05/12/2023

TURMAS NUMEROSAS NO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE: UMA REFLEXÃO ÀS ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA LÍNGUA INGLESA

Resumo

 Esta pesquisa intitulada: Turmas numerosas no ensino superior em Moçambique: uma reflexão as estratégias de ensino da língua inglesa, é parte da tese do Doutoramento em Ciências de Linguagem Aplicadas ao Ensino de línguas que está sendo desenvolvido junto à Faculdade de Ciências de Linguagem Comunicação e Arte da Universidade Pedagógica de Maputo, e tem como objectivo reflectir sobre as estratégias de ensino de inglês em turmas numerosas com o enfoque no ensino superior em Moçambique. Com vista a alcançar o objectivo deste estudo, postulamos seguintes objectivos específicos, identificar as estratégias de ensino de inglês no ensino superior, descrever as estratégias de ensino de inglês no ensino superior em Moçambique. A presente pesquisa se caracteriza como descritiva, quanto ao procedimento, é uma pesquisa bibliográfica A partir da revisão da literatura e, principalmente, do levantamento de estudos anteriores, foram identificadas diferentes estratégias de ensino usadas no ensino de língua no ensino superior em Moçambique. A realidade que assistimos hoje nas universidades em particular no  nosso pais, são turmas com um universo de 80 ate mesmo 150 estudantes, e esta situação remete aos professores e outros profissionais de educação a reflectir como lidar com esta problemática nas aulas de língua inglesa.

 

Palavras-chave: Ensino de inglês; Turmas numerosas; Ensino superior; Estratégias de ensino

 

 

 

 

 

Abstract

This research entitled: Large classes in higher education in Mozambique: a reflection on English language teaching strategies, is part of the PhD thesis in Language Sciences Applied to Language Teaching which is being developed at the Faculty of Language Sciences Communication and Art from the Pedagogical University of Maputo, and aims to reflect on strategies for teaching English in large classes with a focus on higher education in Mozambique. In order to achieve the objective of this study, we postulate the following specific objectives, identify English teaching strategies in higher education, and describe English teaching strategies in higher education in Mozambique. The present research is characterized as descriptive, in terms of procedure, it is a bibliographic research. Based on the literature review and, mainly, the survey of previous studies, different teaching strategies used in language teaching in higher education in Mozambique were identified. The reality we see today in universities, particularly in our country, are classes with a universe of 80 to even 150 students, and this situation leads teachers and other education professionals to reflect on how to deal with this problem in English language classes.

 

Keywords: Teaching English; Large classes; University education; Teaching strategies

 

Introdução

Os professores hoje em dia, encaram o processo de ensino, como uma actividade desafiadora, pois, para além destes darem a atenção às especificidades dos seus estudantes durante as aulas, devem adequar o ensino tendo em conta os contextos e ou a realidade das turmas, e não só, devem ainda motivar, criar interesse aos estudantes, para que estes possam ter oportunidade de aprendizagens diferenciadas conforme o seu perfil. E para que isso aconteça, os professores devem reforçar as suas aulas, recorrendo a materiais e estratégias de ensino diferenciadas. NAMCY Lake, em artigo publicado pela revista New Routes, em Abril de 2002, The routes for teacher development (Os caminhos para o desenvolvimento do professor), cita a definição de ensinar como uma complexa habilidade cognitiva que requer a construção de planos, o tomar de rápidas e precisas decisões. O trabalho do professor deve estar voltado para a formação de qualidades humanas, modos de agir em relação ao trabalho, ao estudo, à natureza, em concordância com princípios éticos. Em contrapartida, se olharmos para a realidade, das nossas Universidades nos dias de hoje, deparámo-nos com situações de turmas que chegam a atingir um universo de 100 a até mesmo 150 estudantes, tornando o trabalho do professor cada vez mais difícil. As turmas numerosas apresentam um acréscimo no trabalho dos professores, sobretudo ao nível da planificação das aulas, da selecção e preparação dos materiais, e no que concerne ao tempo implicado nas correcções dos trabalhos, obrigando deste modo, que os professores optem pelo uso de métodos expositivo nas aulas de língua inglesa. E se olharmos para os objectivos da disciplina de inglês, onde os estudantes devem desenvolver competências e habilidades como a escrita, a fala, a escuta e a leitura, encontramos aqui uma incoerência. E é neste âmbito que nos propusemos a chamar a reflexão sobre que as diferentes estratégias de ensino da língua inglesa em turas numerosas no ensino superior.

O estudo se justifica pela relevância em identificar as estratégias de ensino apontadas para o ensino da língua inglesa, o que poderá contribuir para a discussão sobre a temática e principalmente, proporcionar aos professores possibilidades de reflexão sobre as estratégias e técnicas de ensino utilizadas no ensino superior. poderá contribuir ainda para a busca da qualidade do ensino superior Além disso, tem-se uma contribuição para a epistemologia do conhecimento na área, que poderá influenciar pesquisadores e professores a produzirem mais pesquisas sobre essa temática e reflectirem sobre as estratégias e técnicas de ensino-aprendizagem por eles adoptadas, tendo em vista uma abordagem de estudo desejado para os nossos estudantes do curso de inglês.

Metodologia

A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva. Segundo Gil (2008:42), este tipo de investigação “tem como objectivo principal a descrição das características de uma determinada população ou fenómeno ou, em alternativa, o estabelecimento entre variáveis”. Quanto aos procedimentos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, pois esse tipo de estudo busca explicar um problema com base em referências teóricas publicadas em documentos. A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliográfica já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, artigos científicos impressos ou electrónicos, material cartógrafo e até meios de comunicação oral MARCONI LAKATOS (2017:216)

 

Revisão de Literatura

Ensino de inglês

Esta pesquisa, terá como fundamentos teóricos para a análise do ensino da língua inglesa as pesquisas desenvolvidas por LEFFA, (2016) onde, no seu artigo intitulado Língua estrangeira, ensino e aprendizagem. Defende que “o domínio de uma LE não é um conhecimento a mais que se adquire e que se soma ao que já temos, como se fosse uma mercadoria acrescentada ao património”. O que é estrangeiro e, portanto, estranho a nós, precisa penetrar na nossa intimidade, provocando situações que mexe na nossa estrutura psicomotora, afectiva, cognitiva e socia. E ainda sobre o mesmo contexto, HONGUANE, (2020) na sua tese de Doutoramento com o tema: O ensino do inglês objectivando a comunicação: um desafio para as zonas rurais (Moçambique), referiu que o uso da língua inglesa numa perspéctica comunicativa exige estratégias inovadoras, contextualização e motivação por parte dos intervenientes, e por outo lado, MARZARI G.Q BADKE M.R. (2013) no seu artigo sobre Ensino e aprendizagem de língua inglesa em escolas publicas de Santa Maria RS, Fala da língua inglesa como uma ferramenta importante para a oportunidade de trabalho, pois, facilita o manuseamento a Internet, auxilia também no crescimento e desenvolvimento por parte do ser humano no processo as mudanças do seculo XIX. Se olharmos para as abordagens feitas pelos autores, poderemos referir que todos eles concordam que é um desafio o ensino da língua inglesa, e ainda que esta tem importância não só para o indivíduo, bem como para a sociedade no geral, mas é importante frisar que se já é um desafio ensinar a língua inglesa e podemos imaginar este desafio, associado às turmas numerosas.

 Turmas numerosas

Pesquisadores e ou estudiosos fizeram várias abordagens sobre esta problemática como  foi o caso da  UNESCO  em 2006 que apresentou um guia para professores, Practical Tips for Teaching Large Classes  onde entre outros assuntos, desenvolve um conjunto de temáticas como a preparação e a planificação de aulas para turmas numerosas, e ainda Um estudo conduzido por WANG e ZANG,  Teaching Large Class in China (2011),  revelando que os professores em turmas numerosas tem enfrentado problemas  desde o controlo da turma, organização e acompanhamento durante as aulas.  Estes desafios foram também apresentados por BENBOW et al (2007) no artigo intitulado: large class sizes in the developing world: What do we know and what can we do?  Os autores analisaram o ensino em turmas numerosas e o seu impacto na qualidade de ensino nos países em via de desenvolvimento. Os mesmos, defendem que a questão das turmas numerosas deve ser vista de forma diferenciada, tendo em conta os vários contextos de ensino, e realidade de cada região, isto porque segundo eles, o que para uns é considerado turma numerosa para outros pode ser considerado uma turma normal.

Os autores ainda neste artigo, fazem menção a obra de FINN, (2003:75) que também aborda a problemática sobre turmas numerosas, onde este defende que “(….) Os estudantes em turmas menores são mais activos, engajados social e academicamente, o que não acontece em turmas numerosas”.(pág. 206). Perante as abordagens aqui trazidas pelos autores na questão das turmas numerosas, podemos afirmar que a definição de turmas numerosas varia tendo em conta a realidade e o contexto de cada país, pois, em Moçambique podemos considerar uma turma de 40 como normal, porque temos assistido turmas com 60/80/ e ate mesmo 150 estudantes e como já havia referido anteriormente o REGEB considera turma numerosa quando as turmas excedem 40, ainda que esta seja um regulamento que não abrange o ensino superior, era apenas para elucidar a nossa realidade. A exemplo disto, HADI.J,M (2015) no seu artigo, Barrier in teaching in large class: voice of an Indonesian English Languange Teacher, identifica aqui as barreiras encontradas pelos professores que actuam em turmas numerosas, e analisam como que eles lidam com esta problemática. O autor refere ainda que na Indonésia a turmas com 30 estudantes são vistas como turmas normas, mas quando excedem este número já são consideradas turmas numerosas e ainda afirmam que neste país, para as turmas de inglês se exceder o número de 20 estudantes também são consideradas turmas numerosas.

Estratégias de ensino

LEFFA (2016). No seu artigo intitulado, Língua estrangeira, ensino e aprendizagem. Da uma visão dos principais métodos de ensino de línguas e refere que a intenção não é doutrinar o professor de uso de um determinado método mas sim informa lo das várias opções existentes cabendo a ele fazer a sua escolha de acordo com a sua realidade. Para acrescentar, XIA, (2020), no artigo intitulado, Teaching for Student Learning: Exploration of Teaching Strategies Based on Protocol-Guided Learning, Apresenta uma estratégia de ensino baseada na coordenação, pois, este defende que é preciso haver coordenação entre o professor, o aluno e os matérias de ensino usado e acrescenta ainda que e necessário dar valor ao material que o professor usa na sala de aulas.

Para MAZZIONI (2013), no seu artigo, As estratégias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem: Concepções de alunos e professores de ciências contábeis e Leal e Borges (2016), no artigo sobre, Estratégias de ensino aplicadas na área da contabilidade gerencial: um estudo com discentes do curso de ciências contábeis, referem que o domínio exclusivo das estratégias de ensino não é suficiente para enfrentar todas as situações que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem. Para esses autores, ao aplicar as estratégias de ensino apresentadas, é importante verificar o objectivo de cada uma delas para o processo de aprendizagem do respectivo conteúdo. No caso específico de ciências contábeis, BOYCE (2004) no artigo intitulado, Teaching and learning outside the circle. Critical Perspectives on Accounting argumentou que o processo de ensino-aprendizagem ainda tem a visão tradicional e se manifesta em uma abordagem que se baseia em técnicas de ensino passivo e se concentra na transferência de um corpo discreto de conhecimento processual, incluindo um conteúdo técnico-regulatório cada vez maior, a exemplo deste argumento, PHAN et al (2022) na Revista, European jornal of education Reseach fazem uma abordagem do uso da estratégia reflexiva no ensino de língua estrangeira enfatizando os professores no uso desta estratégia de ensino, pois, estes acreditam que esta estratégia pode desenvolver também as competências linguísticas dos professores

Assim, o papel do docente torna-se cada vez mais importante no processo de ensino, principalmente, no que se refere à escolha dos métodos de ensino aplicados em sala de aula que podem ou não serem facilitadores no processo educacional. Deste modo, é necessário que este avalie frequentemente a metodologia empregada e optar pela mais adequada, a determinada disciplina, possibilita o aprimoramento e enriquecimento do conteúdo proposto, sendo necessário, que as estratégias sejam delineadas de acordo com o perfil dos alunos, os recursos disponíveis e os objectivos predefinidos.

 

 Caracterização das Estratégias de ensino   

Podemos definir as estratégias de ensino como métodos ou procedimentos usados pelos professores para aquisição do conhecimento dos estudantes durante o seu processo de ensino-aprendizagem, isto e, estas contribuem para estimular, motivar e para manter os estudantes focados na disciplina. E olhando uma situação de turmas numerosas, estas estratégias devem seleccionadas ou definidas tendo em conta a disciplina, espaço, contexto e realidade linguística dos estudantes. E importante referir que os estudantes do ensino superior tem um perfil complexo, quer dizer, nem todos tem as mesmas habilidades e competências linguísticas, temos estudantes que nunca tiveram o inglês no seu percurso académico, outros já trazem uma pequena bagagem da língua. Dai ser necessário para o professor antes de definir uma estratégia de ensino, conhecer também os seus estudantes. ANASTASIOU e ALVES (2004, p. 71) advertem que as estratégias visam à consecução de objectivos, portanto, há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com o processo de ensino. Por isso, os objectivos que norteiam devem estar claros para os sujeitos envolvidos – professores e alunos (…). Hoje em dia com o avanço tecnológico tem impactado de forma directa as alterações comportamentais dos estudantes, o que justifica a tensão na procura de diferentes alternativas estratégicas que possam atrair os estudantes para o mundo do saber, o qual exige certo rigor e disciplina, e a habilidade do professor em identificar essas alterações comportamentais e escolher as estratégias de ensino que melhor se adapte as características dos estudantes com os quais trabalha e que considere as características dos conteúdos em discussão, poderá fazê-lo mais bem-sucedido no  processo de ensino e aprendizagem.

A tabela abaixo mostra de forma resumida a caracterização das diferentes estratégias de ensino usadas no ensino da língua inglesa e no ensino superior, referir ainda que as estratégias aqui apresentadas, são algumas destacadas dentre várias que existentes.

 

 

Tabela 1: Estratégias de ensino

Estratégias de ensino no ensino superior

Estratégias de ensino de inglês no ensino superior

                                 Descrição

Aula expositiva

Aula expositiva

É uma exposição do conteúdo, com a participação activa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado. O professor leva os estudantes a questionarem, interpretarem e discutirem o objecto de estudo, a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. (ANASTASIOU; ALVES, 2004: 79).

 

Seminário

 

Seminário

Com essa estratégia, uma turma grande pode ser separada em grupos menores que devem pesquisar e apresentar um tema em comum. Para o professor, essa estratégia ajuda a acompanhar o envolvimento dos alunos nas disciplinas e tarefas e a observar eventuais lacunas

Brainstorming

Brainstorming

É uma estratégia de ensino em que todos têm liberdade para sugerir acções ou soluções sem pensar muito sobre elas. Em turmas grandes, essa pode ser uma maneira de incentivar a participação de todos, os alunos se sentem mais confiantes para cometer erros, o que é um factor importante durante o seu processo de ensino-aprendizagem.

 Ensaios

Ensaios

Permite a iniciativa de informações; contacto com diferentes fontes de informação; seleccionar, analisar e colectar dados e levantar informações para comprová-las; fazer um relatório e pronunciar o seu resultado (MASETTO, 2003

 Aulas Virtuais

Aulas Virtuais

O professor pode ter auxílio de uma plataforma de ensino para passar testes e actividades que não poderiam ser realizadas em sala de aula e cuja correcção é automática, por exemplo. Também é possível construir fóruns e espaços de pesquisa colectiva, nos quais a interacção entre estudantes é estimulada

Aulas áudio visuais

 Aulas Áudio visuais

Quando comparado às outras práticas da comunicação, os vídeos são muito mais dinâmicos e compreensíveis são uma forma de quebrar barreiras comunicativas e até mesmo linguísticas.

 

 

 

Aulas praticas (laboratoriais)

 

Aulas praticas (laboratoriais)

 

 

 

A aula em laboratório visa à eficiência na aprendizagem, atrelada com o conteúdo já ministrado (MASETTO, 2003).

BATISTON, 2006: 286-288).

Grupos de trabalho

Grupos de trabalho

Desenvolve a capacidade de estudar em equipe, de discutir e debater, gerando relatório dos resultados obtidos (MASETTO, 2003).

Jogos/ Simulação

Jogos/ Simulação

Requer que os alunos desenvolvam a empatia, a capacidade de desempenhar papéis de outros e de analisar situações de conflito no ponto de vista de todos envolvidos (MASETTO, 2003; ANASTASIOU; ALVES, 2003

Portfolio

 

Portfolio

É a identificação e a construção de registro, análise, selecção e reflexão das produções mais significativas ou identificação dos maiores desafios/dificuldades em relação ao objecto de estudo, (ANASTASIOU; ALVES, 2004:81).

Leitura

 

Leitura

É a exploração de ideias de um autor a partir do estudo crítico de um texto e/ou a busca de informações e exploração de ideias dos autores estudados. (ANASTASIOU; ALVES, 2004: 80)

Escrita

Escrita

 

A partir do tópico a ser escrito faça uma série de perguntas que venham à mente aleatoriamente, usando pronomes interrogativos – por que, quem, que, quando, onde, como.

Discussões e debates

 

Discussões e debates

 

 

O debate é importante na vida académica porque leva ao pensamento crítico, reflexão, desenvolvimento de ideias, melhorias na fala, no discurso e na apresentação

 

Role Play

É uma apresentação teatral, a partir de um foco, problema, tema etc. Pode conter explicitação de ideias, conceitos, argumentos e ser também um jeito particular de estudo de casos,. (ANASTASIOU; ALVES, 2004: 89).

 

Adaptado pela autora, de acordo com Mazzioni (2013) e Leal e Borges (2016).

 

 

 

 Se olharmos para aas diferentes estratégias de ensino aqui apresentadas, logo a prior, pode parecer uma tarefa fácil a escolha de uma determinada estratégia, mas e necessário perceber que a definição de estratégias não tem a ver apenas com domínio desta pelo professor, ou a facilidade de lidar com ela, mas sim, existem vários factores que devem estar associados a esta escolha, como por exemplo, a disciplina a leccionar, os objectivos a atingir, o espaço onde a aula acontece, o numero de estudantes e ainda, para quem se vai leccionar. Nesta perspectiva, LUCKESI (1994) argumenta que para se atingir os objectivos, as estratégias de ensino devem estar ligadas aos procedimentos de ensino, que são seleccionados, construídos e mediados pelas propostas pedagógicas e metodológicas das Instituições de Ensino Superior. Tomando como ponto de partida a definição de estratégia como a arte de estruturar e aplicar habilidades e recursos disponíveis na conquista de determinados objectivos segundo os autores (ANASTASIOU; ALVES, 2003). Referem que o professor para alem se ser um verdadeiro estrategista, deve também estudar, seleccionar, organizar e propor as melhores técnicas e ou ferramentas que possam facilitar ais seus estudantes na aquisição do conhecimento

  E importante frisar que, quando falamos em ensinar numa turma numerosas no ensino superior nas disciplinas como história, geografia é totalmente diferente em ensinar a língua inglesa e numa turma numerosa. Isto porque ensinar uma língua inglesa, língua estrangeira, pressupõe adopção de meio ou estratégias para alcançar para além do conhecimento da língua, o estudante tem que também adquirir competências comunicativas e competências linguísticas. O ensino de inglês já e um desafio tanto para o professor bem como para o estudante, pois, muitas vezes deparámos nos com estudantes sem nenhuma competência linguística ou ate estudantes que estão a ter o primeiro contacto com a língua no ensino superior, imaginemos como professores e ou profissionais de educação uma situação que temos só ensino da língua como um desafio, e ainda a situação de turmas numerosas, estaríamos numa situação onde o professor não deve só olhar para a estratégias de ensino mas sim aliá-las a realidade das turmas, e isso requer do professor  um conhecimento, experiência e acima de tudo que ele seja um  estrategista no processo de ensino. E nesta óptica que os professores são chamados a reflectir sobre as diferentes estratégias de ensino para que apesar da problemática das turmas numerosas, os objectivos da disciplina sejam cumpridos de forma satisfatória. Ainda nesta perspectiva, devemos considerar que nenhuma estratégia de ensino e completa ou ideal, e ninguém sabe tanto que não possa evoluir, isto é, a atitude sábia é incorporar as diferentes estratégias dependendo do contexto em que se encontra o professor, de sua experiência e de seu nível de conhecimento. PETRUCCI E BATISTON (2006) ressaltam que as estratégias não são absolutas, nem imutáveis, constituindo-se em ferramentas que podem ser adaptadas, modificadas, ou combinadas pelo docente, conforme julgar conveniente ou necessário.

 

Considerações finais

Trabalhar com turmas Numerosas, é um desafio, mas também pode oferecer muitas oportunidades, permitindo melhorar o modo de ensinar tornando-o mais agradável e gratificante quer para o professor quer para os seus estudantes. A existência de uma diversidade de estudantes com diferentes estilos de aprendizagem permite ainda o recurso a variadas formas de ensinar, sendo que para isso seja necessário recorrer a conhecimentos adquiridos ou a experiências já vivenciadas.

O ensino da língua inglesa nas turmas numerosas é um problema que enfrentamos hoje em varias universidades e às vezes parece não existir nenhuma possibilidade de solução. Ter consciência deste problema é o primeiro passo, mas, é urgente e necessário que se reflicta e se busque alternativas viáveis para a superação deste, inovando e adoptando estratégias didácticas activas que possam favorecer e potencializar a aprendizagem de forma significativa. Durante a pesquisa, constatamos que vários autores apontam que as estratégias de ensino não são únicas, elas podem ser adaptadas utilizando-se ferramentas integradas para complementá-las, de acordo com a necessidade identificada por cada docente no processo de ensino.

Assim, é importante que o docente preste atenção para além do seu plano de aula, as condições que estas irão decorrer, desde o espaço, tempo, numero de estudantes, a disciplina, e ainda, que tipo de estudante, para que o processo de ensino ocorra de forma eficaz.

 

 

 

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