16/01/2017

Transtorno da Conduta nas Escolas Públicas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Como dito por mim em um texto intitulado Disciplina e Aprendizagem publicado pela Revista Gestão Universitária na Edição 287 em 28 de set de 2011[1], existem três coisas que auxiliam a aprendizagem: a primeira é disciplina, a segunda é disciplina e a terceira também é disciplina. Esta palavra é de suma importância para a educação. Sem ela não há respeito, não há aprendizagem e não há crescimento com ética.

            Pensemos na disciplina como um autocontrole, controle para cumprir as normas, para nos policiarmos quanto as tarefas e aos estudos,.quanto as regras e a socialização, todavia, um problema tem sido frequente no sistema escolar e este é denominado transtorno de conduta.

            O que caracteriza o transtorno de conduta são ações como ausência nas aulas, mentiras, desafios a professores e/ou outros funcionários independente cargo (diretor, vice-diretor, pedagogos, dentre outros), dificuldades em seguir as normas pré-estabelecidas e falta de limites, intimidação de colegas, prática de booling, agressões verbais e/ou físicas, comportamentos delinqüentes, desconhecimento de autoridades como pais e/ou responsáveis, roubos, furtos, abuso sexual, conduta incendiária, destruição do patrimônio público, dentre outros problemas emocionais e/ou sociais que são seguidos por padrões repetitivos e persistentes.

            Para alguns pesquisadores, existem gatilhos que culminam no transtorno de conduta e são eles: dificuldade de interação e consequentemente socialização com as outras pessoas, poucas amizades, intolerância a frustração, irritabilidade e grandes surtos.

            O Transtorno de conduta pode ser observado logo na primeira infância e trabalhado para que a criança passe a ter um melhor autocontrole de forma a não deixar com que sua educação e desenvolvimento social fique comprometida.

            De acordo com pesquisas o transtorno de conduta incide mais no sexo masculino e não se limita apenas ao espaço escolar, sendo o maior caso com alunos que passam boa parte de seu tempo nas escolas.

            O transtorno pode coexistir com a hiperatividade ou déficit de atenção, o que poderá dificultar ainda mais o processo de ensino-aprendizagem e a transformação do educando pela educação, pois de acordo com Dalben e Castro no artigo A Relação Pedagógica no Processo Escolar: Sentidos e Significados publicado pela UFMG em 2010, será essa educação que dará suporte para que o educando consiga o domínio de leitura, compreensão, intervenção e transformação da realidade, uma vez percebida que a transformação não está ligada ao acaso.

            Durkheim em seu livro Educação e Sociologia publicado por Lisboa Edições em 2007, informa que o espírito da disciplina é o gosto da regularidade, limitação, respeito as regras e a inibição dos impulsos, logo, se a instituição não conseguir trabalhar a disciplina em seus alunos, estes passarão a fazer parte do risco social, ou seja, educandos que ficarão a mercê da marginalização e "arrebanhado" pelo tráfico e/ou prostituição.

            Alunos que tem transtorno de conduta não apresentam arrependimento ou tampouco constrangimento com suas atitudes. Eles não conseguem se colocar no lugar do outro (ter empatia), e suas ações não surtem muito efeito em si mesmo, causando mais dano na vítima e o agressor totalmente sem arrependimentos.

            Para Winnicott, no seu livro privação e consequência, publicado em 1994 pela Martins Fontes, o transtorno de conduta é frequente em crianças que sofreram alguma privação afetiva.

            Um fator agravante para um aluno com transtorno de conduta é o sistema, através de sua permissividade e/ou omissão, que muitas vezes releva as ações delinqüentes do aluno seja para não expor o nome da instituição ou para não "constrangir o aluno", mas essa omissão com o tempo, refletirá na índole do aluno que poderá engordar as estatísticas de detentos no país ou até mesmo mortes prematuras culminadas pelas drogas.

            Um fato a ser considerado para crianças com transtorno de conduta é que quanto mais cedo for detectado, mais fácil o tratamento e consequentemente o ajuste social, mas cabe aqui as palavras de Gadotti em seu livro História das ideias pedagógicas, publicado pela Editora Ática em 2004, que a educação sozinha não conseguirá transformar a sociedade, logo ela precisará do apoio da família para que a transformação social se efetive, pois não é a boa educação que faz o bom caráter e nem a má que destrói. Deverá sempre existir a coletividade entre escola, família, comunidade e educando para que o denominador comum seja promissor para o educando e a sociedade.

 


[1] Para mais informações, vide www.wolmer.pro.br/artigos.htm

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×