Uma visão do processo de ensino-aprendizagem: estudo de caso com estudantes do curso de graduação em Administração

Uma visão do processo de ensino-aprendizagem: estudo de caso com estudantes do curso de graduação em Administração

 

 

Larissa Kvitko [1]

Fernando Ramos Lengler²

 

 

RESUMO

 

O mundo encontra-se passando por processos constantes de mudança. Com o advento da era da informação e a inclusão digital, tem-se o acesso a qualquer tipo de informação praticamente em tempo real. Diante de todo o dinamismo proporcionado pela era da informação, além da competitividade crescente e do surgimento de novas universidades e faculdades, o processo de ensino tem passado por mudanças, em função disso, tem-se como objetivo deste trabalho o estudo das características consideradas relevantes na avaliação dos professores pelos seus alunos, a fim de promover um melhor aproveitamento do aprendizado em sala de aula e um melhor entendimento das relações entre os estudantes e os docentes. Para a realização desse artigo foram realizados quatro grupos de foco, com alunos do curso de graduação em Administração. Os questionamentos foram baseados no modelo bidimensional de Joseph Lowman. Como resultado do trabalho tem-se uma concordância entre as dimensões de estímulo intelectual e empatia interpessoal, citadas por Lowman, e as características mencionadas pelos alunos.

 

Palavras-chave: Administração. Gestão Universitária. Ensino-Aprendizagem. Estímulo intelectual. Empatia interpessoal.

 

 

 

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Vive-se atualmente a era da informação, TVs, computadores, celulares, notebooks e outros aparelhos eletrônicos estão disponíveis a praticamente todos os nichos da população que podem ter acesso a um número infinito de informações em poucos segundos. Através de ferramentas como google, e-mail, torpedos, é possível obter, mandar e receber informações em tempo real. Diante dessa realidade depara-se com o desafio atual do professor em sala de aula: quais as características que o professor deve possuir a fim de que consiga manter seus alunos interessados no ensino em sala de aula, diante de todo o dinamismo proporcionado pela era da informação?

Inúmeras instituições de ensino têm surgido no mercado, gerando um aumento da competitividade, outro fator que torna interessante a avaliação das características dos professores pelos alunos, a fim de aumentar o aproveitamento e o aprendizado dos estudantes e melhorar o relacionamento entre alunos e professores dentro da sala de aula.

Em função dessa realidade, este trabalho visa propor o seguinte problema de pesquisa: Que características devem ser consideradas na avaliação dos professores, pelos alunos de graduação em administração de uma Faculdade localizada no Vale do Itajaí?

O estudo dessa questão se justifica pelo interesse dos profissionais da área, conhecerem as características dos professores relevantes para os alunos, a fim de promover um melhor aproveitamento do aprendizado em sala de aula e uma melhoria das relações entre os estudantes e os docentes, além de possibilitar a estes, uma melhoria no desempenho profissional.

Por fim o objetivo deste trabalho é investigar nos alunos do curso de graduação em administração da faculdade objeto de pesquisa, através da organização de quatro grupos de foco, realizados com perguntas baseadas no modelo bidimensional de Lowman (2004), as características que estes consideram relevantes na avaliação dos professores.

 

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 

Moreira (1997) enfatiza que existem quatro elementos que compõem e influenciam cada um a seu modo o paradigma ensino-aprendizagem, o professor, o aluno, o conteúdo e a variáveis presentes no âmbito escolar.

É importante frisar que os alunos assimilam o conteúdo lecionado de formas e em velocidades diferentes. À disposição do aluno em estudar, seu interesse pelo tema estudado e sua experiência e conhecimentos anteriores são importantes fatores a ser considerados no processo de aprendizagem (MOREIRA, 1997).

Um professor eficiente precisa considerar os fatores ambientais envolvidos no processo de aprendizagem e as características pessoais únicas de cada aluno. As salas de aula estão repletas de colegiais advindos de realidades completamente diferentes. Nota-se na prática uma enorme diversidade entre discentes de um mesmo curso, alguns precisam trabalhar para pagar seus estudos, outros possuem filhos e os criam sem ajuda da família, outros moram em lugares distantes. Ora, se a realidade é tão distinta, o rendimento e a forma de aprendizagem consequentemente serão diferenciados, é interessante que o professor consiga avaliar e tratar de forma singular cada situação.

Lowman (2004) propõe um modelo bidimensional de efetividade do ensino, no qual a qualidade do ensino é resultado da combinação do estímulo intelectual e da empatia interpessoal com os estudantes, geradas pelo professor. As características apontadas pelo modelo de Lowman foram inspiradas em suas observações em torno de um grupo de 25 professores, considerados por ele como exemplares, e também através de alunos.

A dimensão I, o estímulo intelectual está relacionado com a clareza com que o docente expõe o conteúdo, ou seja, o que é apresentado. De acordo com Lowman (2004, p.42) “Professores universitários exemplares são capazes de explicar ideias e as conexões entre elas de forma que faça sentido para os não iniciados”. Apresentar o conteúdo com clareza exige muito mais do que ter de fato o domínio do conteúdo – o que deve ser imprescindível – exige que o professor relacione o conteúdo de forma que o aluno adquira uma consciência crítica do que está sendo apresentado e consiga fazer relações e aplicar o que aprendeu em situações do seu cotidiano.

A dimensão II, a empatia interpessoal diz respeito ao modo como o material é repassado. O professor demonstra interesse nos estudantes como indivíduos, reconhece os sentimentos dos alunos em relação ao conteúdo apresentado em sala de aula, com isso, dá abertura para que os alunos participem e perguntem, sejam criativos e independentes.

A tabela abaixo mostra as dimensões I e II formando nove combinações, cada uma representando um tipo de ensino associado a uma probabilidade particular de que os estudantes aprenderão com seu potencial máximo. Os nove estilos estão numerados em ordem crescente de efetividade total, sendo a célula um, a de menor efetividade e a nove, a de maior. Lowman (2004) ainda coloca que os nove estilos de ensino são generalizações, não descrevendo todos os professores universitários, alguns professores podem combinar elementos de mais de um estilo.

 

Quadro 1: Modelo bidimensional do ensino efetivo

Dimensão I		Dimensão II
Estímulo intelectual	Baixo: frio, distante, Altamente controlador, imprevisível.	Moderado: Relativamente, caloroso, acessível e democrático e previsível	Alto: Caloroso, aberto, previsível e altamente centrado no estudante
Alto: Extremamente claro e estimulante	Célula 6: Autoridades Intelectuais: ótimo para alguns cursos e estudantes, mas não para outros.	Célula 8: Palestrantes exemplares: Especialmente habilidosos em grandes classes de iniciantes	Célula 9: Totalmente exemplares: Excelentes para qualquer estudante e situação.
Moderado: Razoavelmente claro e interessante	Célula 3: Adequados: Minimamente adequados para muitos estudantes em aulas de preleção	Célula 5: Competentes: Eficientes para a maioria dos estudantes e cursos	Célula 7: Facilitadores exemplares: Competentes especialmente em classes menores e em cursos mais avançados
Baixo: Vago e monótono	Célula 1: Inadequados: Incapazes de apresentar bem o material ou motivar bem os estudantes	Célula 2: Marginais: Incapazes de apresentar a matéria bem, mas apreciados por alguns estudantes	Célula 4: Socráticos: Ótimo para alguns estudantes e situações, mas não para a maioria

Fonte: Adaptado de Lowman (2004, p. 52)

 

Segundo Lowman (2004), professores exemplares são aqueles que se destacam em pelo menos uma dessas dimensões e, são pelo menos adequados nas duas. “Todo professor competente deve ter pelo menos uma habilidade moderada em cada dimensão, mas há espaço considerável para variações” (LOWMAN 2004, p.53).

Cunha (1996), em concordância com Lowman (2004), afirma que, fatores que levam os alunos a considerar os docentes como bons, estão muito voltados para questões relativas ao relacionamento professor-aluno. Os alunos consideram importante a questão da didática, o conhecimento e as técnicas de ensino utilizadas pelo professor, porém quando estes comentam o porquê da preferência por um determinado professor, palavras como: é amigo, compreensivo, preocupado, disponível mesmo fora de sala e horário de aula e, é honesto nas observações vêm à tona.

Cunha (1996) faz ainda referência a algumas outras características que vão ao encontro às ideias expostas por Lowman (2004) e que estão relacionadas à conduta de um professor considerado excelente: é aquele que torna as aulas atraentes, estimula a participação do aluno, sabe se expressar de forma que todos entendam, induz à crítica, à curiosidade e à pesquisa, procura formas inovadoras de desenvolver a aula e faz o aluno participar do ensino.

Já Godoy (1989) aponta através de pesquisa realizada, os aspectos mais relevantes do ambiente de ensino para os alunos de Administração de Empresas: com referência às técnicas de ensino, os alunos manifestaram preferência por professores que combinam aulas expositivas com tarefas em grupo e individuais, ou seja, professores que variam suas aulas; na avaliação manifestam preferência por professores que apresentam processos de avaliação múltiplos como resultados das provas individuais e participação em sala de aula; quanto ao ambiente sócio emocional, demostram preferência por docentes que mantêm com os alunos um diálogo que abranja conversas informais e de caráter pessoal; nota-se também que os alunos preferem os professores que procuram esclarecer dúvidas e que se adaptam as necessidades dos estudantes; aqueles que dirigem perguntas e solicitam exemplos da classe também foram eleitos como favoritos; os alunos também gostam daqueles docentes que fornecem resumo da matéria ministrada em sala de aula, recapitulam a matéria da aula anterior e fazem uma programação diária das atividades do curso.

Fica claro nas observações de Godoy (1989) uma concordância com Lowman (2004) e Cunha (1996), no que diz respeito à empatia professor-aluno, principalmente quando é citada a questão da preferência por professores que mantêm o diálogo dentro da classe, que abranja conversar informais e de caráter pessoal, professores que procuram esclarecer dúvidas e que se adaptam às necessidades dos estudantes.

A UNESCO em declaração mundial sobre educação superior no séc. XXI, em 1998 discorre sobre as missões e funções da educação superior:

Artigo 1º: A missão de educar, formar e realizar pesquisas: Afirmamos que as missões e valores fundamentais da educação superior, em particular a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o melhoramento da sociedade como um todo, devem ser preservados, reforçados e expandidos ainda mais;

1. Artigo 2º: Função ética, autonomia, responsabilidade e função preventiva;
2. Artigo 3º: Igualdade de acesso;
3. Artigo 4º: Fortalecimento da participação e promoção do acesso das mulheres;
4. Artigo 5º: Promoção do saber mediante a pesquisa na ciência, na arte e nas ciências humanas e a divulgação de seus resultados;
5. Artigo 6º: Orientação de longo prazo baseada na relevância da educação superior;
6. Artigo 7º: Reforçar a cooperação com o mundo do trabalho, analisar e prevenir as necessidades da sociedade;
7. Artigo 8º: Diversificação como forma de ampliar a igualdade de oportunidades;
8. Artigo 9º: Aproximações educacionais inovadoras: pensamento crítico e criatividade;
9. Artigo 10º: Pessoal de educação superior e estudantes como agentes principais;
10. Artigo 11º: Avaliação da qualidade;
11. Artigo 12º: O potencial e o desafio da tecnologia;
12. Artigo 13º: Reforçar a gestão e o financiamento da educação superior;
13. Artigo 14°: O financiamento da educação superior como serviço público;
14. Artigo 15°: Compartilhar conhecimentos teóricos entre países e continentes;
15. Artigo 16º: Da “perda de quadros” ao “ganho de talentos” científicos;
16. Artigo 17°: Parcerias e alianças.

Todas as considerações levantadas pela UNESCO são de grande contribuição para o ensino superior, porém se os professores que a aplicam, tiverem um bom relacionamento com seus alunos, a relação ensino-aprendizado, fluirá sem dificuldade e com maior aproveitamento, contribuindo para o desenvolvimento intelectual e pessoal do aluno. Em função disso, conhecer as características mais relevantes dos professores para os alunos contribui para a construção de um ensino superior mais eficiente e mais humano, resultando como consequência em maior qualidade.

 

3 METODOLOGIA DO ESTUDO

 

De acordo com Araújo e Oliveira (1997), pesquisas científicas podem ser classificadas em até três modalidades: qualitativa, quantitativa e quali-quantitativa. Triviños (2006) expõe que, na pesquisa quantitativa, a variável em análise é mensurada e medida enquanto na pesquisa qualitativa a variável é analisada e pode ser descrita por método interpretativo. Triviños (2006) também estabelece que, quanto ao tipo de estudo, são classificados basicamente em: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva ou pesquisa experimental ou, até mesmo, uma combinação delas.

Neste estudo, de acordo com a natureza das variáveis estudadas classifica-se em qualitativa, pois, se trata de uma pesquisa de opinião dos alunos em relação aos professores, não havendo uma preocupação em mensurar nenhuma variável. Especifica-se ainda como um plano de pesquisa ocasional de característica descritiva, pois, deseja-se descrever as características de um fenômeno (RICHARDSON, 2010).

O método utilizado para a pesquisa foi a coleta de dados primários, através da realização de quatro grupos de foco, com dez alunos da primeira fase, onze alunos da terceira, seis alunos da sétima e dez alunos da oitava. A entrevistadora foi até as salas de aula, dando oportunidade para qualquer aluno das fases escolhidas participar da pesquisa, dessa forma, os alunos que participaram foram todos aqueles que expressaram o desejo de contribuir com a pesquisa. Foram escolhidas duas turmas de fases inicias e duas turmas de fases finais, justamente para que fosse possível fazer uma comparação entre ambas, a fim de conhecer se existem diferenças significativas de opinião entre elas, com relação às características dos professores.

Para a realização dos grupos de foco foi elaborado um roteiro constituído por seis perguntas:

1. Ser um bom professor é. (complete a frase)
2. Lembre-se e relate ações dos bons professores que te deixavam (feliz/triste) (que te fizeram aprender)
3. Qual a diferença entre o professor (querido x bom professor) (eficiente x bom professor)
4. Quais as características de um bom professor? Quais as ações que os professores mais eficientes tomam?
5. Pense num professor ídolo que você tem. Quais as características que ele possui para considerá-lo ídolo?
6. O que um bom professor jamais pode fazer em sala de aula (complete a frase).

Tem-se como limitação a esse trabalho o fato de que, pesquisas realizadas com grupos de foco não podem ser generalizadas, se aplicando, portanto, somente aos alunos do curso de graduação em administração da faculdade objeto de pesquisa, localizada no Vale do Itajaí, no ano de 2014.

 

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

 

Os alunos de uma mesma fase foram reunidos através da realização dos grupos de foco, onde debateram entre eles as perguntas realizadas. Eles as relacionaram com experiências que tiveram com os professores durante a graduação, no caso dos alunos de sétima e oitava fases, os alunos das fases inicias, tiveram um pouco de dificuldade em relacionar suas experiências com os professores da graduação e comentaram bastante sobre os professores do ensino médio, principalmente no que diz respeito às experiências positivas em relação ao processo de ensino-aprendizagem.

As características relacionadas pelos alunos podem ser resumidas em três partes: o que eles consideram como características essenciais para que o professor seja considerado bom, seus métodos de ensino favoritos (que geram um maior aprendizado) e o que os professores jamais devem fazer em sala de aula.

 

4.1. CARACTERISTICAS DE UM BOM PROFESSOR – CONSIDERAÇÕES

 

As reflexões a seguir são acerca do que os alunos entrevistados consideram essencial para ser um bom professor.

1. Ter didática, explicar o conteúdo de forma que o aluno entenda e de formas diferentes, pois os alunos são diferentes. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Olha, pra mim, ser um bom professor é saber explicar, só que nesse saber explicar, você não pode ser uma pessoa fechada. Aquele professor que sabe explicar, mas que fica de costas pro quadro, que só escreve no quadro, explica e pronto. Com isso o aluno tem aquela dúvida repetitiva, que não consegue entender e o professor não tem paciência, eu acho que o professor tem que ter muita paciência também”.

 

1. Ser objetivo quando responde uma pergunta;
2. Tirar dúvidas: dar abertura para que os alunos façam perguntas;
3. Aulas e professores dinâmicos: o uso excessivo de quadro negro e data show foram muito criticados pelos alunos em todos os grupos de foco, segundo eles, a aula ministrada dessa forma se torna maçante, tornando difícil para o aluno manter o foco no que está sendo explicado, o professor deve inovar, aplicando diferentes métodos;
4. Prender a atenção do aluno;
5. Fazer com que os alunos participem das aulas interagindo com os mesmos e fazendo com que eles interajam entre si. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso, sobre o que é ser um bom professor:

 

“É ter uma didática que interaja todos os alunos em sala de aula. Acho que é importante porque o professor não depende só dele e sim dos alunos para ter o aprendizado, então um ótimo professor pra mim é uma pessoa que pode interagir com a sala toda e fazer com que ela aprenda de forma diferente e dinâmica”.

 

1. Ser motivado, uma aula dada de forma motivada se torna mais marcante e, portanto é mais fácil de ser lembrada pelo aluno, o professor motivado geralmente é mais respeitado pelos alunos do que aquele que demonstra estar desmotivado. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso:

 

“A gente percebe principalmente pelo modo como ele passa a matéria, se ele só passa e não está nem aí é uma forma de perceber, a eu não estou nem aí, vou passar a matéria, dá para ver que ele está desmotivado. Cabeça baixa, não cumprimentar, não saber o que está acontecendo, se tão entendendo ou não, isso pra mim é uma forma de perceber que eles não tão motivados. Porque se eles estiverem, eles vão atrás, eles vão querer saber”.

 

1. Motivar os alunos;
2. Transformar o ensino num processo divertido;
3. Demonstrar real interesse no processo de aprendizado do aluno e não só em alcançar notas. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 8ª fase do curso:

 

“Quando o professor mostra interesse de que a turma realmente aprendeu, sabe? Pergunta se está claro, ele realmente se preocupa se agente aprendeu. Tem professor que passa matéria, explica, senta na mesa e ficava quietinho, não pergunta, a gente já teve professor assim. No primeiro semestre professora N. de Administração... de matemática ela passava toda matéria mais não perguntava se a gente estava com dúvida, e a gente tinha medo de perguntar pra ela porque ela era muito”.

 

1. Ser bem humorado, esse fator foi citado exaustivamente por todos os participantes dos quatro grupos de foco, apesar de não interferir na eficiência do professor, influi de forma positiva no aprendizado. Ser bem humorado segundo os alunos traz um ar de “leveza” ao ambiente de ensino. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Eu acho que o mínimo que o professor tem que ser é bom humorado. Porque aquele professor que chega na sala de aula com aquela cara fechada, com aquela cara emburrada já deixa o aluno bufando, deixa o aluno estressado, entediado, só de olhar pra cara do professor. Eu acho que um bom dia pode parecer “prézinho”, mas faz toda a diferença na hora que o professor entra na sala e fala bom dia turma. Eu acho que faz toda a diferença”

 

• O professor deve passar confiança aos alunos, confiança de que tem domínio do conteúdo e na própria relação professor-aluno. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso:

 

“Ele precisa ser autoconfiante também, não adianta ele chegar lá sem segurança no que ele está querendo passar, sem segurança dele mesmo, se eu não tiver segurança na hora que eu for passar o que eu quero pros alunos eles não vão me observar porque eu não estou segura, não estou confiante de mim mesmo”.

 

1. Dominar o conteúdo e ser capaz de ensiná-lo de diversas formas;
2. Organizar e planejar, saber em que nível encontram-se seus alunos: segundo os alunos é comum professores que parecem “perdidos” em sala de aula, sem saber que conteúdo passar em um determinado dia ou aula;
3. Ser flexível. A seguir depoimento de um aluno respondente da 8ª fase do curso.

 

“Acho que principalmente a gestão de pessoas quando o professor consegue trazer para o ambiente de sala, não só para uma pessoa, mas em relação ao grupo. Ele te trazendo para o ambiente de sala, consequentemente ele vai ser mais flexível, você vai entender melhor ele, vais ter um melhor conhecimento, aprendizado melhor e tal. E os melhores professores hoje que são referência, tiveram uma boa gestão de pessoas”.

 

1. Cumprir com o que fala;
2. Tratar os alunos com equidade;
3. Ser paciente;
4. Saber traças o perfil do aluno e adaptar-se a ele: utilizar métodos diferenciados com alunos de fases e cursos diferentes, mesmo que a matéria seja a mesma;
5. Assumir o papel de líder dentro de sala de aula: os alunos concordam que precisam de direção, cobrança e limites, porém, não de forma autoritária. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 7ª fase do curso:

 

“Eu não tenho nenhum professor que seja meu ídolo, mas os professores que eu gosto mais são os que conseguem exercer realmente o papel de líderes na sala, apesar deles serem professores, mas eles são líderes também, que é o caso do R. é o caso do H. Os professores que tem eficiência e são bons eles acabam liderando a sala, ou seja, a sala faz o que eles querem e eles, os professores fazem o que a sala quer também, em termos de debate, discussão, assuntos”.

 

1. Estar em constante atualização profissional: os alunos a cada ano, têm vindo com características diferentes, em geral mais críticos e informados, em função da rapidez e velocidade com que se tem acesso a informação atualmente, o professor deve ser capaz de acompanhar essas transformações. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso:

 

“Ele precisa atualizar mais o método de ensino, porque cada geração vem diferente, então se tu continuar com o mesmo método de ensino de 10 anos atrás, não vai prender os alunos, os alunos não vão querer se interessar pela matéria. Ele precisa estar sempre inovando, sempre de olho nas novas gerações, sempre se atualizando, porque se ele não se atualizar ele vai perder a atenção dos alunos e com isso ele não vai conseguir passar o que ele quer e nem os alunos vão conseguir aprender”.

 

1. Estar consciente das exigências atuais do mercado e introduzir em sala de aula conhecimentos compatíveis com essas exigências;
2. Despertar o interesse do aluno pelo conteúdo apresentado;
3. O professor deve saber aproveitar o conhecimento dos alunos em sala de aula, fazendo com que os mesmos interajam e dessa forma equiparem os seus conhecimentos;
4. Saber ouvir os alunos e identificar quando os mesmos precisam de ajuda;
5. A fim de facilitar a aprendizagem, os professores precisam ser capazes de resumir o conteúdo e apontar os tópicos mais relevantes de determinado assunto. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso:

 

“Eu acho que também assim, o professor que lida com matéria que é muita teoria, tem que aprender a fazer resumo, se ele que é o professor, que entende mais a matéria, não sabe quais os fatores mais importantes”.

 

1. Ser solícito, prestativo e ajudar os alunos;
2. Passar o conteúdo de forma simples;
3. Amar o que faz;
4. Ser inteligente;
5. Ser sincero: quando não souber responder a determinada pergunta, ser sincero com os alunos e dar um retorno sobre a dúvida em outra ocasião;
6. Dominar o conteúdo;
7. Ser humilde. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 8ª fase do curso.

 

“Acho que assim, acima de tudo não pode na sala de aula desrespeitar, menosprezar assim, porque tem professor que ...eles se acham superiores porque tem mais conhecimento, não pode ter essa questão do orgulho, ele mais inteligente do que a gente, só que não pode querer se achar mais do que a gente, tem que ser humilde”.

 

1. Ter iniciativa, ser proativo;
2. Conhecer quem são seus alunos, se interessar pelas particularidades de cada um.

 

4.2 MÉTODOS DE ENSINO APLICADOS – CONSIDERAÇÕES

 

Os alunos citaram diversos métodos que facilitam seu aprendizado, são métodos que em geral possibilitam que eles interajam entre si e com o professor, coloquem o que aprenderam na teoria em prática e transformam o ensino em uma tarefa mais dinâmica e divertida.

1. Dinâmicas de grupo;
2. Relacionar a teoria com a prática, através de visitas técnicas, vídeos ou estudos de caso;
3. Apresentações, seminários: os alunos tomam o lugar do professor em sala de aula. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Pra mim teve um professor de português que por um lado assim o método que ele usava fazia com que a sala inteira aprendesse, porque ele fazia com que os alunos dessem a aula, separava cada capítulo para cada aluno, e cada aluno via um método mais fácil de interagir a turma e fazia com que eles aprendessem ao mesmo tempo. E daí no final do semestre tinha a avaliação do capítulo inteiro com as partes que todos apresentaram”.

 

1. Professores que envolvem a turma fazendo perguntas sobre o conteúdo lecionado;
2. Utilizar exemplos que possam ser relacionados ao dia ao dia dos alunos;
3. Professores que pedem que os alunos participem os chamam no quadro pra resolver atividades, os envolvem de fato no processo de aprendizagem;
4. Realização de exercícios em sala de aula, para fixar o conteúdo e tirar dúvidas. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 3ª fase do curso:

 

“Exercício também é importante, por exemplo, o professor de matemática, tem professor que passa o conteúdo, beleza, até certo ponto você entende. Mas se ele não bota um tipo de exercício, você não vai saber resolver, por mais que você não tenha entendido a matéria. Eu acho interessante fazer esse tipo de exercício, tanto em estatística, contabilidade, os professores costumavam fazer uma lista de exercícios e isso faz com que as pessoas acabem tirando as dúvidas, porque só com a explicação do quadro às vezes você não vai ter dúvida”.

 

1. Mostrar não só a forma correta de determinados assuntos, mas mostrar também os erros que podem ocorrer;
2. Disponibilizar o material antes da aula. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 7ª fase do curso, sobre o que considera um professor eficiente:

 

“Foi que nem um professor comentou acho que foi até nesse semestre, né? - A ideia era que o aluno já viesse pra sala sabendo do assunto que vai ser passado, pra só ter o entendimento final – Tipo assim, fazer a leitura anteriormente, a vinda pra cá, e quando ele chegar aqui, tu já vai saber tudo o que ele está passando e só vai encaixar”.

 

4.3 O QUE OS PROFESSORES NÃO DEVEM FAZERM EM SALA DE AULA – CONSIDERAÇÕES

 

Os discentes mencionaram inúmeras características que os bons professores jamais devem demonstrar ou fazer em sala de aula, em geral são atitudes que desmotivam o aluno, ou que os levam a ter receio do professor, influenciando negativamente no processo de aprendizado:

1. Não fazer aulas repetitivas, utilizando sempre os mesmos métodos;
2. Não falar sobre a vida pessoal, a não ser que o assunto tenha relação com o conteúdo que está sendo lecionado;
3. Desrespeitar o aluno: no sentido de destratar os alunos; fazer brincadeiras de mau gosto; fazer comparações com outras turmas, pois os alunos se sentem depreciados e desmotivados. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 7ª fase do curso:

 

“É porque até nas questões que a gente perguntava ele era bem arrogante, tinha dúvidas, a gente tinha dúvidas, ia lá questionava ele era muito arrogante, chegava a ser estupido, aí tirar dúvidas no trabalho, a gente em grupo, ficava com medo de chegar no professor, ficava aquela briga para ver quem ia... todo mundo com medo de chegar nele, porque a gente já sabia que ia chegar lá e ia levar esporro. Querendo ou não tu vais sendo obrigada a ir pra aula, para não perder a matéria né, mas fica aquela coisa, assim negativa da matéria”.

 

1. Não saber separar o lado profissional do pessoal;
2. Intolerância;
3. Discutir com aluno;
4. Não cumprir com o que promete: por exemplo: prometer pontos ao final do semestre por realização de alguma tarefa ou trabalho por parte da turma e não cumprir ou diz que um determinado conteúdo fará parte da prova e isso for fim não acontece;
5. Professores que falam mal uns dos outros;
6. Cortar o aluno quando ele está tentando participar de uma aula;
7. Professores que não conseguem passar o conteúdo aos alunos;
8. Não planejar a aula;
9. Aulas com muito conteúdo, onde o professor permanece somente fazendo leitura de slides;
10. Não tirar dúvidas dos alunos. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 8ª fase do curso, sobre o que o professor jamais deve fazer em sala de aula:

 

“Também acho o mesmo, acho que assim também uma coisa que pra mim é muito ruim, aquele cara que faz uma pergunta e pode não saber responder, ou não responder amanhã, mais deixar aquela dúvida pra sempre. Acho que ninguém tem a obrigatoriedade de responder agora, ou daqui um dia ou dois, mas para sempre, não, acho que os professores têm que ir atrás e trazer a resposta pra ti, nem que demore um mês, mas que traga a resposta entendeu, eu acho que é isso”

 

• Demonstrar desinteresse;
• Tom de voz muito alto;
• Não olhar para o aluno durante a aula;
• Falta de confiança ao passar o conteúdo;
• Esquecer que está ali para servir de exemplo;
• Dar sermão, pois, dispersa a atenção de quem estava prestando atenção na aula;
• Tratar os alunos com desigualdade. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 7ª fase do curso:

 

“Facilitar para alguns alunos e para outros não. Ele é um bom professor assim, é legal até o professor que tem aquela flexibilidade, o cara não entregou o trabalho, teve talvez algum motivo coerente, para não ter entregue na data, sendo que teve prazo para fazer. Porém pode acontecer, a gente sabe que acontece imprevistos.  É legal ter essa flexibilidade, mas se é para ter que tenha isso disseminado a todos assim, ne? Não porque tem mais afinidade com aquele, aí vou ser mais maleável com esse aqui. Acho que é assim, é critério que vale pra todos né?”.

 

4.4 CONSIDERAÇÕES RELEVANTES DOS RESPOSNDENTES

 

É importante salientar que todos os alunos, independente da fase em que se encontravam, afirmaram que para ser um bom professor, ter empatia não é um pré-requisito, porém esta influência de forma direta e positiva na aprendizagem. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Olha, na minha opinião, um professor simpático, querido e que seja dinâmico, tu vai sim ter mais facilidade de aprender, porque ele vai conseguir prender mais a sua atenção, só que eu acho que o professor não precisa se desdobrar pra conseguir fazer isso. Até porque a gente já veio aqui pra isso. O professor tem que ser eficiente e não é um sorriso no rosto dele que vai dizer se ele é eficiente ou não, que ele sabe o que está passando no quadro. Se ele está ali na frente é por que com certeza ele sabe o que ele está fazendo, porque a universidade não ia contratar qualquer um. Pro trabalho dele ser melhor desenvolvido ele tem que sim, ter um ótimo humor, ser uma pessoa agradável. Agradável é o mínimo que ele tem que ser”.

 

Os alunos comentaram também, que muitas vezes o professor pode não ser excelente, mas se houver uma empatia entre o professor e o aluno e principalmente se houver uma demonstração por parte do professor, que este se preocupa com seus alunos como pessoas, tanto em sala de aula, como fora dela, os alunos se esforçarão mais para aprender e terem um bom desempenho, pois não querem decepcionar o professor. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Eu acho que o aprendizado também vem de afinidade. O professor que deixa mais divertido automaticamente ele consegue o carinho dos alunos então fica mais fácil para aprender com ele, e tu aceita mais, já que tu gostas dele, tu prestas mais atenção”.

 

De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 8ª fase do curso:

 

“Só que depende, quando você está mais cativado pelo professor, quando você se sente mais cativado pelos professores ou você tem mais afinidade, você presta e a matéria se torna interessante porque você presta mais atenção. E quando... o cara já é arrogante, o cara não cativa a sala, não mostra interesse, tanto por conteúdo ou sei lá, pela pessoa dele mesmo, você já não presta tanta atenção na aula. E se o cara já é, vamos supor, é querido e ele vai de uma forma e outra tentando levar a disciplina de uma forma mais dinâmica vamos dizer assim, mesmo não sendo tão interessante a aula dele, tu já vais mais prestando atenção, mais motivado”.

 

Os alunos percebem facilmente quando o professor está, ou é desmotivado, em geral esses professores são mal humorados, antipáticos, não se preocupam com o aprendizado dos alunos, demonstram nitidamente que não gostam do que fazem e não esclarecem as dúvidas dos alunos. Da mesma forma quando o professor é motivado e demonstra que gosta do que faz, os alunos tendem a prestar mais atenção no conteúdo lecionado.

Foi discutido que as próprias instituições de ensino deveriam possuir requisitos mais criteriosos na escolha do professor, além de fiscalizar o processo de ensino-aprendizagem, motivar o professor e proporcionar meios para que ele se atualize.

Os alunos concordam que tem um papel primordial nessa questão motivacional em relação ao professor, prestar atenção, interagir, dedica-se e respeitar o professor são atitudes que, na visão dos discentes podem ser motivadoras para o professor.

Uma dificuldade percebida pelos discentes é que muitas vezes o professor tem um nível de conhecimento demasiado alto, porém precisam explicar algo simples, dessa forma se torna inviável para o aluno conseguir acompanhar de forma clara e objetiva a explicação do professor, que tem uma linguagem muito mais complexa e avançada. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 7ª fase do curso:

 

“Eu concordo com ele, tem muito professor que tem um conhecimento bastante elevado, mas a forma com que ele repassa o assunto, talvez até utilizando termos que algum aluno não conheça e acaba ficando uma aula muito complexa. Porem também tem um outro lado, uma outra visão que é o que... vamos supor, o aluno o curso que ele procura obviamente ele deve saber o que vai está aprendendo ali, algo assim, vamos supor a mesma coisa que o aluno fazer um curso de comércio exterior e não falar inglês. Está totalmente perdido né... não tem”.

 

Os discentes têm consciência de que eles são parte integrante do processo de aprendizagem. O professor pode ser motivado, saber passar o conteúdo, enfim ter todas as características que os alunos consideram essenciais em um bom professor, porém se a turma não colaborar, não participar, o professor se tornará desmotivado. O aluno para aprender depende de seu próprio esforço e interesse, portanto, se não houver essa colaboração não haverá aprendizado, independente da competência do professor. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Assim, deixa eu deixar uma coisa bem clara, as vezes, pra ser um bom professor nem depende dele, depende da escola, do colégio da faculdade, vamos supor, a faculdade ou o colégio que ele está proporcionando esse emprego pra ele, que faça coisas diferentes, entendeu? Será que ele tem uma motivação para vir da aula, será que ele tem aquela vontade de vir ensinar pros alunos, será que os alunos tão deixando ele ser dinâmico. Talvez ele chegue na sala de aula e fique aquela coisa meio constrangedora assim, porque está todo mundo conversando, ele quer tentar fazer uma aula dinâmica mas ninguém deixa, talvez desde o primeiro dia de aula. Na nossa sala, é impossível, tá? É impossível... tem professor que chega lá e não tem vontade de dar aula, entende? Eu sei disso, porque a maioria dos professores chegam na nossa sala e não querem dar aula, então foi desde o primeiro semestre assim, porque a gente conversa demais”.

 

Por mais que o professor se preocupe com os seus alunos, seja flexível e se coloque no lugar deles, os alunos precisam de um professor que consiga exercer o papel de líder dentro de sala, o professor precisa servir de exemplo e se fazer ser respeitado para que haja um bom aproveitamento das aulas. Os alunos entrevistados afirmaram não respeitar os professores que não os cobram quanto a ter um comportamento adequado em sala de aula ou ao prazo de entrega de trabalhos. Os próprios alunos afirmaram que o professor que dá muito liberdade ao aluno, não é um bom professor, este deve impor certos limites à turma. De acordo com o depoimento de um aluno respondente da 1ª fase do curso:

 

“Ele tem que impor a autoridade que ele tem, querendo ou não ele tem uma autoridade maior pra ele estar levando a turma pra ele, está passando o conhecimento, a gente tem que no caso respeitar a presença dele porque ele está ali não só pelo motivo financeiro, ele está ali... eu acredito que seja por ele gostar de transmitir o que ele sabe para as pessoas, então a gente tem que impor esse respeito, ele está ali e ele está querendo compartilhar com a gente o que que ele aprendeu o que que ele sabe, então nada mais justo do que a gente prestar atenção, interagir, conversar coisas descontraídas também faz parte, é uma coisa boa, só que tem sempre que pensar na parte do respeito pela outra pessoa”.

 

As características que os alunos consideram relevantes na avaliação dos professores são subjetivas, podendo variar de aluno para aluno, porém pode-se perceber através da pesquisa realizada, que os professores que cobram mais, acabam gerando um maior aprendizado dentro de classe e os alunos tendem a considera-lo mais eficaz que um professor que não impõe limites.

Outro fator observado durante a pesquisa é que tanto alunos quanto professores parecem estar demasiadamente preocupados com o fim do processo (a aquisição da nota mínima para a aprovação na disciplina) e pouco focados nos meios (o processo de aprendizagem em si).

O professor que tem a postura de achar que está sempre certo, impondo desse modo seu ponto de vista aos alunos, inibe a participação destes, interferindo negativamente no processo de aprendizagem. Por várias vezes foi citado que os alunos comumente têm medo de fazer perguntas ou interagir com o professor, quando este é uma pessoa muito fechada ou grosseira.

Os alunos dependem dos professores para entender como colocar a teoria em prática no seu dia-a-dia, para isso o professor deve ser capaz de despertar em seus alunos, a curiosidade e a consciência crítica, relacionando o conteúdo com a prática.

Parece haver certo preconceito dos alunos com relação aos professores mais velhos, principalmente os das fases iniciais, eles em geral, relacionam o fator idade com professores desatualizados e desmotivados e pouca preocupação com a aprendizagem.

Não houve diferenças significativas nas questões lançadas, entre os alunos das primeiras e os das últimas fases, estes demonstraram ter as mesmas opiniões, porém os alunos das últimas fases demonstraram estar um pouco mais preocupados com a questão da relação entre teoria e prática, em função de estarem realizando seu trabalho de conclusão de curso (TCC).

Pode-se observar através da realização dos grupos de foco que as características mais relevantes na avaliação dos professores, para os alunos do curso de Administração, vão ao encontro às observações feitas por Godoy (1989), Lowman (2004) e Cunha (1996), os alunos de todas as fases pesquisadas enfatizaram a importância de o professor ter o domínio do conteúdo que leciona, além de conseguir passá-lo de forma eficiente aos alunos, realizar aulas dinâmicas e inovadoras, dar abertura para a realização de perguntas em sala de aula, relacionar a teoria com a prática, ter a capacidade de se colocar no lugar do aluno, ser amigo, compreensivo, preocupado e disponível.

As características mencionadas, vão ao encontro do modelo bidimensional de Lowman (2004), pois, corroboram com a teoria de que o professor eficiente precisa tanto estimular intelectualmente seus alunos como estabelecer uma empatia interpessoal a fim de aprimorar o processo de aprendizagem.

 

5 CONCLUSÃO

 

Através das informações obtidas durante o desenvolvimento deste trabalho é possível observar uma mudança de paradigma no processo de ensino-aprendizagem. Com o advento da era da informação, as mudanças passaram a ocorrer de forma constante e mais rapidamente do que há alguns anos atrás. Em sala de aula os professores precisam acompanhar essas transformações.

Há 20 anos atrás, os alunos sentavam em suas carteiras, enquanto o professor que era a autoridade máxima dentro de sala de aula “imprimia” o conhecimento em suas mentes, os alunos não tinham chance de interagir ou de fazer perguntas.

Atualmente os alunos estão mais críticos e exigentes e através dos grupos de foco realizados, ficaram claras uma série de características que os alunos de Administração, consideram importantes na avaliação dos professores.

Percebe-se uma grande importância na questão da didática, o professor deve ser inteligente, possuir o conhecimento e ter capacidade de passá-lo ao aluno de forma, clara, simples e objetiva, por outro lado a questão da empatia, se torna tão importante quanto a didática no sentido de facilitar o processo de aprendizagem. O professor deve ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com o aluno, ser simpático, solícito, bem-humorado, motivado e acima de tudo amar o que faz.

As características levantadas pelos alunos foram ao encontro das observações feitas por Godoy (1989), Lowman (2004) e Cunha (1996), porém os alunos também enfatizaram a participação deles mesmos e da própria instituição de ensino no processo de aprendizagem.

Sugere-se para trabalhos futuros, pesquisar em outras universidades e cursos, as características relevantes na avaliação dos professores pelos alunos. A fim de se descobrir até que ponto as questões apontadas nessa pesquisa podem ser generalizadas.

 

6 REFERÊNCIAS

 

ARAÚJO, A. O; OLIVEIRA, M. C. Tipos de pesquisa. Trabalho de conclusão da disciplina Metodologia de Pesquisa Aplicada a Contabilidade - Departamento de Controladoria e Contabilidade da USP. São Paulo, 1997.

 

ANTUNES, C. Professores e Professauros: Reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas.5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

 

CUNHA, M. I. O bom professor e a sua prática. Campinas: Papirus, 1996.

 

GODOY, A.S. Ambientes de ensino preferidos por alunos de 3º grau. Um estudo comparativo. 1989. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

 

LOWMAN, J. Dominando as Técnicas de Ensino. São Paulo: Atlas, 2004.

 

RICHARDSON, R.J. et al. Pesquisa Social: metódos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

 

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2006.

 

VERAS, M. (Org.). Inovação e métodos de ensino para nativos digitais. São Paulo: Atlas, 2011.