13/11/2013

USP: alunos detidos relatam agressão da PM e negam participação na invasão

Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, 23 anos, preso durante reintegração de posse do prédio da reitoria da USP, zona oeste de SP Foto: Taba Benedicto / Futura Press Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, 23 anos, preso durante reintegração de posse do prédio da reitoria da USP, zona oeste de SP Foto: Taba Benedicto / Futura Press

Os dois estudantes da Universidade de São Paulo (USP) presos pela Polícia Militar durante a reintegração de posse da reitoria negam ter cometido crimes e alegam que sofreram agressões antes de serem levados à delegacia. Alunos de filosofia, Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, 23 anos, e João Vitor Gonzaga, 27 anos, são acusados de formação de quadrilha, furto qualificado e danos ao patrimônio público - um conjunto de penas que impede a eles o pagamento de fiança para serem liberados. Eles estão detidos desde ontem e devem ser encaminhados ainda nesta quarta-feira para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osaco.

Os alunos relataram que não tiveram participação na invasão do prédio da reitoria e disseram que foram detidos injustamente. Em depoimento, eles afirmaram que participavam de uma confraternização na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e deixaram o local no momento em que a Tropa de Choque entrou na Cidade Universitária para cumprir a reintegração de posse. Por volta das 5h de terça-feira, quando muitos estudantes deixavam o local - alertados por colegas que viram a chegada dos policiais -, eles foram encontrados e detidos em flagrante.

 

Grupo de estudantes realiza uma vigília desde a noite de ontem em frente ao 91º Distrito Policial na Vila Leopoldina Foto: Marcos Bezerra / Futura Press Grupo de estudantes realiza uma vigília desde a noite de ontem em frente ao 91º Distrito Policial na Vila Leopoldina Foto: Marcos Bezerra / Futura Press

No momento da prisão, ambos afirmaram ter sido alvos de socos e pontapés, além de ter sofrido tortura psicológica por parte da PM. Eles foram encaminhados ao 93º Distrito Policial, na zona oeste de São Paulo, e prestaram interrogatório negando qualquer responsabilidade pelo furto de equipamentos e depredação registrados pela administração da USP após a ocupação que durou 42 dias. Além dos dois estudantes presos em flagrante, demais pessoas que tenham participado da ação poderão responder pelos crimes de que a dupla foi acusada.

 

"Outros alunos podem responder pelo inquérito que apura a invasão e os danos ao locais da universidade. Todos os que forem identificados como tendo participado vão responder criminalmente", afirmou ao Terra o delegado Celso Lahoz Garcia. Além da punição, ele afirma que estudantes que participarão da ocupação poderão ter de arcar com os custos da limpeza e reforma no prédio. "O Estado, na esfera civil e administrativa, pode punir estudantes e funcionários, pleitear a devolução (do dinheiro gasto) e o pagamento do prejuízo suportado pela universidade.

 

Como o 93º DP não dispõe de carceragem, os estudantes foram levados ao 91º DP, onde estão presos depois de passar por exame de corpo delito no Instituto Médico Legal. Os advogados pedem relaxamento de prisão na Justiça, mas até agora o flagrante foi mantido. Como os crimes de que são acusados ultrapassam o total de quatro anos, eles não podem ser liberados da delegacia mediante o pagamento de fiança. Caso seja comprovado que houve prática de tortura por parte da PM, será instaurado um inquérito para apurar a suposta agressão policial.

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