19/04/2016

Volta aos Velhos Tempos

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br

            A educação pública não tem cumprido seu verdadeiro papel social. Era para ela ser emancipadora e protagônica, mas não tem passado de uma idiotizadora, e isso tem sido o verdadeiro manjar para esta elite podre e usurpadora da dignidade do povo tão sofrido.

            Analisemos a história de nosso país que se deu a base de sangue, suor e lágrimas, muitas lágrimas de mães que perderam seus filhos para os tiranos portugueses e que tiveram suas filhas violentadas pelos mesmos; que vieram a Terra de Santa Cruz para saquear suas riquezas e explorar seus nativos.

            Sangue de negros e índios que foram escravizados já por uma minoria esmagadora.

            Suor dos trabalhadores nordestinos que ajudaram a erguer metrópoles, e hoje são vítimas de preconceitos e xenofobia por “fascistas” camuflados em “homens de bem”.

            Esta mesma elite, não deixa que o povo em sua maioria  conquiste o penhor da igualdade, porque esta igualdade não pode e nunca poderá existir. Justamente porque a educação não prepara o seu povo para isso. Essa mesma educação, prepara apenas para servidão, como em épocas remotas.

            Somos servos de senhores feudais. Isso mesmo, estes políticos que “nos representam” são os senhores de nossas vontades e direitos, e as escolas públicas podem ser comparadas com senzalas a qual fica um amontoado de servos aguardando as ordens.

            O conhecimento algumas vezes se torna angustiante, isso porque nos esclarece e nos mostra as boçalidades realizadas por nossos representantes. Ele nos tira o véu da ignorância e nos alerta para a manipulação e alienação realizada no povo que simplesmente não passa de gado de manobra adormecido em berço esplêndido.

            Mesmos instruídos, muitos não conseguem deixar esta servidão imposta pela elite cancerígena, por estes manipuladores, demagogos e déspotas.

            A maior parte de nossos políticos encontra-se contaminada pelo câncer da corrupção. Estes mesmos políticos sequer tem autoridade moral e ética para representar o povo que o elegeu, mas com esta educação pública falida, isso passa não ser problema, pois encontram-se suporte na mídia que é um vetor para alienação e a prática da nunciopolítica que, brinca com a consciência (ou falta dela) do povo sofredor e esperançoso por um futuro mais promissor.

            O povo tão excluído não é visto como filho desta pátria mãe gentil. Esta mãe gentil tornou-se madrasta extraída dos mais trágicos contos de fada, a qual deixa a injustiça prevalecer, explicita suas preferências pela elite, colocando o povo as margens dos fatos perpetuando de vez as segregações.

            Nossos políticos hoje representam apenas a escória da nossa sociedade, escória esta eleita por seus manipulados néscios, que encontram-se entorpecidos pela ignorância.

            Não podemos acusar nossos representantes de hipócritas, pois de acordo com Nietzsche, o hipócrita ao desempenhar sempre o mesmo papel, acaba deixando de ser hipócrita, logo, a hipocrisia acaba ficando como povo que passa a ignorar os desvios de caráter e a acreditar nas incontinências verbais propagadas por tais representantes.

            O dia que acordarmos dessa hibernação intelectual, o dia que encontramo-nos politizados e educados, conseguiremos mudar a realidade deste povo sofrido e perdido. Conseguiremos fazer com que o sonho de uma cidadania crítica seja uma realidade vivenciada por todos com a certeza da justiça, e perceberemos de acordo com Nietzsche que o homem é um ser mau e corrupto por natureza, e que com uma educação de qualidade, conseguiremos converter esta situação, fazendo com que os educandos aprendam e desenvolvam um  caráter fundamentado na ética.

            Maquiavel já dizia que o agir humano se condiciona pela necessidade. Necessitamos de uma educação de qualidade, mesmo que o sistema corruptor imponha esta sofrível educação, cabe a nós educadores, divergimos desta manipulação e trabalharmos o protagonismo em nossos alunos.

            De acordo com Maquiavel, o povo é uma matéria que aguarda a sua forma, então, vamos dar uma forma digna para nossos educandos. Não vamos deixá-los virar massa de manobra para esta elite. Vamos extirpar este câncer denominado político da sociedade. Vamos escolher corretamente nossos representantes.

            Fujamos a docilidade trabalhada na educação. Fujamos ao conhecimento estéril que serve apenas para gerar estatísticas enganosas ludibriando este povo servil.

            De acordo com Ribeiro (1998) em seu livro Política: quem manda, por que manda e como manda, levanta um corolário (entende-se aqui como uma decorrência imediata de uma teoria ou lei) que esclarece sermos o problema de nosso país, isto é, se nossos representantes são ruins de forma radical, é sinal que nós também assim o somos, pois escolhemos estes mesmos seres vis para nos representar, isso implica em dizer que as mudanças estão em nós primeiro e para mudarmos, precisamos da pedra fundamental que é uma educação de qualidade, isso porque todo poder deve ser emanado do povo e exercido em seu nome, e nunca para fins próprios.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×