirosa que acontece numa hora diferente e num lugar diferente do dia de trabalho. Obter um objeto para uma coleção significa obtê-lo através de regras que é característica do jogo da coleção e que constitui o colecionamento com o todo, onde uma idéia que objetos e espécies pertencem a uma mesma classe, mas mostram diferenças detalhadas, por exemplo, apartir do momento em que começa-se a colecionar selos, você delimita regras, de colecionar selos somente de uma determinada espécies, ou seja, somente selos postais da década de 50 de todos os países, você atribui um regra, um jogo. Diante deste contexto pode-se observar que os objetos de uma coleção tem uma ligação verdadeira com o mundo, onde os conjuntos podem ser vitsos como criações artísticas, fora ou dentro de si, parte da ligação do passado com o presente, ou seja, os colecionadores procuram o que eles amam e se envolvem em um esforço de auto-afirmação que é caracteristicamente humano, não importanto o quão trivial o material seja, onde ele próprio nunca é trivial. O segundo texto Colecionadores e Coleções, descreve conforme relatado por O’Brien (1981 apud BELK, 1994, p. 317) que um entre três americanos estima colecionar algo. Colecionar é uma forma de consumo comum e intensamente envolvente. Quase não há trabalho anterior na área de pesquisa do consumidor. Este texto define o colecionar e apresenta alguns achados iniciais de pesquisa qualitativa sobre colecionadores. Proposições são derivadas de investigação adicional com respeito ao aparecimento e natureza do colecionar na sociedade americana contemporânea. Portanto Belk (1994) nos relata que por não existir um modelo integrado abrangente do colecionar na literatura da ciência social, aumenta-se o número de proposições em direção a um final. Os dados descritos por O’Brien sugerem que as coleções podem ser conseqüentemente classificadas em pelo menos três dimensões ou distinções: consciência/ inconsciência, vertical/ horizontal e estruturada/ desestruturada. A dimensão consciência/ inconsciência se refere ao campo para o qual o tema recorrente é intencional, proposital, reconhecido e/ou formalmente instituído como oposto ao não pretendido, acidental, abaixo do nível da consciência e/ou informalmente organizado. As coleções maiores ou menores em todos esses quatro atributos se estendem aos extremos dessa dimensão; casos mistos caem no âmbito médio. Um exemplo prototípico é a coleção de artefatos de propaganda que foi encontrada como uma atividade organizada e orientada a um objetivo, e que intencionalmente fornece um foco claramente reconhecido para o trabalho e os entretenimentos de vida do colecionador, até o ponto onde ele oficialmente instituiu um arquivo e designou ele mesmo como seu curador. Em oposição, a observação cuidadosa e a documentação fotográfica descobriram um tema inconsciente em coleção de objetos de arte de um outro informante, em que um motivo animal recorrente se estende abaixo do nível da consciência consciente. A dimensão vertical/ horizontal reflete o grau para o qual uma coleção é abrigada em um arranjo centralmente locado (com freqüência literalmente ´vertical´ em sua posição na parede ou nas estantes) enquanto oposto a estar espalhada ou dispersa por todo o espaço (de modo que visitar a coleção inteira requer movimento “horizontal”). Um exemplo ilustrativo dos dados é uma coleção de figurinos, estatuetas e pequenos objetos de porcelana que ocupavam duas cristaleiras em ambos os lados de uma lareira da sala-de-estar de um informante; em certo sentido, se um objeto fosse removido desses arranjos verticais, não mais pertenceriam à coleção. Em vívido contraste, uma vasta coleção de corações, patos, gansos, maçãs e morangos de uma outra informante se espalhou horizontalmente por toda a casa dela; esses objetos impregnaram o espaço e apareceram em muitos lugares insuspeitos, que transformaram nossa exploração fotográfica da casa numa expedição de caça a corações e gansos. Finalmente, a dimensão estruturada/ desestruturada relata o quão fortemente a coleção revela aspectos de ordem, equilíbrio e simetria enquanto oposta à entropia, propriedades intercaladas e desarranjo. Uma coleção estruturada é ilustrada por uma coleção de colheres de prata expostas em uma exibição bem ordenada, cuidadosamente equilibrada e altamente simétrica na sala de jantar de uma informante. Na verdade, sua regularidade estruturada pode refletir uma tendência da parte dela em perseguir a simetria, cujas manifestações visuais atingem sua apoteose nos padrões meticulosamente semelhantes das colchas, papéis de parede e cortinas no seu quarto principal construído recentemente, e no de visitas também redecorado. No outro extremo, a coleção de uma outra família de animais empalhados se espalha em volta da casa sem qualquer indicação particular de organização ou planejamento. Evidência similar da habilidade para tolerar ou mesmo preferir arranjos assimétricos aparece no padrão imperfeito de saliências nos armários de cozinha desta família, no gestaltismo violado ou sinergia negativa que caracteriza um canto do quarto principal, e no posicionamento dos objetos comparativamente pendentes para o lado de dentro e em volta da cama principal. Este último arranjo contrasta vividamente com a simetria exagerada dos quartos principais nas outras casas que visitamos na mesma cidade. Combinar as dimensões consciente/ inconsciente, vertical/ horizontal e estruturada/ desestruturada dentro de um espaço tridimensional e tratar cada uma como uma simples dicotomia ou tricotomia produz uma tipologia de coleções fundamentada em vinte e sete ou oito, e estabelece adiante as possibilidades conceituais neste esquema de classificação particular. Empiricamente, algumas combinações parecem mais prováveis do que outras; em outras palavras, o fato real, as dimensões ou distinções são relatadas. As coleções consciente-vertical-estruturada e inconsciente-horizontal-desestruturada parecem mais prováveis do que outras, como coleções de colheres e figuras de Hummel assim contrastadas com o trabalho de arte animal e coleções de animais empalhados. Esses dois tipos estavam mais evidentes nas coleções domésticas documentadas por Ruesch e Kees (1956). Também espera-se que o primeiro esteja mais relacionado com o colecionador do Tipo B de Danet e Katriel (1986), enquanto o último seria mais típico dos colecionadores do Tipo A. Entretanto, outras combinações também ocorrem e, conceitualmente, ainda outras são possíveis. Os corações e gansos eram conscientes-horizontais-desestruturados; uma coleção pesticida era inconsciente-vertical-semiestruturada. Essas dimensões, tanto quanto um número de outras características estruturais e processuais, são essenciais para capturar a complexidade do comportamento do colecionar. Enquanto essa investigação naturalista sobre o colecionar prossegue, essas oito proposições serão mais refinadas ou remodeladas, e o fenômeno mais completamente interpretado através do prisma da pesquisa do consumidor. Assim, nesta perspectiva dos dois textos apresentados pode-se observar que ambos, estão voltados para o que colecionar e quem os coleciona, percebe-se nesta análise que o processo de colecionar-se algo através da posse, do desejo, ocorre através do corpo ou alma, pode ser visto através de colecionadores e coleções, quais são os objetos a serem colecionados e porque os mesmos os fazem, alguns deixam claro que podemos obter objetos já em nossa posse, como fator relevante de obtenção do mesmo, visto que esse pode ser percebido como algo de valor estimável quando outro o quer, ai percebe-se o real valor do objeto em posse, portanto coleciona-se o que se tem de forma diferenciada de percebê-lo, ou seja, há várias formas de percepção para adquirir o objeto desejado, é uma delas é saber realmente o que é colecionar e por que? Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 10520: apresentação de citação em documentos. Rio de Janeiro, 2002. BELK, Russel W.Collectors and collecting. In: PEARCE, Susan M. Interpreting objects and collections. London: Rouledge, 1994. PEARCE, Susan W. Collecting: body and soul. In: _____. Museums, objects and collections: acultural study. Washington, D.C:Smithsonian Instituion Press, 1992.