28/04/2016

Uma estrada para a liberdade

Cada vez mais a educação tem se afastado daquilo que é básico ao desenvolvimento de todos os saberes e habilidades do ser humano: o pensamento filosófico.

Relegado a segundo plano, as linhas de pensamento fluem dentro de uma perspectiva ideológica, que não traz em si, nenhuma razão ou motivo para existir, se não por causa de uma fé ou crença em nossas lideranças. E assim como gado, vamos tomando providências que não nos satisfazem.

O que se pergunta é o que a escola pode fazer pelos nossos filhos. Enquanto a pergunta deveria ser, o que nossas famílias podem fazer pela escola. A escola ensina, a família é a referência, o berço.

Como disse um amigo em sua coluna nessa Revista “o momento é histórico”. Então algumas indagações do ponto de vista da lógica vêm nos incomodar. A principal delas, para falar pouco, é confundir humanismo com ideologia partidária ou religiosa.

Não é verdade que a direita ou a esquerda são programaticamente humanistas ou carregam essa bandeira como se a sociedade rica tivesse, em última análise, a vontade de que as pessoas continuem pobres. Essa não é a lógica do capitalismo, embora tenda a transparecer em suas práticas, uma vez que, pensando filosoficamente, interessa muito ao País e a sociedade que todos estejam inseridos no mercado de consumo: um pobre a mais no mercado de consumo interessa muito ao rico ou pelo menos deveria interessar.

O Brasil pensa de uma forma muito tosca e cheia de princípios que embotam a lógica formal de qualquer senso comum.

E aí surgem coisas que vão muito além do razoável e me leva a uma lembrança de meu Avô que dizia: “o tempo que temos para desagradar as pessoas é o mesmo que temos para agradar”. Então seria correto julgar uma pessoa apenas porque pensa diferente de nós?

Perdemos muito quando deixamos de estudar filosofia.

Não é verdade que o Brasil luta apenas para se ver livre do PT. O País luta para se ver livre da corrupção, o que é desejável, e no “estado de coisas” em que nos encontramos, não há outra alternativa a não ser utilizar a filosofia: quando se tem um problema, bom se for possível dividi-lo em partes. E essa é apenas a primeira parte da história.

Penso que a maior contribuição do PT ao Brasil foi permitir que milhões de pessoas que estavam a margem da sociedade pudessem ter um celular, um acesso à internet ou mesmo um prato de comida. Os superávits comerciais, com as commodities com os preços nas alturas, na época, ajudou na distribuição de renda, mesmo que fosse através da expansão do crédito ou dos programas sociais. É triste ver agora essa situação desmoronando.

Falar em iniciativa privada e oportunidade sem entender a condição humana é complicado. Se colocarmos os pés na terra veremos que, na verdade, estamos sozinhos nesse mundo. Você não pode respirar ou enxergar pelos outros. E muito menos escutar. Então, como seres individuais por princípio, precisamos criar um laço maior que nos una e nos faça pensar coletivamente: esse sentimento é o de estar inserido, de fazer parte, um sentimento do reconhecimento do indivíduo, de pátria e mais de tantos outros valores que não cabem aqui.

Em uma perspectiva de que não existe almoço grátis, estas pessoas experimentando todas essas novas condições de vida, em algum momento, saberão que ter tudo isso é pelo menos possível.

A educação brasileira precisa fazer seus jovens pensar melhor. Inteligência é uma coisa, pensar melhor é outra. Para se ter uma sociedade mais justa é preciso fazer com que as nossas mãos respeitem as coisas de Deus e dos homens. Que nossos ouvidos entendam e respeitem a voz do outro. E isto em uma perspectiva individual: cada pessoa fazendo sua parte.

Por outro lado, seria lógico achar que um dia o Brasil seria um País comunista?

Enquanto se brinca de socialismo na América do Sul, os Estados Unidos observam atentamente a distribuição de forças no tabuleiro das nações. Por essa, e outras brincadeiras, nosso comércio com a maior economia do mundo despencou e ao invés de pensarmos grande, nos aliamos a players que não podem sustentar o nosso status de um País quase continente.

Não é de graça que a Quarta Frota Americana patrulha o Atlântico Sul e tem um porta aviões ancorado na Baia de Guanabara. É importante que o nosso País não vire alvo de interesses e jogos de poder, nas mãos de nações mais poderosas. A educação serve para isso também: só seremos fortes se formos capazes, só estaremos livres dessas pressões se formos educados.

Nas redes sociais circulam piadas de como aviões venezuelanos sobrevoam nosso espaço aéreo e o quanto estamos vulneráveis. É para rir mesmo.

Temos que focar na geração de riqueza e distribuição de renda e isso se chama educação: é o único caminho para que possamos dar dignidade a todas as pessoas e oportunidades ainda maiores para os que descobrirem rápido como pensar com lógica.

Não fiquem tristes, já avançamos muito como nação, estamos aprendendo rápido, e isso é apenas a minha opinião simplificada. O que importa é que todos somos irmãos, livres de etnias, preconceitos ou religiões.

Paciência, tolerância e cuidar melhor de nossas crianças: a educação é a única estrada para uma sociedade mais justa e mais feliz.

Autor: Claiton Muriel Cardoso

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